Jornal A TARDE || Edição Digital - page 4

ESPECIAL
SALVADOR
QUARTA-FEIRA
1/4/2020
A4
COVID-19
PM vai ajudar prefeitura em
ação contra bares abertos em Salvador
coronavirus.atarde.com.br
PANDEMIA
Para conseguir informações precisas e fugir das fake news, brasileiros recorrem a veículos tradicionais
DESINFORMAÇÃOSOBRE CORONAVÍRUS
REFORÇACONFIANÇANO JORNALISMO
“O jornalismo
tem tido esse
trabalho de
apontar o que
é mentira”
RICARDO PEDREIRA, diretor da ANJ
ANJ / Divulgação
RODRIGO AGUIAR
Em tempos de pandemia, a
desinformação se espalha
tão rapidamente quanto o
novo coronavírus. E o jor-
nalismo profissional ofere-
ceumserviçopúblicodepri-
meira necessidade, a exem-
plo de profissionais de saú-
de e da segurança, fabrican-
tes de equipamentos médi-
cos e entregadores, compara
Fernando de Yarza Ló-
pez-Madrazo, presidente da
Associação de Jornais e Edi-
tores (WAN-Ifra), em artigo
recente.
Se ainda não há uma va-
cina para combater o vírus,
o antídoto contra as fake
news é antigo e conhecido. É
o que apontam recentes le-
vantamentos, no Brasil e no
mundo.
Confiança
Conforme pesquisa Datafo-
lha divulgada na última se-
mana, jornais e TVs lideram
confiança do público sobre
o novo coronavírus. Segun-
do o levantamento, 56%dos
entrevistados afirmaram
confiar nos jornais impres-
sos; 11% não confiam; 25%,
emparte; e 8%não utilizam
esse meio de comunica-
ção.
Nos Estados Unidos, 18%
da população adulta está
mais desinformada sobre a
pandemia por preferir
acompanhar o noticiário
nas redes sociais e não por
organizações da imprensa,
revelaestudodoPewResear-
ch Center.
“A pesquisa Datafolha
confirma aquilo que aANJ já
enxerga há muito tempo: a
informação jornalística tem
altíssima credibilidade,
principalmentesecompara-
da a informações que cir-
culam em redes sociais, em
mídias como Facebook, etc.
E isso fica ainda mais evi-
dente em momentos como
Laryssa Machada / Ag. A TARDE
Segundo levantamento
do Datafolha, 56% dos
entrevistados confiam
nos jornais impressos
esse que estamos vivendo,
quando a informação corre-
ta sedestaca comoelemento
essencial no dia a dia das
pessoas”, diz Ricardo Pedrei-
ra, diretor-executivo da As-
sociaçãoNacional de Jornais
(ANJ).
“Aspessoasqueremterab-
solutasegurançasobreas in-
formações a respeito da
doença, da prevenção, o que
as autoridades estão dizen-
do. E nessemomento se pro-
va o fato de que a informa-
ção jornalística é um porto
seguro para buscar orienta-
ção correta”, acrescenta.
Além de produzir infor-
mação com base em fontes
confiáveis, a imprensa cada
vez mais concentra esforços
na checagem de material
que circula em aplicativos
como oWhatsApp, emgran-
de parte das vezes para des-
mentir fake news, ou notí-
cias falsificadas.
“O trabalho de checagem
orienta as pessoas a não em-
barcar emcanoas furadas. O
terreno da desinformação
geralmente é a crença em
alguma coisa sensacional,
uma informação que não se
tem ideia de onde veio. A
gente vê muito isso nos gru-
pos de WhatsApp. O jorna-
lismo tambémtemtido esse
trabalho de apontar o que é
mentira”, afirma o diretor
da ANJ.
Aumento nos acessos
Ricardo Pedreira ressalta
aindaoaumentoobservado,
nasúltimas semanas, nonú-
mero de acessos nos portais
e sites de grandes grupos de
comunicação
(veja mais na
próxima página
).
“Vale a pena acrescentar
que as grandes marcas jor-
nalísticas estão alcançando
índices de audiência espe-
taculares nas suas platafor-
mas digitais. É nessas mar-
cas que as pessoas confiam”,
destaca.
De acordo com auditoria
feita pelo Instituto Verifica-
dor de Comunicação (IVC)
entre 15 e 21 de março, os
sites dos maiores jornais e
revistas do país registraram
um crescimento médio de
40%nas métricas auditadas
(números de visitantes, pá-
ginas vistas e sessões) em
relação à semana anterior.
Dados do IVC apontam
ainda que a maior procura
pelos sites de jornais e re-
vistas começou no dia 12 de
março, quando teve início o
aumento mais acelerado no
número de casos de pessoas
infectadas nopaís pelonovo
coronavírus.
Fake news atingem42,5mi de pessoas
UmapesquisadaPSafe, star-
tup brasileira que desenvol-
veaplicativosparacelulares,
indica que pelo menos um
em cada cinco brasileiros já
foi alvo de fake news sobre o
novo coronavírus.
Aestimativaéque42,5mi-
lhões de brasileiros já rece-
beram ou acessaram infor-
mações falsas sobre a doen-
ça, que incluemdesdeavisos
falsos sobre medidas ado-
tadas pelo governo até re-
ceitas que prometem evitar
o contágio.
Em alguns casos, o risco à
saúde é real. No Irã, mais de
40 pessoas morreram por
beber álcool adulterado
acreditando em um boato.
Além das fake news, mul-
tiplicam-se os números de
golpes relacionados à Co-
vid-19.
Golpes
Na maioria das vezes são
criados falsos sites para con-
seguir dinheiro das vítimas,
aponta Emilio Simoni, dire-
tor do
dfndr lab
, laboratório
especializado em segurança
digital da PSafe.
“Têmaparecido de cinco a
dez golpes por dia, a maior
parte relacionada à libera-
ção dos recursos anuncia-
dos pelo governo federal.
Sãocriadossites falsoserou-
bados dados pessoais. É
mais comum que seja espa-
lhado pelo WhatsApp, por-
que o criminoso percebe
que a própria vítima pode
compartilhar com outras
Golpes já foram
enviados a
mais de 2
milhões de
brasileiros,
diz pesquisa
pessoas”, diz.
Foram identificados pelo
laboratório pelo menos 19
golpes e seis aplicativos ma-
liciosos queusamaCovid-19
e o período de quarentena
para oferecer falsos benefí-
cios para a população.
Entre as falsas ofertas, es-
tão kits de máscaras e álcool
emgel, assinaturasgrátisem
serviços de streaming, lan-
ches gratuitos, exames pela
internet eatépagamentoex-
traparabeneficiáriosdoBol-
sa Família. Juntos, esses gol-
pes já atingiram mais de
dois milhões de brasileiros,
de acordo com os números
mais recentes do
dfndr lab
.
Para se proteger de golpes
e fake news, os usuários de
redes sociais e aplicativos
devem desconfiar de infor-
mações sensacionalistas e
buscar fontes confiáveis, co-
mo o Ministério da Saúde,
jornais e sites, para confir-
mar se aquilo é realmente
verdadeiro.
É preciso ter cuidado ao
clicar em links compartilha-
dos no WhatsApp ou nas re-
des sociais, e antes de enviar
para contatos informações
sobre a pandemia. Na dú-
vida, há também analisado-
res de links e soluções de
segurança que detectamfal-
sas notícias.
Pedreira: informação jornalística é porto seguro
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