Página 9 - EspecialConsciênciaNegra

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HILwÐLIy syLw×i
Elas não ganham cifras milio;
nárias correndo atrás da bola8
Mas, por um caminho inusi;
tado, cinco jogadoras de fute;
bol do time baiano São Fran;
cisco do Conde já percorreram
a trilha da mobilidade social8
Em 2998, Míriam, Cisne, Gil;
mária, Ninha e Drica ajudaram
a seleção da Guinî Equatorial a
ser campeãdaCopaAfricanade
Nações8
Oanoera2998epelomenos
três delas conseguiram realizar
o sonho da casa própria8 Foi a
África, continente dos seus an;
cestrais, que devolveu
à
goleira
M
í
riam Silva da gaix
ã
o, 31
anos, e
à
centroavante Jussara
Souza Neves (Cisne), r9 anos,
a dignidade que parecia per;
dida no processo de desigual;
dade social. Adriana Parente
(Drica), 32 anos, hoje joga na
R
ú
ssia e tambîm conseguiu
mudar a vida da fam
í
lia no wra;
sil. Gilmária e Ninha evitaram
entrevistas.
Agora africanas naturaliza;
das, todas ficam impedidas de
jogar pela Seleç
ã
o wrasileira.
Mas pelo menos duas delas se
d
ã
o por satisfeitas com o que
conquistaram atî aqui. Com o
dinheiro do prêmio, em torno
deUS$59mil,M
í
riamcomprou
uma casa em S
ã
o Francisco do
Conde, munic
í
pio que financia
o time onde treina atî hoje.
×Sou de Salvador, mas quis
comprar a casano lugar queme
deu esta oportunidade
, diz.
Atuando como goleira da Se;
leç
ã
o da Guinî Equatorial, ela
passou quase um mês na Áfri;
ca. ×Foi estranho. Lá î tudo
diferente daqui, mas fomos
bem recebidas
, conta.
Mobilidade social
Cisne, comprou a casa da m
ã
e,
e realizou um sonho de juven;
tude: ter uma moto. ×Morava
numa palafita no Lobato e ho;
je, se minha m
ã
e tem uma ca;
sa, agradeço ao futebol
, afir;
ma. Aos r9 anos, ainda n
ã
o
pensa em se aposentar.
É
que
DtTtfMINyÇ×i
Sem obter reconhecimento no pa
í
s de origem,
jogadoras do S
ã
o Francisco do Conde se naturalizaram africanas
Mulheres
driblam
preconceito
MtIft iLIVtIfy
A apreens
ã
o na estreia do co;
mando de uma partida pela
Federaç
ã
o waiana de Futebol
(FwF) marcou a primeira expe;
riência com a discriminaç
ã
o de
Daniela Coutinho Pinto, 28
anos, negra e
ú
nica árbitra
baiana do quadro da Fifa.
Se outras mulheres baianas
jáhaviamconquistadoodireito
de mostrar a habilidade no do;
m
í
nio da bola, Daniela agora
abria caminho no posto da
maior autoridadeemcampo.O
ano era 2995 e na partida se
enfrentavamos times S
ã
oGon;
çalo dos Campos e S
ã
o Fran;
cisco do Conde. Escalada como
Assistente1,Danielaassumiuo
jogo, na falta do árbitro.
Embora a substituiç
ã
o fosse
leg
í
tima, n
ã
o agradou
à
s equi;
pes nem a diretoria da liga.
×Todos diziam que n
ã
o acei;
tavam a atuaç
ã
o de uma mu;
lher na partida. Mas eu estava
disposta a assumir o desafio
,
conta Daniela. Após a partida,
ela foi parabenizada pelos in;
tegrantes dos times.
Com determinaç
ã
o, a árbi;
tra, que î natural de Feira de
Santana (munic
í
pio a 199 km
de Salvador), seguiu os passos
do pai: o árbitro Almir dos San;
tos Pinto. Ainda criança ela o
acompanhavanaspartidasque
ele era escalado para apitar.
Daniela começouna Liga Fei;
rense e chegou
à
FwF em2911.
No ano seguinte, passou a in;
tegrar o quadro de árbitros da
Fifa. ×Aos17anoseuajudavaos
auxiliares e, aos 18 anos, pas;
sei a integrar o quadro da liga.
Com dedicaç
ã
o aos estudos e
muito treino, cheguei
à
Fifa
,
relata.
Preparo
Com a experiência de atuaç
ã
o
em mais de uma centena de
partidas, Daniela afirma que a
situaç
ã
o ainda n
ã
o î ideal,mas
tem melhorado.
×
É
um trabalho que exige
preparo f
í
sico e mental, inclu;
sive com acompanhamento
psicológico. Quem comanda
umapartida já entra emcampo
julgado. Sendo mulher î ne;
cessário provar ainda mais a
capacidade. Mas hoje já somos
vistas como profissionais e in;
vestimos na carreira
.
Daniela concilia a atividade de
árbitra,queexigetreinof
í
sicodiá;
rio, alîm dos estudos de atua;
lizaç
ã
osobreasregrasdofutebol,
com o posto de supervisora na
CompanhiadeEletricidadedoEs;
tado da wahia (Coelba).
ypoio
A colaboraç
ã
o para o universo
do futebol fornecida por `al;
miraSantos, 69anos, î foradas
quatro linhas. Há 22 anos ela
comandaa rotinadacozinhana
sede do Esporte Clube wahia.
×Sou torcedora e queria tra;
balhar no wahia. Rosalina, que
era mais antiga na cozinha, me
levou. Sou louca por esses me;
ninosemesintom
ã
edeles.Tudo
que faço eles gostam e, várias
vezes, faço lancheparasatisfazer
a vontade deles
, conta.
Alîm do alimento f
í
sico, ca;
be tambîm a dona Mira, como
î chamada, o suporte afetivo.
×Eles brincam comigo e quan;
do algum está triste dou con;
selho, faço uma brincadeira e
passa. Quando estou de ‘bico’,
eles fazem o mesmo
, diz.
Uma lembrança que guarda
comcarinho î da festa surpresa
que ganhou dos jogadores ao
completar r9 anos. ×Cantaram
parabîns, trouxeram bolo. To;
dos me abraçaram e eu chorei
muito. Isso me marcou
.
No entanto, os pux
õ
es de
orelha tambîm têm espaço
quando o momento exige.
×Outro dia um me disse que o
cafî estava frio. Disse que n
ã
o
merecia nem quente nem frio,
pois n
ã
o estava jogando direi;
to. Nem assisto jogo para n
ã
o
ficar nervosa, mas digo tudo
que penso para eles
.
Presença feminina ocupa
espaços diversificados
ela acredita que novas opor;
tunidades poder
ã
o surgir.
×Ofutebol aindaîocaminho
mais curto para o negro sair da
misîria, se for determinado
,
opina o treinador do time, Má;
rio Augusto Filgueiras.
Canal demobilidadesocial,o
futebol tem permitido ascen;
s
ã
o socioeconômica para afro;
descendentes de todos os gê;
neros. Mas a mulher sofre pre;
conceito e tem remuneraç
õ
es
baixas.
×Muitas m
ã
es n
ã
o querem
deixar suas filhas treinar conos;
co por preconceito. Dizem que
v
ã
o virar ‘mulher;macho’
,
afirma Mario.
A origemdesta vis
ã
o temex;
plicaç
ã
o no sexismo. ×Quando
a mulher î muito boa no es;
porte, a comparam ao homem
e, neste caso, paraa sociedade,
î como se a mulher estivesse
fora do seu lugar
, afirma a
professora Angela Figueiredo,
coordenadora da Pós Gradua;
ç
ã
o em Ciências Sociais da Uni;
versidade Federal do Recônca;
vo da wahia (UFRw). Segundo
ela, asmulheres que recusamo
padr
ã
o estîtico da fragilidade
amedrontam a sociedade.
txceção
wicampe
ã
o Norte1Nordeste,
11 vezes campe
ã
o baiano e pri;
meiro lugar no ranking nacio;
nal, o time S
ã
o Francisco do
Conde, ex;Gal
í
cia, tem revela;
do talentos para o mundo.
É
o
caso de Elaine Estrela, 31 anos,
que desafiou os pais, integrou
o quadro do time e seguiu car;
reira no futebol.
A projeç
ã
o veio ao conquis;
tar a prata nos Jogos Ol
í
mpicos
de 2998, ao lado de Marta,
cinco vezes a melhor jogadora
do mundo. Conseguiu fechar
contrato nos Estados Unidos e
deixou o wrasil, onde comprou
casa e carro para a fam
í
lia.
Mas histórias de sucesso s
ã
o
quaseexceç
õ
es.Diferentemen;
te dos homens, elas recebem
salários mais baixos, mesmo
fora do Pa
í
s. ×Apesar da qua;
lidade tîcnica, ganham, no
wrasil, no máximo, R$ 6 mil
,
diz Mário. No S
ã
o Francisco do
Conde, recebem salários entre
R$ 399 e R$ 659.
A variaç
ã
o repete umpadr
ã
o
de outras categorias profissio;
nais. ×A diferença de rendimen;
to n
ã
o está associada ao sexo.
Mulheres ganham menos por
terem acessado o mercado de
trabalho mais tarde
, acredita
o supervisor de Disseminaç
ã
o
da Informaç
ã
o do Instituto wra;
sileirodeGeografiaeEstat
í
stica
(IwGE), Joilson Rodrigues de
Souza.
Atleta é destaque
na euécia e trilha
outra carreira
profissional
Era dessas meninas teimosas,
capazesdetudopara jogaruma
partida de futebol. E foi assim,
driblando a repress
ã
o dos pais
¥ que batiamnela toda vez que
ia jogar bola com os meninos
no bairro de Cajazeiras, loca;
lizado emSalvador¥ que fez jus
ao sobrenome. Elaine Estrela,
31anos, jogano Elta, da Suîcia
¥ onde já passou pelo Umeak
e pelo Tyrese ¥ e î titular da
seleç
ã
o wrasileira de Futebol
Feminino.
Começou no Gal
í
cia, atual
S
ã
o Francisco do Conde. Antes
de deixar o wrasil, foi campe
ã
nos Jogos Pan;americanos e
medalha de prata nas Olim;
p
í
adas. No `elho Mundo, ela
concilia treinos noturnos como
trabalho em contabilidade nu;
ma empresa internacional.
Semcontar aatuaç
ã
onapro;
moç
ã
o de eventos. ×O futebol
n
ã
o î para sempre e no wrasil
î pior ainda
, disse Elaine em
entrevista, por telefone.
Entre a produç
ã
o mais re;
cente, está um evento que de;
verá celebrar a Consciência Ne;
gra na Suîcia, no próximo dia
27. ×Terá sambae comida t
í
pica
baiana para reunir os brasilei;
ros aqui
, afirma.
A festa só n
ã
o será hoje por;
que a jogadora estará na Ale;
manha, em viagem de negó;
cios. Sinal de que vêm mais
projetos por a
í
.
HILwÐLIy syLw×i
Time São srancisco do wonde
tem garantido mobilidade
social a mulheres
Daniela apita
média de quatro
jogos por mês
EcbRELx EM
xcvENcÃO
bitular da
seleção
brasileira,
Elaine atua
no Elta, na
cuîcia
pOMEM É
MxIORIx
Dos 2: árbitros
do quadro da
Fifa no wrasil,
29 são
homens
e oito s
ã
o
mulheres
Edmar Melo1xg8 x TxRDE1 928998299r
Luiz Tito 1 xg8 x TxRDE
Raul Spinassî 1 xg8 x TxRDE