Página 5 - Caderno Consci

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SALVADOR
QUINTA-FEIRA
20/11/2014
ESPECIAL
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A
5
GISELE MACHADO,
10, Escola Eugênia
Anna dos Santos
Eu gosto de ser igual a minha mãe.
É superlegal. Conforme eu vou
crescendo, ela vai se tornando a
melhor amiga que eu poderia ter.
Quando a gente é bem
pequenina, somente ela sabe o que
fazer. Também não posso esquecer
meu pai, que faz um papel muito
importante no meu crescimento.
Eles fazemparte domeu dia a dia.
Meu irmão vai me buscar na escola
quase todo dia.
Eu gosto de estudar muito. Gosto
de brincar e também de ser feliz.
Adoro brincar, me divertir e tenho
muitos amigos para o fim de
semana.
Eu me sinto uma criança africana
também porque eu me sinto negra.
Eu gosto de cantar a música da
África que aprendi naminha escola.
Isso me transmite paz.
MENINA FELIZ
EM CASA
E NA ESCOLA
CAMILLY SANTOS,
12, Escola Eugênia
Anna dos Santos
Eu gosto muito de minha mãe
porque ela me leva todo dia para a
escola. Gosto de ser negra porque
gosto muito de minha cor, que é
muito linda. Gosto do meu avô
porque ele gosta de ser negão. Ele
diz: “Essa é uma africana linda”.
Gostomuitodaminhaescolaporque
ela me ensina muita coisa de
africanidades.
Nós apresentamos coisas sobre a
África. Tenho umprofessor africano.
Ele me ensina sobre a África.
Conheço muita música da África.
Gosto dos professores Andreia,
Elson, Patrícia e todo mundo,
porque são pessoas muito especiais
para mim.
Gosto muito da África. Fico muito
triste porque vejo muitos africanos
com fome. Sou uma negra bonita e
especial para muitas pessoas.
Gosto de ser negra porque ser
negranãoé falar queeu soubranca,
porque eu sou negra. Minha vó é
negra, meu avô é negro e minha
família é negra. Gosto de ser negra
e gosto da minha cor.
A CONSCIÊNCIA
NEGRA NA
MINHA VIDA
onde eles foram levados. É por isso que hoje a gente usa a expressão
“diáspora africana” para falar do Brasil e EUA, por exemplo. São países
queestãonaAméricamas têmforte relaçãocomnaçõesafricanas. Jáoutros
lugares ,como França e Inglaterra, no passado dominaram terras na África
e, por isso, ainda hoje recebem muitos africanos e seus descendentes
devido a essa relação histórica. Alémdisso, hoje as pessoas semudampara
trabalhar e estudar, e essa integração entre povos que se sentem irmãos
é forte. As crianças não apenas sentem como sabem falar sobre isso.
Gosto daminha infância. Não gosto quando
me falamqueeu sounovodemais para fazer
algo, como ir para o baba dos brasileiros
(adultos). Gosto de jogar futebol e tocar
percussãobrasileira. Eu toco samba-reggae.
Também gosto de videogames na casa dos
amigos (em casa não tenho), jogar xadrez,
praticar judô. Não gosto de ler, a não ser que
o livro fale de futebol, de Ronaldinho ou de
Neymar... Na turma do judô há ummenino
maior que eu. Não gosto porque ele é
arrogante e me sinto um mosquito que ele
pode esmagar. Também não gosto de um
colega da escola que está sendo racista
comigo. Eu sou diferente dos outros porque
eu não sou da mesma cor. Não me sinto da
mesma “tribo”. Eu acho que o meu amigo
Noé faz mais sucesso porque ele é loiro. Se
você é branco num país de brancos, você é
lindo, mas se você não é branco num país
de brancos, você se sente menos lindo do
que os outros. Meus melhores amigos aqui
na França são um honduro-espanhol e um
francês que não gosta de racistas. Brinco
também com um vizinho argelino-
-marroquino. No Brasil, eume sinto noMEU
país, as crianças são mais simpáticas, me
dou bem com todas.
lho vendendo amendoim nas ruas
de de Tete junto com meu primo
o José. Não vou para a escola por
das dificuldades, mas tenho
ça de que irei nos próximos anos.
nça é ter direitos à alimentação de
de, à educação, à saúde e a uma
Isso deveria ser garantido pelo
para diminuir a quantidade de
s de rua. Acho também que as
s devem respeitar os mais velhos e
os deveres de casa.
Eu tenho a oportunidade de aprender a
fazer muitas coisas novas. Também amo
ler, matemática e ciência. Eu amo
encontrar amigos e pessoas. Gosto de
melhorar a mim própria em tudo que
faço. Meu lugar predileto para ir é o
shopping.
Eu penso que ser uma criança africana em Baltimore significa que tenho a oportunidade de ir
a uma escola melhor. Estudo matemática, inglês e formação cívica. Vamos ao parque infantil.
Gosto de brincar com os meus amigos. Brincamos de pega-pega e esconde-esconde. Eu posso
ir à biblioteca, onde existem muitos livros. Há pessoas trabalhando no computador. Eu tenho
uma cartão da biblioteca e posso tomar livros emprestados. Há menos de um mês, cheguei a
Baltimore de meu país natal, Malawi (África). Desde já tenho aprendido muitas coisas.
Meu nome é Kelis e sou aluna no Northwood Appold
Community Academy do quarto ano. Meus
professores me dão tarefas bem difíceis. Eu sempre
chego à escola preparada com um lápis, folhas de
papel e tudo que preciso. Nas minhas tarefas de
leitura, tenho que escrever cinco parágrafos com
detalhes excelentes. Ler é divertido! Na minha escola
vamos a excursões e fazemos atividades divertidas,
como levantamento de fundos, doações de alimentos
e competições ortográficas.
Ser um afro-americano em Baltimore
City é duro. As pessoas te julgam.
Acredito que você não tem que se
tornar produto do ambiente em que
vive e pode escolher ser diferente. As
pessoas podem dizer que é divertido
crescer aqui,mas dependedequando
você cresceu. Os tempos e as pessoas
têm mudado. De algumas coisas eu
gosto. Uma é ir aos mercadinhos do
bairro. Eles têm todos os doces.
Também gosto de nadar no Parque
Druid Hill no verão.
Meu nome é Zuri Vipa Sueksagan Moses.
Meu pai nasceu na Tanzânia e minha mãe,
na Tailândia. Eu e meu irmão menor, Parris,
somos afro-americanos e nossa vida tem
nos oferecido muitas lições sobre como
devemos nos defender e a importância de
compartilhar tudo coma nossa família. Meu
avô é Robert Parris Moses e minha avó é
Janet Jemmott Moses. Conheço bem a
história longa que o povo africano tem
passado, porque meus avós faziam parte do
movimento dos direitos civis. A vida do
meu pai, quando era jovem, foi dura. Ele e
minhas tias emeu tioeramricos emespírito,
porém não tiveram muito dinheiro. Ouvi
histórias de policiais brancos que borrifaram
spray de pimenta nos olhos dele. No início,
quando minha família se mudou para
aqui, eles eram tratados com injustiça e,
às vezes, ainda são. Recentemente, um
jovem negro foi morto em Ferguson,
Missouri. Parris e eu ficamos muito
preocupados e não parávamos de fazer
perguntas. A primeira pergunta que eu fiz
foi: “Painho, por que o policial atirou nele?”.
“Racismo”, foi a resposta.
DANIEL SHIELDS,
8
ANOS, BALTIMORE,
MARYLAND, EUA
ZURI VIPA SUEKSAGAN MOSES,
10 ANOS, MASSACHUSETTS, EUA
YAMIKANI NDALAMA,
8 ANOS,
BALTIMORE, MARYLAND, EUA
ÂNGELO DA CONCEIÇÃO,
10 ANOS, LION, FRANÇA
ALISHA STITH,
8 ANOS,
BALTIMORE, MARYLAND, EUA
KELIS BROWN,
9 ANOS,
BALTIMORE, MARYLAND, EUA