Página 3 - Caderno Consci

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SALVADOR
QUINTA-FEIRA
20/11/2014
ESPECIAL
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3
EDITORIAL
MãeAninha(1869-1938),
fundadora do Ilê AxéOpô
Afonjá, disse certa feita
que todo negro com anel
de formatura no dedo
de veria colocá-lo aos pés
de Xangô.
A frase era para
mostrar o quanto era
difícil, na época em que
ela viveu, o acesso de
pessoas negras à escola.
O Brasil mudou deste
entãoehojetematéuma
lei – 10.639/2003 – que
manda ensinar em todas
as escolas história da
África e cultura afro-
-brasileira.
A lei tenta fazer com
que se aprenda mais
cedo a importância dos
povos africanos e seus
descendentes para a
formação de países
como o Brasil.
Mas parte da popu-
lação negra ainda tem
seus direitos desres-
peitados no Brasil,
embora resista. E a
educação é um instru-
mento poderoso para
combater essas injus-
tiças.
Não é à toa que o
terreiro fundadopormãe
Aninha tem uma escola
que leva seu nome. A
instituição é uma das
referências na aplicação
da Lei 10.639/2003.
Duas de suas alunas,
Camilly, 12 anos, e Gisele,
10, inclusive, nos ajuda-
ramaconstruiresseespe-
cial. Ao lado de Renata,
14anos,eLeonara,9,que
estudam na Parque São
Cristóvão, outra escola
referência na aplicação
da lei, elas participaram
de uma oficina na re-
dação do jornal.
APRENDIZADO
Essas meninas nos en-
sinaram, dentre outras
coisas,aformaadequada
para ouvir crianças sobre
os caminhos para com-
bater o racismo. O resul-
tadodessas histórias está
neste caderno. Ele traz,
em destaque, depoi-
mentos da garotada de
outros países, jogos e
interatividadecomoblog
Mundo Afro.
(mundoafro.atarde.com.br).
Decidimos até assinar
nosso trabalho com fotos
da época emque éramos
crianças festejando, de
forma lúdica, nossa 12ª
edição.Eolhaquebarato:
12 é o número de Xangô,
santo de mãe Aninha e
que a tradição aponta
como pai dos Ibejis. O
culto a esses deuses-
-meninos nos ensina que
criançachegaaondeadul-
tos nem sempre conse-
guem. Um bom alerta
para escutá-las.