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Desenvolvimento territorial: a experiência do Território do Sisal na Bahia
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Bahia anál. dados, Salvador, v. 23, n. 3, p.567-585, jul./set. 2013
das fibras do sisal e do caroá, onde são vendidos
aos visitantes e à comunidade os produtos feitos
pelos artesãos associados. Apesar do sucesso al-
cançado com as atividades econômicas, a Apaeb-
-Valente nunca esqueceu sua função social. Desde
2007, as ações ambientais/
socioculturais da associa-
ção foram assumidas pela
Fundação Apaeb. (FUNDA-
ÇÃO APAEB, 2011, p. 5). A
Apaeb-Valente seguiu ativa
por meio de suas ações econômicas e essa inde-
pendência institucional permitiu a consolidação das
ações ambientais, educativas, culturais e sociais
(FUNDAÇÃO APAEB, 2011). Apesar dessa auto-
nomia institucional, a Apaeb-Valente e a Fundação
Apaeb prosseguem conjuntamente desenvolvendo
atividades/ações com “a missão de promover a
sustentabilidade da agricultura familiar nos Territó-
rios do Sisal e da Bacia do Jacuípe”. Atualmente,
a Fundação Apaeb tem projetos/ações em 15 dos
20 municípios do Território do Sisal, “beneficiando
as comunidades locais” (SILVA, 2012; SILVEIRA;
WANDERLEY; CUNHA, 2005).
Cooperativas de crédito: uma alternativa de
financiamento
Nos últimos 20 anos, as cooperativas de crédi-
to têm obtido um notável destaque no Território do
Sisal. Para Magalhães e Abramovay (2007, p. 116),
“a criação das cooperativas de crédito [no sertão
baiano] provocou um rompimento do mercado fi-
nanceiro local com o ambiente [...] tradicional, base-
ado em vínculos personalizados e clientelistas [...]”.
Esse longo processo instituiu as condições para a
emergência de novas estruturas sociais e de novas
bases institucionais para o desenvolvimento de um
mercado alternativo de crédito e financiamento. No
Território do Sisal, a atividade das cooperativas de
crédito tem provocado uma maior dinamicidade,
impulsionando a economia local e as atividades do
espaço rural (RIBEIRO; SANTOS, 2010).
Nesse contexto, podem-se destacar as ativida-
des de quatro cooperativas de crédito no Território
do Sisal – Ascoob Serrinha, Itapicuru e Cooperar,
e Sicoob Coopere. As três primeiras cooperativas
de crédito estão vinculadas ao Sistema Ascoob-
-Central, enquanto o Sicoob
Coopere está associado ao
Sistema Sicoob (e ao Ban-
coob). Juntas, essas quatro
cooperativas atendem apro-
ximadamente 40 mil associa-
dos (clientes) em 16 dos 20 municípios que com-
põem o Território do Sisal, concedendo mais de R$
40 milhões em operações de crédito (empréstimos
rurais e pessoais) por ano (ASCOOB ITAPICURU,
2011; SICOOB COOPERE, 2011). De acordo com o
IBGE (Censo Agropecuário, 2006), as cooperativas
de crédito no Território do Sisal respondem por 10%
do crédito total.
É importante ressaltar que o Sicoob Coopere
(com sede no município de Valente) é a maior coo-
perativa de crédito da Bahia e, também, do Norte-
-Nordeste, tanto em número de agências (dez filiais),
como em número de associados ou clientes (cerca
de 15 mil) (em 2010). Além disso, dispõe de uma
moderna estrutura de governança corporativa, com
cláusulas, funções e ferramentas institucionais ali-
nhadas às exigências do Banco Central do Brasil.
Logo, a experiência do Sicoob Coopere, iniciada em
1993 a partir da poupança da Apaeb, influenciou o
território, induzindo a criação de outras experiências.
Atualmente, o Sicoob Coopere tem cinco agências
no Território do Sisal e cinco em outros municípios
do semiárido baiano (SILVA, 2012, p. 202-204).
Em relação às cooperativas de crédito filiadas ao
Sistema Ascoob-Central, temos: a Ascoob Cooperar
(com sede em Araci), a Ascoob Itapicuru (com sede
emSantaluz) e a Ascoob Serrinha (com sede emSer-
rinha). Essas três cooperativas de crédito possuem
13 agências no Território do Sisal (SILVA, 2012). O
diferencial das cooperativas vinculadas ao Sistema
Ascoob-Central, iniciado a partir das ações e ati-
vidades da Ascoob-Associação, é a preocupação
Nos últimos 20 anos, as
cooperativas de crédito têm
obtido um notável destaque no
Território do Sisal