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Filipe Prado Macedo da Silva
Bahia anál. dados, Salvador, v. 23, n. 3, p.567-585, jul./set. 2013
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institucional em negociar financiamentos para o for-
talecimento da agricultura familiar e da economia
solidária. Assim, essas três cooperativas (em Serri-
nha, Itapicuru e Araci) dispõem de microcrédito, de
repasses do Pronaf e de uma
eficiente articulação de assis-
tência técnica para orientar
seus agricultores familiares.
Arranjo Produtivo Local
(APL) do Sisal
Em 2008, o APL do Sisal
foi instituído pela Secretaria de Ciência, Tecnologia
e Inovação do Estado da Bahia (SECTI), no Terri-
tório do Sisal, com a finalidade de “[...] buscar o au-
mento da produtividade, o desenvolvimento de no-
vas tecnologias, o aproveitamento de subprodutos
e a maior industrialização da fibra [...]” (SERVIÇO
BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS
EMPRESAS, 2009, p. 107-108). O APL do Sisal
agrupa produtores agrícolas de sisal, proprietários
de máquinas decorticadoras, beneficiadores de si-
sal, fabricantes de produtos de sisal (ou seja, indús-
trias) e artesãos. Além disso, participam do APL do
Sisal diversos agentes facilitadores (empresas de
logística e comercialização, bancos, cooperativas
etc.) e agentes institucionais (Sebrae-BA, Codes
Sisal, entre outros) (SILVA, 2012, p. 204-208).
Alguns dos agentes envolvidos no APL do Sisal
também fazem parte do Programa Progredir e, por-
tanto, participam de subredes específicas, como a
rede de artesanatos, a rede de agricultores, a rede de
fios agrícolas etc. De acordo com o Serviço Brasilei-
ro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae)
(2009, p. 139) e o Sindicato das Indústrias de Fibras
Vegetais no Estado da Bahia (Sindifibras) (2005), são
os agentes institucionais que influenciam, direta ou
indiretamente, as diretrizes no APL do Sisal, “[...] de-
terminando normas técnicas, padrões de qualidade
e certificação, leis, entre outros”. Nesse cenário, a
governança do APL do Sisal é exercida em três ní-
veis: 1) âmbito regional: Codes Sisal, Arco Sertão,
Apaeb-Valente e Fundação de Apoio aos Trabalha-
dores Rurais e Agricultores Familiares da Região do
Sisal (Fatres); 2) âmbito estadual: SECTI, Sindifibras,
Sebrae-BA, Federação das Indústrias do estado da
Bahia (FIEB) etc., e 3) âmbito
nacional: MDA, Mapa, entre
outros (SILVA, 2012).
Já os agentes facilitado-
res contribuem para o bom
funcionamento do APL do
Sisal (SERVIÇO BRASILEI-
RO DE APOIO ÀS MICRO
E PEQUENAS EMPRESAS,
2009; SILVA, 2012), isso inclui diversos serviços,
como: logística/transporte, comercialização, con-
sultoria, financiamentos, oficinas e manutenção,
treinamentos, pesquisa e desenvolvimento etc. No
caso do APL do Sisal, é ressaltante a atuação do
Sebrae-BA, da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa), da Fundação de Amparo
à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), da Apaeb-
-Valente, do Sicoob Coopere, do Banco do Nordes-
te (BNB) e da Agência Brasileira de Promoção de
Exportações e Investimentos (Apex). O Sindifibras
também é um importante agente facilitador, promo-
vendo ações e projetos para o desenvolvimento do
setor de fibras naturais.
Em suma, o APL do Sisal “[...] é um negócio
que envolve, seguramente, mais de meio milhão
de pessoas em toda a cadeia produtiva [na Bahia]”
(SINDIFIBRAS, 2005, p. 9-10). Apesar da importân-
cia socioeconômica do APL do Sisal e dos vários
esforços empreendidos para articular os agentes da
cadeia produtiva do sisal, o setor sisaleiro no Ter-
ritório do Sisal (e na Bahia) ainda é marcado pela
desarticulação das instituições, pelo baixo nível
produtivo/tecnológico, pela baixa rentabilidade da
lavoura isolada ou consorciada, pelo baixo aprovei-
tamento do sisal etc. Ou seja, inúmeras limitações
históricas ainda perduram no APL do Sisal. “Os
poucos efeitos positivos estão concentrados em al-
guns agentes produtivos e/ou em alguns municípios
[do Território do Sisal]” (SILVA, 2012, p. 208).
O setor sisaleiro no Território
do Sisal (e na Bahia) ainda é
marcado pela desarticulação
das instituições, pelo baixo
nível produtivo/tecnológico, pela
baixa rentabilidade da lavoura
isolada ou consorciada [...]