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Desenvolvimento municipal e eficiência dos gastos públicos na Bahia: umaanálise do IFDMa partir da
metodologia DEA
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Bahia anál. dados, Salvador, v. 23, n. 3, p.553-566, jul./set. 2013
eficientes. As informações dos insumos e produtos
destes podem ser visualizadas na Tabela 2.
Nos gastos com saúde, diferentemente dos
dispêndios em educação, a heterogeneidade é
observada, pois, ao observar os municípios 100%
eficientes, tem-se a presença de municipalidades
de IFDM de referência, como Ipupiara e Campo
Alegre de Lourdes, e outra com índice de desenvol-
vimento municipal de saúde abaixo da média para
os municípios baianos. A deficiência de recursos
pode ser, novamente, a grande responsável por tal
heterogeneidade, mas, segundo o método utiliza-
do, os recursos, mesmo escassos, encontram-se
tecnicamente em pleno uso.
Outro fato refere-se ao nível populacional dos
municípios considerados eficientes. Todos são
classificados como pequenos quanto à população,
o que pode ter interferido na consideração destes
como eficientes, pois pequenos municípios normal-
mente utilizam-se de infraestrutura em saúde de lo-
calidades vizinhas maiores, reduzindo, assim, seus
dispêndios na área.
Espacialmente, a Figura 3 apresenta a distribui-
ção da eficiência pelos municípios baianos.
Outro fato importante observado é que 185 mu-
nicípios, mais de 50% da amostra, tiveram eficiência
abaixo do índice 0,5, o que reafirma a ineficiência
técnica também na alocação de recursos na saúde,
principalmente de fontes públicas. Assim, mesmo
com as discrepâncias sociais e econômicas entre
os municípios, quando se fala em eficiência na alo-
cação dos recursos na saúde, muito se deve fazer
pela melhor gestão dos recursos, mesmo que essa
gestão ocorra de forma distinta em cada localidade.
IFDM Emprego & Renda e o Índice de Gini
De modo a obter o IFDM Eficiência que refletis-
se também as desigualdades de cada município, o
índice que se deseja mensurar foi ponderado pelo
índice de Gini municipal. De certa maneira, o índice
de Gini é ele próprio uma medida de eficiência, por
informar o quão ineficiente é a alocação da renda
entre os habitantes de uma dada localidade. De fato,
um indicador bruto de renda
per capita
não pode ser
considerado uma medida de qualidade de vida, por
não levar em consideração a questão distributiva.
Na Tabela 3 apresentam-se os municípios da
amostra com maior IFDM Emprego & Renda e seu
respectivo índice de Gini.
Observa-se que o índice de Gini nos municípios
com maior IFDM Emprego & Renda apresenta-se
superior à média dos municípios da amostra (0,39),
e os municípios em questão estão posicionados en-
tre aqueles em que a distribuição de renda é mais
desigual. Isso reforça a necessidade de se utiliza-
rem as informações de eficiência dos indicadores
Tabela 2
Input
,
output
e população dos municípios 100%
eficientes no gasto com saúde
Município
Gasto
per capita
(1)
IFDM
Educação População
Campo Alegre de
Lourdes
181,42
0.9239
28.090
Ipupiara
251,74
0.9475
9.285
Serrolândia
92,17
0.6534
12.344
(1) Gasto médio em R$.
Fonte: STN – Ministério da Fazenda, FIRJAN e IBGE.
Figura 3
A eficiência dos gastos públicos em saúde nos
municípios baianos
Fonte: Resultados da pesquisa.