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Economia regional e abertura comercial: acumulação capitalista no território brasileiro
e nordestino (1991-2011)
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Bahia anál. dados, Salvador, v. 23, n. 3, p.529-551, jul./set. 2013
uma determinada empresa apreende e introduz no-
vos métodos, produtos, desenhos ou processos.
O processo de inovação também envolve outros
agentes além da empresa inovadora – como aque-
les relacionados ao consumo, ao financiamento e
à regulação da tecnologia. A grande característica
do processo inovativo é a interatividade entre vá-
rios agentes, tais como: agências governamentais,
universidades, empresas, institutos de pesquisa e
instituições financeiras. O Estado e as universida-
des, em geral, apresentam como principal atividade
a pesquisa básica – que não tem por objetivo uma
aplicação imediata. Já as empresas tendem a atuar
preponderantemente no desenvolvimento de pes-
quisas aplicadas – orientadas à resolução de proble-
mas ligados ao setor produtivo. As instituições finan-
ceiras também exercem relevante função através da
concessão de financiamentos para a execução dos
dois tipos de pesquisas acima mencionadas.
Produzir conhecimento, ciência e tecnologia no
Nordeste pode ser uma estratégia eficiente para a
geração de vantagens locacionais consistentes na
região, uma vez que a sustentação de vários seto-
res no longo prazo, principalmente aqueles mais di-
nâmicos, é extremamente difícil quando estes estão
fundamentados unicamente em incentivos fiscais e
na grande disponibilidade de mão de obra barata
e pouco qualificada. A implementação desta políti-
ca pode significar um primeiro passo em direção à
conquista de uma independência relativa da região
em relação ao seu desenvolvimento econômico e
social, atraindo investimentos mais dinâmicos e di-
minuindo seu grau de vulnerabilidade.
Neste sentido, os agentes responsáveis pela for-
mulação de uma política que vise incentivar a ino-
vação no Nordeste devem, desde sua formulação,
estar preparados para superar eventuais obstácu-
los que possam ser impostos pelas classes políticas
mais retrógradas e os setores tradicionais da região,
tais como: açúcar, pecuária e cacau, por exemplo.
As políticas setoriais precisam estar articuladas
com as políticas gerais e locais, pois muitas das
proposições aqui realizadas são complementares
entre si. Assim, considerando-se as características
produtivas, as tendências, as perspectivas e as po-
tencialidades da Região Nordeste, alguns setores
da indústria podem ser vistos como alvos prioritários
para as políticas setoriais. Entre eles podem ser cita-
dos os seguintes setores: açúcar e álcool, químico,
confecções e calçados. A seguir, com apoio da li-
teratura especializada foram analisadas/elaboradas
algumas propostas para estes setores específicos.
Considerando-se a importância que a produção
sucroalcooleira assume no processo de reprodução
capitalista dos estados de Pernambuco e Alagoas,
torna-se necessário implentar uma política especí-
fica para este setor, a fim de minimizar os perversos
impactos sociais e econômicos provocados pela
inércia de sua produção. Simultaneamente, é extre-
mamente relevante estimular não só as pesquisas
científicas na área de biocombustíveis, mas, tam-
bém, o desenvolvimento de atividades alternativas
que possam absorver a mão de obra atualmente
alocada neste setor.
Quanto à indústria química regional, a sutenta-
ção e o incentivo à sua ampliação são de extrema
urgência para que se possam gerar vantagens lo-
cacionais duradouras, umas vez que os principais
fatores que têm atraído investimentos para a região
nas últimas décadas (mão de obra abundante e ba-
rata, incentivos fiscais e financeiros) podem vir a ser
eliminados em médio e longo prazo.
A indústria petroquímica tem desempenhado
papel relevante na economia regional, notadamen-
te para o estado da Bahia. Esta indústria apresenta
boas possibilidades de articulação e complemen-
taridade com as demais atividades químicas de-
senvolvidas no Nordeste e, também, com os outros
setores da indústria.
Neste sentido, algumas prioridades podem ser
estabelecidas para o desenvolvimento e a consoli-
dação do complexo químico nordestino. A primeira
é a expansão da produção de insumos, tanto os na-
turais quanto os sintéticos, a partir de um programa
de incentivos à cotonicultura e à indústria química.
Outra importante política para este setor se refere à