Página 60 - A&D_v23_n3_2011

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Economia regional e abertura comercial: acumulação capitalista no território brasileiro
e nordestino (1991-2011)
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Bahia anál. dados, Salvador, v. 23, n. 3, p.529-551, jul./set. 2013
desenvolvimento econômico no Nordeste. Todavia,
recentemente têm surgido algumas alternativas. A
primeira delas é o potencial exportador apresen-
tado pelo estado do Maranhão, principalmente
com relação aos bens minerais e siderúrgicos. A
segunda alternativa é a promissora expansão da
produção de soja nos estados da Bahia, do Mara-
nhão e do Piauí E, por fim, a produção de veículos
na Bahia, através da Ford. Paralelamente, existem
produtos de menor relevância que podem auxiliar
na elevação da capacidade exportadora nordesti-
na, tais como: o camarão de cativeiro e os da fru-
ticultura irrigada. No entanto, a produção desses
bens é extremamente vulnerável à direção dada à
política cambial.
Entre 1998 e 2011, as transações comerciais
nordestinas com o resto do mundo (exportações
mais importações) expandiram-se cerca de 471,6%,
segundo informações da Sudene. No mesmo pe-
ríodo, as exportações apresentaram uma tendên-
cia positiva, registrando uma elevação de 406,1%,
atingindo cerca de US$ 18,8 bilhões, em 2011. Por
sua vez, as importações obtiveram um crescimento
da ordem de 535,6%, representando, aproximada-
mente, US$ 24,2 bilhões no mesmo ano. Portanto,
apesar da significativa expansão das exportações,
o ritmo de crescimento das importações foi consi-
deravelmente mais acelerado.
Assim, foram registrados
déficits
na balança co-
mercial nordestina entre os anos de 1998 e 2002,
em 2007, 2010 e 2011. Neste último ano, registrou-
-se o mais elevado
déficit
dos últimos 14 anos, for-
temente influenciado pelo incremento das
importa-
ções, mais que duas vezes superior ao crescimento
das exportações. O
déficit
acumulado nos dois últi-
mos anos do período atingiu US$ 7,0 bilhões.
Vale destacar que a Região Nordeste registrou
déficit
com Estados Unidos (aproximadamente US$
2,1 bilhões), China e Argentina, seus três mais re-
levantes parceiros comerciais. Este
déficit
pode ser
explicado, em grande parte, pelo acréscimo nas im-
portações de bens de capital – principal forma de
absorção de tecnologia pelo empresariado brasilei-
ro, de acordo com o Banco Mundial – e, também,
de combustíveis e lubrificantes.
O principal desafio a ser enfrentado é o baixo
nível de competitividade registrado nos setores in-
dustriais leves da região, particularmente o de con-
fecções, o têxtil e o de calçados, cuja concorrência
imposta no âmbito internacional, notadamente pela
produção chinesa, é mais elevada. Desta forma,
defende-se neste artigo que a eventual implementa-
ção de uma política de desenvolvimento para o se-
tor industrial nordestino deve incorporar, como um
de seus elementos fundamentais, a constituição de
um sistema de incentivos e apoio às exportações,
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
30.000.000
25.000.000
20.000.000
15.000.000
10.000.000
5.000.000
0
-5.000.000
-10.000.000
Exportação valor US$ 1.000 FOB (A)
Importação (1) valor US$ 1.000 FOB (B)
Saldo (A) - (B)
Gráfico 3
Evolução da balança comercial nordestina – 1998-2011
Fonte: MDIC-Secex; MI/Sudene/DPLAN/CGEP/CID. (apud SUPERINTENDÊNCIA DO DESENVOLVIMENTO DO NORDESTE, 2011).
Nota: (1) dados preliminares.