Página 55 - A&D_v23_n3_2011

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Wallace da Silva de Almeida, Denílson da SilvaAraújo
Bahia anál. dados, Salvador, v. 23, n. 3, p.529-551, jul./set. 2013
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diretamente associada ao esvaziamento das faixas
de renda intermediárias, passando os integrantes
destas a se inserirem nas altas ou baixas classes
de renda. Nas palavras de Porto: “A observação
teórica básica é a de que a polarização deve ser
entendida de um modo diferenciado do conceito de
desigualdade” (PORTO, 2004, p. 9).
A partir da Tabela 5 é possível fazer uma breve
análise sobre a variação do Índice de Gini no período
entre 1995 e 2005 para a Renda Domiciliar
Per Capi-
ta
(RDPC), para o rendimento mensal total, incluindo
os sem rendimentos – População Economicamente
Ativa (PEA) total –, e para o rendimento de todos
os trabalhadores (POC) brasileiros. Ressalte-se que
uma queda no índice a ser observado representa
uma melhoria na distribuição de renda do Brasil.
Observa-se, conforme exposto acima, que en-
tre 1995 e 2001 ocorreu uma suave redução da
RDPC, que fica ainda mais evidente no período en-
tre 2001 e 2005, quando o índice cai 2,8%. De se-
melhante modo, os índices referentes a: PEA, PEA
total e POC, para o período 1995-2005, também
apresentaram uma tendência de queda durante
todo o período de observação. Cabe destacar que,
diferentemente da RDPC, que em sua metodologia
de cálculo inclui o rendimento das pessoas inativas
que fazem jus ao recebimento de aposentadoria e/
ou pensão, as distribuições da PEA e PEA total re-
fletem o que tem ocorrido no mercado de trabalho.
Segundo Hoffman (2007), a participação na
renda apropriada pelos 10% e 5% mais ricos da
população brasileira reduziu-se entre 2001 e 2005.
Em 2001, a participação destes estratos de renda
representava 47,2% e 33,8%, respectivamente. Já
em 2005 esse percentual reduziu a 45,0% e 32,0%.
Neste sentido, a expansão de programas sociais
como o Bolsa Família foram essenciais para viabili-
zar uma melhoria das condições de vida dos estra-
tos mais pobres da população.
A tendência de redução da desigualdade bra-
sileira pode ser confirmada através da análise do
coeficiente de Gini, para o período 1995-2009, ex-
plicitado no Gráfico 2. Neste período, ocorreu uma
diminuição significativa do índice, passando de
Tabela 5
Evolução da desigualdade da distribuição da renda – Brasil – 1995-2005
Índice de Gini para
1995
1996
1997
1998
1999
2001
2002
2003
2004
2005
RDPC
0,599
0,6
0,6 0,598 0,592 0,594 0,587 0,581 0,569 0,566
PEA
0,589 0,584 0,584 0,581 0,572 0,571 0,569 0,561 0,553
0,55
PEA total
0,662 0,657 0,659 0,659 0,655 0,642 0,637
0,63 0,616 0,616
POC
0,585
0,58
0,58 0,575 0,567 0,566 0,563 0,554 0,547 0,544
Fonte: Hoffmann (2007).
0,601
0,602
0,602
0,600
0,594
0,596
0,589
0,583
0,572
0,569
0,563
0,556
0,548
0,543
1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
0,62
0,61
0,60
0,59
0,58
0,57
0,56
0,55
0,54
0,53
Gráfico 2
Evolução da desigualdade na renda familiar
per capita
: coeficiente de Gini – Brasil – 1995-2009
Fonte: Elaboração Própria a partir de dados coletados do: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (2012b).