Página 51 - A&D_v23_n3_2011

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Wallace da Silva de Almeida, Denílson da SilvaAraújo
Bahia anál. dados, Salvador, v. 23, n. 3, p.529-551, jul./set. 2013
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Antes mesmo que as colocações acima realiza-
das possam ser mal compreendidas, talvez como
mero manifesto regionalista, cabe aqui fazer um pe-
queno esclarecimento sobre este ponto específico.
O que se pretende demonstrar é que esta situação
foi resultado do processo de formação histórica da
economia brasileira.
Por um lado, durante o referido processo, a Região
Sudeste – seja por ter recebido financiamento indireto
de outras regiões, de acordo com Furtado (1961), ou
por seu próprio mérito e esforço e também por sua
capacidade de estabelecer relações capitalistas de
produção, gerar efeitos de indução, multiplicação e
diversificação, segundo Cano (1985) – destacou-se
pelo maior dinamismo e, assim, criou as condições
necessárias para concentrar grande parte das ativi-
dades produtivas. Por outro lado, no caso nordestino,
construiu-se historicamente uma articulação dos se-
tores políticos e econômicos que fizeram com que a
economia da região fosse gradativamente integrada
à do Sudeste de forma dependente e complementar,
ou seja, subordinada, por meio da produção de bens
intermediários e de bens de consumo não duráveis.
Nesse contexto, a lógica do processo de acumu-
lação capitalista passa a atuar em favor dos agentes
ou grupos econômicos que detêm um maior poder
de barganha, influenciando ou mesmo condicionando
decisões, como aquela que promoveu modificações
estruturais na hierarquia tarifária que, se por um lado
estão pautadas em critérios racionais do ponto de vis-
ta econômico, por outro, muitas das vezes não perse-
guem como objetivo a diminuição das desigualdades
econômicas e sociais entre as regiões brasileiras,
pois, desde a formulação, estão comprometidas.
Tabela 2
Proteção nominal legal por setor
(%)
Setores
1988a
1988b
1989
1990
1991
Jan. 92
Out. 92
Jul. 93
Agricultura
29,8
16,7
26
14,8
9,8
7,8
6,4
5,7
Extrativa mineral
13,9
14,6
19,5
6,6
3,9
2,4
1,3
1
Mineral não metálicos
54,7
34,6
37,7
24,5
14,5
12
8,3
7,5
Metalurgia
42,2
35,2
41,4
23,7
18,1
15,2
12,5
9,6
Mecânica
49,2
45,1
44,9
39,5
30,4
25,9
21
19,7
Mat. elétr. comunicação
65,7
47,3
50,2
39,6
34,3
30,6
25,9
21,1
Material de transporte
74,4
51,6
47,3
55,9
42,3
35,5
28,6
25,7
Madeira
57,4
25,7
28,9
22,5
12,9
11,8
10,9
10,3
Mobiliário
87,6
38,1
38,9
39,2
32,1
24,8
20
20
Papel/Papelão
56,6
28
32,8
23,1
12,9
10,1
8,7
8,5
Borracha
77,2
54,6
58,6
49,6
36,1
28,8
21,4
16,2
Couro
57,6
34
44,6
14,3
12,4
11,2
9,9
8,7
Químico
27,3
19,8
37
13,4
18,2
8,4
7,4
7
Farmácia
46,5
44,9
40,7
26
19,6
16,6
13,4
13,3
Perfumaria
82,1
66,1
73,6
59,2
42,6
29,2
24,4
19,8
Material plástico
78,8
51
56,9
40
34
28,9
20
18,6
Têxtil
83,3
51,4
77,9
38,8
37,6
29,5
24,1
16,6
Vestuários/Calçados
89,6
63,7
78,3
50
46,3
36,8
27,1
20
Produtos alimentares
57,4
33
38,4
27,4
21,3
17,5
15,6
13,9
Bebida
88,1
69,4
70,5
75,1
63,7
53,6
34,8
19,8
Fumo
90,3
78,3
85
79,6
70
60,4
37,5
19,2
Editorial e gráfica
33,9
19,4
27,8
20,9
11,4
9,8
9
8,7
Diversos
61,3
50,8
60,4
44,8
36,4
29,7
23,1
17,9
Fonte: Kume (1990); Braga e Tyler (1990); Hahn (1992). (Apud LIMA, 1998, p.52).
Nota: 1988 “a” e “b” referem-se às tarifas pré e pós-reformas de junho; 1989 apresenta as tarifas pré-revisão de setembro. O coeficiente de correlação entre os resultados de
1988b e 1989 é de 0,9514.