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Bahia anál. dados, Salvador, v. 23, n. 3, p.495-507, jul./set. 2013
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desconcentração de investimen-
tos onde já há gente constituam
uma vantagem sobre a dispersão
territorial precária, em condições
de um cruel desgaste humano
que se tem verificado, depois de
saturada a fronteira agrícola e in-
dustrial em torno de São Paulo.
Em termos de desenvolvimen-
to regional, é de­sejáveI que tais
migrações, se não para a própria
região, se destinem a áreas ad-
jacentes que se inte­grem com a
economia da região de origem,
como seria
o
caso Carajás-NE.
Apesar dos estudos descri-
tivos que vêm sendo feitos, so-
bretudo no IBGE, creio estarmos
distan­tes de um modelo global
de migrações inter-regio­nais, até
porque este dependeria não só
de projeções, mas do desenvol-
vimento de novos recursos e do
planejamento regional a nível na-
cional. Enquan­to se trabalha para
isso, certas hipóteses poderiam
– suponho – ser consideradas
para planejar as transferências a
que se refere o
item I.
III. Migrações intrarregionais
e desconcentração dentro da
região
As migrações intrarregionais
dizem respeito ao fluxo rural-ur-
bano e interurbano, bem como
à relo­calização territorial em
função de projetos indus­triais e
agroindustriais, minerais, terras
de nova co­lonização e irrigação
e ainda modificações no siste­ma
de transporte.
Essas migrações não são
evidentemente essen­ciais às re-
lações inter-regionais, mas o são
para a equalização das oportuni-
dades para as pessoas.
É provável que, num primei-
ro estágio, salvo o papel difusor
do programa esboçado adiante
no item V, haja concentração
espacial dentro da re­gião, dos
programas do item I, em pontos
de cres­cimento particularmente
favorecidos, a fim de ma­ximizar
o
efeito da desconcentração in-
ter-regional. Mas programas de
pesquisa de recursos agríco-
las e minerais e da tecnologia a
eles ajustada, de refor­ma agrá-
ria e de colonização em áreas
de ralo povo­amento dentro da
região, bem como de irrigação
e agroindústrias, deverão tam-
bém promover descon­centração
dentro da região, embora com
declinan­tes coeficientes de po-
pulação rural.
Não descreio que modelos
matemáticos pos­sam ajudar a
fazer juízo sobre os problemas
urba­nos. Desde logo, para me-
lhor projetar a estrutura do cres-
cimento urbano, é essencial re-
lacioná-Ia com as projeções e os
programas de produção rural e
ur­bana, bem como dos serviços
autônomos. Outro ponto funda-
mental é globalizar as projeções
de in­versões urbanas, tendo em
vista as previsões de crescimen-
to e dos novos núcleos em fun-
ção do emprego potencial, bem
como dos custos diferen­ciais de
infraestrutura urbana.
IV. Suporte de atividades
tradicionais e infor­mais
Pode, entretanto, ocorrer
que o
limite alcan­çado por esse
conjunto “a”, “b” e “c” não seja
su­ficiente para homogeneizar
as estruturas produtivas (em
relação ao padrão nacional) e
para, assim, asse­gurar as equa-
lizações das oportunidades de
emprego e renda para toda a
população que não tenha con­
dição de migrar. Neste caso,
se o
programa de co­bertura
dos déficits de atendimento das
necessida­des básicas, de que
se trata adiante, não for sufi­
ciente para compensar a dife-
rença nas oportunida­des quan-
to ao básico, certamente será
necessário um programa espe-
cial de sustentação, com certo
subsídio permanente, de ativi-
dades tradicionais e informais,
na agricultura como nos centros
urba­nos. Seria um subsistema
“d”, cujo programa, entre­tanto,
deveria ser tratado como prepa-
ratório para ulterior integração
no circuito competitivo.
Esse posicionamento residual
das atividades tradicionais e in-
formais é muito diferente de tor­
ná-Ias como o objeto da primeira
fase de um pro­grama de desen-
volvimento regional.
V. Atendimento direto das
necessidades básicas
O
objetivo-mestre é reduzir
a desigualdades toleráveis as