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Desequilíbrios regionais, entraves ao desenvolvimento econômico e social do Nordeste e pesquisa tecnológica
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Bahia anál. dados, Salvador, v. 23, n. 3, p.653-669, jul./set. 2013
pois traz junto consigo, dentre outros aspectos, a
destruição e a poluição do meio ambiente, as distor-
ções da urbanização e, principalmente, a alienação
do ser humano (SLIWIANY,
1987). Desta forma, Oliveira
(2002) afirma que:
Por muito tempo foi
esquecido que as
pessoas são tanto
os meios quanto
o fim do desenvolvimento econômico. O que
importa, na verdade, mais do que o simples
nível de crescimento ou de industrialização, é
o modo como os frutos do progresso, da in-
dustrialização, do crescimento econômico são
distribuídos para a população, de modo a me-
lhorar a vida de todos (OLIVEIRA, 2002, p. 45).
Neste sentido, mais importante que pensar em
desenvolvimento é entender e promover o desen-
volvimento humano, um conceito muito mais amplo
e atual, uma vez que vem ocupando lugar de des-
taque nas discussões a partir da década de 90. É
por essa razão que Sen (2000) afirma que mais im-
portante do que crescer simplesmente, é fazer com
que os benefícios desse crescimento alcancem o
maior número possível de cidadãos, para, então,
poder se falar em desenvolvimento. É o que se clas-
sifica como justiça social, e, conseqüentemente, se
tem, a partir daí, a economia social, acessível a to-
dos e a serviço de todos.
Quando se fala em desenvolvimento humano,
remete-se ao conceito de economia social e ao fato
de que, para que haja tal desenvolvimento, faz-se
necessário expandir as liberdades reais dos indi-
víduos. Para que isso ocorra de fato, deve haver
a ampliação do PIB e a melhoria dos direitos aos
serviços sociais básicos como saúde, educação e
renda, indicadores estes que compõem o IDH
4
. O
4
O Índice de Desenvolvimento Humano foi divulgado pela primeira
vez em 1990 no primeiro Relatório de Desenvolvimento Humano do
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), para
medir o nível de desenvolvimento humano dos países a partir de indi-
cadores de educação (alfabetização e taxa de matrícula), longevida-
de (esperança de vida ao nascer) e renda (PIB per capita).
IDH foi criado por Mahbub ul Haq (1934–1998) com
a colaboração do economista indiano Amartya Sen,
ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 1998.
Segundo o Programa das
Nações Unidas para o Desen-
volvimento (2005), o IDH não
abrange todos os aspectos
de desenvolvimento e não é
uma representação da “felici-
dade” das pessoas, nem indi-
ca “o melhor lugar no mundo para se viver”. Além
de computar o PIB per capita, depois de corrigi-lo
pelo poder de compra da moeda de cada país, o IDH
também leva em conta dois outros componentes: a
longevidade e a educação. Para aferir a longevidade,
o indicador utiliza números de expectativa de vida
ao nascer. Segundo o Atlas de Desenvolvimento, os
mesmos critérios de análise para o IDH dos países
são utilizados para análise do IDH dos municípios. O
IDH dos municípios é resultado da média aritmética
dos três subindicadores que o compõem, quais se-
jam: educação, renda e longevidade.
Há poucas décadas, o Brasil tinha como priorida-
de o desenvolvimento econômico, a modernização
do Estado, a participação política, a democracia e a
mobilidade social. Atualmente, os temas dominantes
são a pobreza, a exclusão social e o desenvolvimento
sustentável. Não que estas questões não estivessem
presentes no passado, mas elas eram vistas como
decorrência dos problemas, deficiências ou desajus-
tes na ordem econômica, política e social que seriam
resolvidos e superados na medida em que estes pro-
blemas fossem sendo equacionados. Hoje, o tema
da pobreza aparece no primeiro plano, requerendo
atenção imediata e definindo o foco a partir do qual
as demais questões são vistas e tratadas.
Ao contrário do que pode parecer, pobreza e ex-
clusão social não são conceitos óbvios, que surgem
naturalmente como direitos humanos inquestioná-
veis a partir da consciência moral das pessoas.
Eles são construídos historicamente, elaborados
e processados pelas agências estatísticas e pelos
cientistas sociais, e transformados em palavras de
Mais importante do que crescer
simplesmente, é fazer com que
os benefícios desse crescimento
alcancem o maior número possível
de cidadãos