Página 179 - A&D_v23_n3_2011

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Amílcar Baiardi, FabihanaMendes, JanuziaMendes
Bahia anál. dados, Salvador, v. 23, n. 3, p.653-669, jul./set. 2013
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DIFERENCIANDO INDUSTRIALIZAÇÃO
(CRESCIMENTO) DE DESENVOLVIMENTO
ECONÔMICO SOCIAL SUSTENTÁVEL
Durante muito tempo pen-
sava-se que o crescimento
econômico era, em última
instância, o determinante
para o desenvolvimento, en-
tendido este como bem-estar
e integração social. Desse
modo, entendia-se que o desenvolvimento de uma
nação era, simplesmente, função do crescimento
econômico. Ressaltava-se a combinação de alguns
fatores essenciais, tais como: suas condições ini-
ciais, recursos naturais, capital humano, dimensão
do país, história e geografia, além de boas práticas
econômicas. Supunha-se que a nação que conse-
guisse expandir sua economia proporcionaria, a
reboque, o seu desenvolvimento político e social.
Entretanto, deve-se diferenciar, de acordo com
Sandroni (2001), desenvolvimento de crescimento
econômico. O desenvolvimento é o crescimento
econômico acompanhado pela melhoria do padrão
de vida da população e por alterações fundamentais
na estrutura de sua economia. O desenvolvimento
depende das características próprias de cada lo-
calidade (situação geográfica, passado histórico,
extensão territorial, população, cultura e recursos
naturais) (SANDRONI, 2001, p. 169). Vasconcellos
e Garcia (1998) concordam com o mesmo pensa-
mento, afirmando que o desenvolvimento deve re-
sultar do crescimento econômico acompanhado de
melhoria na qualidade de vida. Entende-se como
crescimento econômico o aumento da capacidade
produtiva da economia e, portanto, da produção
de bens e serviços de determinado país ou área
econômica. “O crescimento de uma economia pode
ser indicado pelo índice de crescimento da força de
trabalho, pela proporção da receita nacional pou-
pada e investida e pelo grau de aperfeiçoamento
tecnológico” (SANDRONI, 2001, p. 141).
Segundo Souza (1993), ainda hoje há duas
correntes do pensamento econômico sobre o tema do
desenvolvimento. A primeira enxerga o crescimento
econômico como sinônimo do desenvolvimento. Já a
segunda considera-o como condição indispensável
para o desenvolvimento, mas
não suficiente.
Conforme Oliveira (2002),
o desenvolvimento deve ser
encarado como um proces-
so complexo de mudanças
e transformações de ordem
econômica, política e, principalmente, humana e
social. Sendo assim, o desenvolvimento é o cresci-
mento transformado para satisfazer as mais diversi-
ficadas necessidades humanas, tais como: saúde,
educação, habitação, transporte, alimentação, lazer,
dentre outros. Desta forma, o crescimento econômi-
co é, essencialmente, um requisito para a superação
da pobreza e para a construção de um padrão digno
de vida, mas o desenvolvimento não se reduz a ele.
Nesse contexto, muitos países em desenvol-
vimento conceberam políticas nas quais o desen-
volvimento econômico igualava-se ao crescimento
da economia pela via da industrialização. Este foi o
caso do Brasil nos anos 40 e 50 do século passado,
quando havia unanimidade das várias visões com
relação à necessidade da industrialização a qual-
quer custo. A única exceção neste pensamento úni-
co era Ignácio Rangel, que defendia o planejamento
como instrumento para dinamizar a economia, diri-
gindo o fluxo de investimentos gerado nos “elos for-
tes” do sistema para os “elos frágeis”, aqueles com
capacidade ociosa. Esta estratégia promoveria uma
progressiva modernização da agricultura, incentiva-
ria a industrialização do campo e evitaria grandes
concentrações industriais e concentrações huma-
nas (BIELSCHOWSKY, 1988). Como se pode ver, o
pensamento de Ignácio Rangel encontrava-se muito
mais associado à ideia de desenvolvimento que os
demais. O cerne desta discussão centra-se no fato
de que a industrialização, apesar de gerar cresci-
mento, em alguns casos amplia também a distância
entre crescimento econômico e desenvolvimento,
A origem étnica do empresariado
foi, sem dúvida, um fator
predominante no nascimento
e na consolidação do parque
industrial paulista