Página 166 - A&D_v23_n3_2011

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Gastos em inovação na indústria brasileira e os efeitos sobre o
market share
regional
650
Bahia anál. dados, Salvador, v. 23, n. 3, p.633-652, jul./set. 2013
Outro fato interessante é que o grau de ajuste do
modelo captado pela estatística
é maior quando
se observa a variabilidade entre as DMU (
R² betwe-
en =
59,78%), do que quando se verifica a mesma
estatística na variabilidade ao longo do tempo para
cada DMU (
within
).
Avaliando-se os coeficientes estimados constan-
tes na Tabela 8, tem-se que o suporte do governo
(GOV), expresso em incentivos fiscais e/ou facilida-
des no financiamento por bancos estatais, como o
BNDES, apresentou sinal negativo com a taxa de
crescimento. É como se as empresas situadas nos
estados em análise, que receberam maior apoio
governamental nesse período para incrementar
sua competitividade via esforços em inovação ou
renovação do maquinário, apresentassem, em mé-
dia, uma redução do crescimento do
market share
.
Numa outra perspectiva, esse maior suporte do go-
verno pode manter relação com o fato de as firmas
estarem localizadas em estados com mais dificulda-
des, por exemplo, em atrair (ou manter) indústrias e/
ou com problemas de infraestrutura que, por decor-
rência, apresentam tendências naturais de perda de
mercado. É válido destacar que, apesar de negativo,
o efeito marginal desse fator sobre a variável depen-
dente tem uma magnitude inexpressiva.
Outra variável significativa estatisticamente e
com baixo peso sobre o crescimento na parcela de
mercado está relacionada com a quantidade de in-
dústrias que implementaram inovações, o que repre-
senta um fator-escala em inovação ligada com o es-
toque de firmas que desenvolvem tais atividades nos
estados. Todavia, esse fator possui sinal positivo, de
modo que as localidades que dispõem de mais in-
dústrias empenhando-se em inovar aumentam, em
alguma medida, o crescimento do
market share
,
dado um possível ganho de escala e outros benefí-
cios diretos e indiretos que existem pela proximidade
de indústrias que, inclusive, podem concorrer entre si
no mercado local, nacional e internacional.
O chamado efeito locacional presente na
tabela 8 foi utilizado para representar a propensão
de desconcentração da indústria no Brasil na dire-
ção do eixo Sudeste para as demais localidades,
conforme discutido na primeira subseção deste tó-
pico, onde foi notado que, embora ocorra de forma
lenta, proporcionalmente as empresas do ramo in-
dustrial situadas nos estados fora da Região Sudes-
te apresentaram maior crescimento em termos de
firmas e receitas. Contudo, tal aspecto mostrou-se
não significativo do ponto de vista estatístico, um
indicativo de que tal variável não é um fator decisivo
para a ampliação de mercado. Além disso, dentro
da própria Região Sudeste existem estados com di-
nâmicas próprias, como é o caso de São Paulo que
teve uma paulatina diminuição relativa de receitas
e de número de firmas industriais.
Um fato interessante que merece atenção na
análise é a relação entre a eficiência competitiva do
esforço inovativo com o crescimento do
market sha-
re
. Do ponto de vista teórico, a inovação é um dos
componentes que afetam o grau de competitividade
Tabela 8
Resultado econométrico dos determinantes do
market share industrial
Variáveis explicativas
Modelo (1)
Modelo (2)
Eficiência competitiva do
esforço inovativo corrente
0,0000850
-
*
(0,0326885)
-
Eficiência competitiva do
esforço inovativo defasada
0,0914707**
0,0914792**
-1
*
(0,0371856)
(0,0367602)
Apoio do governo
-0,0001148**
-0,0001147**
GOV
(0,0000491)
(0,0000476)
Efeito locacional
(Sudeste=1; c.c=0)
0,0557898
0,0557425
LOC
(0,0371099)
(0,0347993)
Indústrias que implementaram
inovações
0,0000175*
0,0000175*
INOV
(0,0000097)
(0,0000096)
Intercepto
-0,0065757
-0,0065478
(0,0305996)
(0,0309430)
Número de 45 observações
R²: within
0,2177
Número de grupos 15
R²: between
0,5978
Número de períodos 3
R²: overall
0,2955
Erro-padrão entre parênteses
* p<0.10, ** p<0.05, *** p<0.01
Fonte: Elaboração própria.