Página 161 - A&D_v23_n3_2011

Versão HTML básica

Aléssio Tony Cavalcanti de Almeida, Paulo Fernando de Moura Bezerra Cavalcanti Filho
Bahia anál. dados, Salvador, v. 23, n. 3, p.633-652, jul./set. 2013
645
desconcentração industrial no período de 2000 a
2008, foi calculado o coeficiente de Gini para o nú-
mero de firmas e para a receita líquida de vendas
com produtos industriais (vide a Tabela 5).
O coeficiente de Gini mostra que a desconcen-
tração no país está diminuindo tanto em termos de
firmas quanto em termos de resultados relativos
à receita auferida com vendas de produtos indus-
triais. Todavia, a velocidade dessa desconcentra-
ção, medida em taxas de variação, foi de 6,4% no
primeiro fator e de 1,1% no segundo, demonstrando
que , além de a rentabilidade ser, em termos abso-
lutos, mais concentrada do que o número de firmas
situadas nos estados brasileiros, a taxa de varia-
ção do coeficiente de concentração apresentou um
menor nível de redistribuição. A contextualização
discutida nesta subseção evidencia um tímido pro-
cesso de desconcentração do setor industrial no
país, principalmente quando se observa a variação
de Gini para a receita líquida do setor. Além disso,
fica evidenciado que, em geral, a localidade que
mais agrupa indústrias e receitas no país, o estado
de São Paulo, possui uma significativa diminuição
nos dois aspectos citados, de modo a reduzir o de-
sempenho do agregado de toda a Região Sudes-
te. Logo, dado esse cenário, torna-se interessante
incluir como variável de controle na estimação do
crescimento do
market share
dos estados no setor
industrial uma variável relacionada ao efeito loca-
cional, no que diz respeito à significância estatística
da relação entre tal crescimento com o fato da ten-
dência de as demais unidades federativas estarem
aumentando seu peso nesse relevante ramo para o
dinamismo econômico.
Análise da eficiência
Como destaca o estudo da Confederação Nacio-
nal da Indústria (2010), a capacidade de inovação
é de fundamental importância para as firmas indus-
triais brasileiras ampliarem suas competitividades
e ganharem cada vez mais espaço no mercado
nacional e internacional. Dessa forma, observa-se
que, em média, mais de 1/3 das firmas que atuam
nas indústrias extrativas e de transformação imple-
mentou inovações entre 2006 e 2008, período con-
templado pela última Pintec divulgada pelo IBGE. O
interessante é que a diferença, em termos quantita-
tivos, do esforço inovativo entre a região com maior
(Sul) e menor proporção (Nordeste) de indústrias
que se preocupam com esse aspecto é de apenas
7,8%, um sinal de que as empresas, independente-
mente da localização geográfica, impõem próximos
pesos para a inovação. Assim, dados esse contex-
to e o montante de recursos empregados em tais
atividades no país, torna-se interessante discutir o
comportamento do processo inovativo das indús-
trias brasileiras no prisma da eficiência.
O cálculo de eficiência do esforço inovativo,
apresentado nesta seção, revela algumas caracte-
rísticas técnicas intertemporais na relação entre os
recursos empregados para inovação e os resulta-
dos e impactos advindos desse esforço no agrega-
do das indústrias situadas nos estados brasileiros
Tabela 5
Índice de concentração para o total de indústrias e
receita líquida de vendas para o setor industrial no
Brasil por unidade federativa entre 2000 e 2008
Coeficiente
de Gini
Ano 2000 Ano 2008 Variação
Número de indústrias
0,5628
0,5268
-6,4%
Receita líquida de vendas
0,6680
0,6607
-1,1%
Fonte: Elaboração própria.
Tabela 6
Proporção de empresas das indústrias extrativas
e de transformação que realizaram inovações nas
regiões brasileiras em 2008
Regiões
Total de
indústrias
(a)
Indústrias que
introduziram
inovações
(b)
b/a
Norte
3.463
1.239
35,8%
Nordeste
10.699
3.618
33,8%
Sudeste
54.418
20.253
37,2%
Sul
26.133
10.879
41,6%
Centro-Oeste
5.784
2.310
39,9%
Brasil
100.496
38.299
38,1%
Fonte: Elaboração própria a partir da Pintec/IBGE.