Página 152 - A&D_v23_n3_2011

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Gastos em inovação na indústria brasileira e os efeitos sobre o
market share
regional
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Bahia anál. dados, Salvador, v. 23, n. 3, p.633-652, jul./set. 2013
desempenho dos recursos destinados a atividades
de inovação em relação a alguns indicadores de re-
sultado. Não obstante, esses autores, por exemplo,
analisam essa performance num âmbito setorial para
os anos de 2003 e 2005, diferentemente do presente
estudo, que examina a relação de insumos e pro-
dutos sob a ótica regional da localização geográfica
das indústrias, inclusive, em um período de tempo
mais amplo (de 2000 a 2008). Além disso, uma con-
tribuição deste artigo nesta temática concerne na
avaliação da equação replicadora no plano regional
para captar uma possível relação entre a eficiência
dos recursos em inovação e o crescimento da fatia
de mercado no ramo industrial extrativo e de trans-
formação de uma dada unidade federativa.
Este trabalho está dividido em cinco seções,
incluindo esta introdução. Na próxima parte são
apresentadas as ideias centrais da corrente evo-
lucionária neo-schumpeteriana que aponta o papel
de destaque do setor industrial e das inovações no
dinamismo de mercado. Por sua vez, a terceira se-
ção evidencia as principais etapas metodológicas
do corrente estudo, abarcando a descrição das va-
riáveis de interesse e as demais informações rela-
tivas às unidades avaliadas. Por fim, a quarta e a
quinta seções trazem as análises dos resultados e
as considerações finais do trabalho.
DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E A
ABORDAGEM EVOLUCIONÁRIA NEO-
SCHUMPETERIANA
Como este artigo visa discutir o papel da ino-
vação na indústria no âmbito da disputa regional
de mercado, é válido recuperar na presente se-
ção alguns conceitos de destaque na abordagem
schumpeteriana sobre desenvolvimento econômico
e inovação. Schumpeter (1997), de partida, discute
o fluxo circular da renda em
Teoria do Desenvolvi-
mento Econômico
, com o intuito de demonstrar as
inter-relações entre os diversos agentes econômi-
cos num modelo de economia estacionário, no qual
se descreve a vida econômica do ponto de vista da
tendência do sistema econômico para uma posição
de equilíbrio. Contudo, o autor destaca que a gran-
de característica econômica é que tal posição de
equilíbrio se modifica, e é justamente esse proces-
so de mudança que merece atenção especial por
parte da teoria econômica.
Nesse sentido, a discussão sobre desenvolvi-
mento, por parte da citada teoria, ganha mais des-
taque se a mudança em tal posição de equilíbrio
ocorre por circunstâncias relacionadas diretamente
com a esfera econômica, e não simplesmente por
alterações exógenas ou mudanças não diretamente
relacionadas com a economia, tais como alterações
nos dados não sociais (condições naturais), sociais
não econômicos (como efeitos da guerra, as mu-
danças na política comercial, social ou econômica)
ou no gosto dos consumidores.
Schumpeter (1997, p. 74) entende desenvolvi-
mento econômico como “mudanças da vida econô-
mica que não lhe forem impostas de fora, mas que
surjam de dentro, por sua própria iniciativa”. Assim,
o desenvolvimento pode ser definido também: “[...]
como uma mudança espontânea e descontínua nos
canais do fluxo, perturbação do equilíbrio, que alte-
ra e desloca para sempre o estado de equilíbrio pre-
viamente existente”. (SCHUMPETER, 1997, p. 75).
Tabela 1
Quantidade de empresas industriais por regiões brasileiras – 1988/1995
Região
Norte
Nordeste
Sudeste
Sul
Centro-Oeste
Brasil
1988
(em quantidade)
733
3.000
20.434
7.025
1.079
32.271
1995
(em quantidade)
475
2.023
14.167
5.037
746
22.448
Razão (em %)
64,8%
67,4%
69,3%
71,7%
69,1%
69,6%
Fonte: Elaboração própria a partir PIA/IBGE.