Página 113 - A&D_v23_n3_2011

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Fernanda Calasans Costa Lacerda, Gustavo Casseb Pessoti, Josias Alves de Jesus
Bahia anál. dados, Salvador, v. 23, n. 3, p.587-612, jul./set. 2013
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2015 são esperados cerca de R$ 72 bilhões em in-
vestimentos para dinamização do parque industrial
da capital e do interior do estado. Segundo as infor-
mações de Andrade (2012, p. 85), desse montante
aproximadamente R$ 21 bilhões (29% do total) es-
tão previstos para a RMS, de forma a criar perspec-
tivas interessantes para reforçar as dotações econô-
micas do interior do estado e aumentar ainda mais
as relações internacionais dos principais municípios
exportadores fora do eixo metropolitano, visto que,
comparando com os dados da Tabela 1, pelo menos
50% dos investimentos estão, direta ou indiretamen-
te, relacionados com os setores exportadores.
No entanto, apoiando-se nas constatações de
Pessoti e Pessoti (2008, p. 14), que revelaram que
a efetivação dos protocolos de investimentos indus-
triais na Bahia entre 2000 e 2005 não ultrapassou
40% das intenções inicialmente previstas, a confir-
mação dessas inversões, longe de criar uma dinâmi-
ca própria, pode contribuir ainda mais por aumentar
a concentração setorial e espacial da economia baia-
na em torno de sua região metropolitana, sem lograr
êxito na criação de uma dinâmica menos espasmó-
dica do que a aludida por Guerra e Teixeira (2000).
(DES)CONCENTRAÇÃO ESPACIAL E
DINAMISMO ECONÔMICO DOS MAIORES
MUNICÍPIOS EXPORTADORES DA BAHIA
Um ponto em comum nas análises agregadas da
economia baiana é o diagnóstico de uma economia
com alta concentração setorial e econômica/espa-
cial na RMS. No entanto, esse tipo de análise pode
conduzir a interpretações enviesadas sobre a atual
configuração produtiva do estado. Como observado
na seção anterior, os investimentos realizados ao
longo dos últimos anos promoveram um aumento
da inserção internacional e uma relativa diversifica-
ção da base produtiva, contribuindo para modificar
a dinâmica econômica dos municípios baianos.
Assim, esta seção busca responder aos seguin-
tes questionamentos, derivados dessa atual confi-
guração econômica: as exportações se constituem
em um vetor de dinamismo econômico para os mu-
nicípios baianos, de forma que aqueles que apre-
sentam maior inserção internacional são também
os que apresentaram, ao longo dos últimos anos, a
maior taxa de crescimento do PIB? E complemen-
tando essa questão: será que esses mesmos muni-
cípios aumentaram a sua participação na economia,
sinalizando uma tendência contrária à concentração
econômica e espacial, difícil de ser percebida ao se
analisar a economia baiana de forma agregada?
Para responder a esses dois questionamentos
que podem evidenciar a comprovação empírica
do referencial teórico deste trabalho, utilizaram-se
as informações referentes ao período 2000-2012
contidas nas principais bases de dados municipais
disponíveis: o Cadastro Geral de Empregados e
Desempregados (Caged) e a Relação Anual das
Informações Sociais (RAIS), do Ministério do Tra-
balho; as bases de dados de exportações munici-
pais do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior (ALICE WEB); os investimentos
industriais efetivamente realizados por segmento
e território de identidade fornecidos pela Secreta-
ria de Indústria, Comércio e Mineração do Estado
da Bahia; as informações do PIB dos municípios
Tabela 2
Valor dos investimentos industriais previstos
para a Bahia, por setor produtivo e número de
empresas com protocolo de intenções – 2013-2015
Setores
produtivos
Valor
(R$ 1,00)
N
°
de empresas
com protocolo
de intenções
Agroalimentar
3.584.197.049
93
Atividade mineral e
beneficiamento
17.281.650.000
12
Calçados/Têxtil/Confecções
138.861.896
35
Complexo madeireiro
92.982.800
17
Eletroeletrônico
187.093.955
31
Metal-mecânico
6.165.810.000
59
Químico-petroquímico
9.265.426.000
116
Reciclagem
7.800.000
2
Transformação petroquímica
527.000.000
26
Outros
35.005.500.000
52
Total
72.256.321.700
443
Fonte: Secretaria de Indústria e Comércio – Bahia (2013).