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Inserção internacional, transformações estruturais, (des)concentração espacial:umaanálise para
a economia baiana
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Bahia anál. dados, Salvador, v. 23, n. 3, p.587-612, jul./set. 2013
baianos e a mais nova
proxy
da taxa de crescimento
da dinâmica econômica municipal (denominada de
IDEM-SEI), desenvolvidas pela Superintendência
de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI).
A amostra de municípios foi selecionada com
base no coeficiente de exportações para o resto do
mundo, tendo alcançado, com os 30 maiores muni-
cípios exportadores, um percentual de 97,5% de to-
das as exportações realizadas pelos 417 municípios
do estado da Bahia no ano de 2012. Com o intuito
de isolar o viés que os municípios da RMS pode-
riam causar na análise dos resultados, optou-se por
realizar uma investigação dividindo a amostra em
dois grupos: municípios da RMS e municípios do
interior do estado (ou seja, de fora da RMS). As-
sim, pôde-se verificar se os municípios do interior
do estado que figuram entre esses 30 maiores ex-
portadores aumentaram sua participação no PIB da
Bahia ao longo da década de 2000, contribuindo,
dessa forma, por reduzir a concentração da ativida-
de econômica no entorno da RMS. O objetivo dessa
investigação foi tentar fugir do senso comum dado
pela análise agregada do estado da Bahia.
Com o apoio das bases de dados citadas, bus-
cou-se avaliar se esses municípios situados fora da
RMS também apresentaram taxas de crescimento
do PIB (medida pelo IDEM-SEI) acima da média
apresentada para o estado no decorrer do perío-
do analisado. Adicionalmente, procurou-se analisar
o efeito multiplicador dos setores exportadores na
geração dos empregos formais dos municípios que
compõem a amostra. Os valores das exportações
dos 30 maiores municípios exportadores da Bahia
– referentes aos anos de 2000, 2006 e 2012 – são
apresentados na Tabela 3.
Analisando-se os dados expostos em termos de
participação percentual no montante total das expor-
tações da Bahia, é possível identificar um aspecto
interessante e que corrobora o objetivo pretendido
nessa análise: no ano 2000, os maiores municípios
baianos situados fora da RMS, definidos pelo seu
coeficiente de exportações, eram responsáveis por
pouco mais de 27% das exportações do estado; ao
final do período considerado, eles passaram a ser
responsáveis por pouco menos da metade de todas
as exportações da Bahia, cerca de 48% em 2012
(crescimento nominal de aproximadamente 891%
contra 363% dos maiores municípios exportadores
situados na RMS).
Entre os municípios situados fora da RMS, to-
dos apresentaram incremento nas exportações ao
longo do período considerado, não sendo o mesmo
observado para os municípios situados na RMS.
Exemplo disso é fato de que, entre 2006 e 2012, os
municípios de Dias D Ávila e Simões Filho apresen-
taram expressivas quedas nas exportações (-37%
e -53%, respectivamente). Camaçari, município de
maior importância nas exportações da RMS, apre-
sentou expansão de apenas 15% nesse mesmo
período. Por sua vez, praticamente todos os muni-
cípios situados fora da RMS apresentaram grandes
variações nas exportações nesse mesmo período.
Entre eles, os maiores destaques foram os muni-
cípios exportadores de
commodities
agrícolas. Há
ainda os municípios que se tornaram exportadores
entre os anos estudados (Correntina, Cachoeira,
Itagibá, Barrocas, Riachão das Neves, Formosa do
Rio Preto e Serrinha).
No entanto, para generalizar as primeiras con-
clusões em relação ao aumento de dinamismo dos
municípios situados fora do entorno da RMS e efeti-
vamente associá-lo ao aumento das relações inter-
nacionais, foi preciso evidenciar se a elevação da
participação desses municípios no total das expor-
tações do estado acontecera realmente pelo incre-
mento nas vendas externas ou meramente como
resultado da diferenciação de preços relativos entre
os produtos exportados pelos municípios da RMS e
os demais aqui analisados. Isto é, foi necessário de-
purar ainda mais as estatísticas de comércio exterior
para analisar se o aumento da participação municipal
estava relacionado ao incremento no volume de car-
gas embarcadas para o exterior ou simplesmente ao
crescimento desigual e desproporcional dos preços
em função das especificidades regionais e da dife-
renciação das pautas internacionais comparadas.