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Inserção internacional, transformações estruturais, (des)concentração espacial:umaanálise para
a economia baiana
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Bahia anál. dados, Salvador, v. 23, n. 3, p.587-612, jul./set. 2013
a amplificação das relações comerciais internacio-
nais da Bahia, atingindo um incremento de 913% no
período 1990-2012. No ano de 1990, a economia
baiana importou US$ 766 milhões, e em 2012 este
volume alcançou US$ 7,8 bilhões (BRASIL, 2013).
A expansão significativa do comércio exterior
baiano nas duas últimas décadas não pode ser
apontada como restrita ao novo panorama eco-
nômico brasileiro, reflexo de sua política mercantil
externa. Apesar da importante influência que o am-
biente nacional exerceu sobre a conjuntura regio-
nal, a Bahia, que tradicionalmente teve um modelo
econômico de viés exportacionista, embora antes
alicerçada em produtos primários como o açúcar,
o fumo e o cacau, experimentou nesse período a
expansão e a diversificação de sua estrutura produ-
tiva, com a inclusão de novos segmentos industriais
como papel e celulose, calçados e automóveis.
A mudança na pauta de exportações da Bahia
ocorreu de maneira lenta e gradual no transcurso
dos últimos anos. Um exemplo dessa transforma-
ção é o cacau, que, durante boa parte do século
XX, figurou como principal produto de exportação
do estado e que perdeu posições ao longo do tem-
po, situação fortemente influenciada pela crise da
vassoura-de-bruxa no início da década de 1990.
As inserções dos setores metalúrgico/mecânico e
de papel e celulose são igualmente representativas
dessa mudança, principalmente pelo fato de que
se tornaram produtos expressivos dentro do rol das
exportações baianas, dominadas pelos segmentos
químico e petroquímico.
A Tabela 1 mostra os principais segmentos ex-
portadores do estado. Observa-se que, não obstan-
te a aludida diversificação da base produtiva, ainda
prevalece um alto grau de concentração da expor-
tação baiana em torno de poucos segmentos ex-
pressivamente dinâmicos. Os segmentos químico e
petroquímico, soja e algodão, petróleo e derivados,
papel e celulose e produtos metalúrgicos represen-
taram, somados, 74% do montante final das vendas
externas da Bahia no ano de 2012 (BOLETIM DO
COMÉRCIO EXTERIOR DA BAHIA, 2013).
A despeito do crescimento das exportações
baianas e de uma tímida diversificação da pauta,
o estado ocupa o nono lugar no conjunto da eco-
nomia brasileira, com uma participação no total ge-
ral das vendas externas do país de apenas 4,6%
(BRASIL, 2013). A busca pela descentralização es-
pacial de sua economia, passando por um projeto
consistente de interiorização do parque produtivo
estadual, associada a investimentos significativos
na melhoria de sua infraestrutura e à adoção de
políticas de incentivo ao desenvolvimento e ao for-
talecimento de outros setores econômicos, poderia
gerar um incremento no painel econômico baiano.
Esse processo, de natureza endógena, possibilita-
ria expandir as relações mercantis internacionais,
melhorando com isso a participação do estado no
total das exportações brasileiras e proporcionando
um recrudescimento da economia regional.
As ações governamentais que têm buscado co-
locar em prática os elementos constitutivos para
essa articulação são bastante auspiciosas, princi-
palmente no âmbito dos investimentos industriais,
como revelam os dados da Tabela 2. Entre 2013 e
Tabela 1
Exportações baianas por principais segmentos
jan./dez. – 2011/2012
Segmentos
Valores
(US$ 1000 FOB)
Part.
(2012)
2011
2012
%
Petróleo e derivados
1.958.677 2.134.776 18,95
Químicos e petroquímicos
1.792.015 1.788.467 15,87
Papel e celulose
1.802.770 1.678.618 14,90
Soja e derivados
1.281.473 1.429.714 12,69
Algodão e seus
subprodutos
669.968
718.045
6,37
Metalúrgicos
891.007
609.545
5,41
Metais preciosos
412.396
430.297
3,82
Automotivo
481.805
426.071
3,78
Embarcações e estações
flutuantes
-
381.773
3,39
Borracha e suas obras
318.097
340.949
3,03
Cacau e derivados
284.571
242.851
2,16
Demais segmentos
1.123.521 1.086.663
9,64
Total
11.016.299 11.267.769 100,00
Fonte: MDIC/Secex – Brasil (2013).