Página 111 - A&D_v23_n3_2011

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Fernanda Calasans Costa Lacerda, Gustavo Casseb Pessoti, Josias Alves de Jesus
Bahia anál. dados, Salvador, v. 23, n. 3, p.587-612, jul./set. 2013
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adotado pela esfera governamental no anseio de
promover uma transformação nas bases de sua
estrutura produtiva. O caminho identificado para
alcançar tal objetivo nunca foi original e sempre es-
teve, direta ou indiretamente, relacionado a algum
tipo de política de isenções fiscais, usada há algum
tempo como mecanismo para atrair agentes econô-
micos e dinamizar a economia.
Na época em que o planejamento realmente
era um instrumento para o desenvolvimento e que
predominava a ideia de que o Estado não era con-
siderado causador das mazelas da sociedade con-
temporânea, a Bahia logrou um grande processo
de industrialização fomentado por ações desenvol-
vimentistas da esfera estatal, que encontrou seu
apogeu no final dos anos 1970 com a criação do
maior complexo petroquímico da América Latina.
A partir do final dos anos 1980, sem poder con-
tar mais com o apoio do Estado na dinamização das
economias menos favorecidas, coube aos estados
subnacionais procurar desenvolver um processo
autônomo na condução do planejamento econô-
mico. Aqueles que outrora galgaram um processo
de acumulação capitalista (poupança) conseguiram
manter o
status
dominante. Os outros, excluídos
historicamente deste processo, tiveram que abrir
suas economias ao capital estrangeiro, sobretudo,
com o apoio dos incentivos fiscais.
No decorrer da década de 1990, com o avanço
do ideário neoliberal, representado historicamente
pelo Consenso de Washington, o governo federal
absteve-se de promover políticas industriais e re-
gionais, rompendo definitivamente com o modelo
de cunho desenvolvimentista. Diante desse quadro,
restou a estados como a Bahia, menos favorecidos
pelo ambiente econômico interno, utilizarem de es-
tratégias como a guerra fiscal para atrair investimen-
tos, minimizando dessa forma os prejuízos causados
pelo modelo de desenvolvimento preconizado pelo
neoliberalismo. Ainda nesta mesma década, vários
programas foram implementados pelo governo da
Bahia com o objetivo de promover o crescimento e
o desenvolvimento econômico do estado.
A preocupação em diversificar a estrutura pro-
dutiva do estado da Bahia podia ser constatada nos
esforços claros de promover os investimentos em
diversos segmentos da indústria. A concentração,
no entanto, da maior parte do volume dessas inver-
sões na RMS contribuiu para intensificar o processo
de centralização econômica que já era bastante ex-
pressivo. Os entraves à dinâmica de redimensiona-
mento da espacialização produtiva baiana residiam
na insuficiência de infraestrutura, nas pressões po-
líticas regionais e nas dificuldades de acesso aos
mercados, principalmente internacionais, de uma
parcela considerável dos territórios do estado.
A evolução econômica da Bahia sempre apre-
sentou um perfil de pouca diversificação, o que re-
sultou numa relação de extrema dependência das
oscilações de um grupo restrito de mercadorias
no cenário internacional. A introdução de novos
segmentos industriais (automobilístico, papel e ce-
lulose, calçadista, dentre outros) e a expansão de
outros setores já existentes permitiram alguma di-
versificação da economia baiana, contribuindo para
ampliar o rol de produtos – tanto aqueles voltados
ao comércio internacional, como os direcionados ao
mercado interno – e refletindo um novo panorama
na economia do estado.
A maior abertura comercial e a ampliação da
integração da economia brasileira ao comércio
mundial, em meados da década de 1990, tiveram
desdobramentos sobre a economia baiana. Como
resultado desse novo contexto, os fluxos mercantis
entre a Bahia e seus parceiros comerciais exter-
nos apresentaram desempenho bastante favorável
no período entre 1990 e 2012, com crescimento de
757%, conforme os dados do Ministério de Desen-
volvimento, Indústria e Comércio Exterior (BRASIL,
2013). Ou seja, de uma corrente de comércio de
US$ 2,2 bilhões em 1990, o volume subiu para US$
19 bilhões em 2012.
As exportações experimentaram uma expan-
são de 675%, passando de US$ 1,45 bilhão em
1990 para US$ 11,3 bilhões no ano de 2012. As
importações também cresceram fortemente com