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Inserção internacional, transformações estruturais, (des)concentração espacial:umaanálise para
a economia baiana
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Bahia anál. dados, Salvador, v. 23, n. 3, p.587-612, jul./set. 2013
podendo ser do setor primário ou secundário. Ain-
da segundo North (1977), à medida que as regiões
crescem em torno de uma base de exportação,
desenvolvem-se economias
externas, melhorando o cus-
to competitivo destes artigos
de exportação, gerando efei-
tos positivos sobre a base de
crédito, os meios de trans-
porte, o treinamento de mão
de obra, os serviços auxilia-
res, a pesquisa, a tecnologia e outras.
Em síntese, a Teoria da Base de Exportadora
ressalta a capacidade das exportações em gerar
efeitos multiplicadores sobre a região, impactando
positivamente nas demais atividades produtivas e
afetando, também, a distribuição espacial das áreas
urbanas. Deste modo, os argumentos dessa teoria
vão em sentido oposto aos propostos pela teoria
cepalina, uma vez que parte do crescimento “para
fora” para impulsionar o crescimento interno.
ECONOMIA BAIANA: TRANSFORMAÇÕES
ECONÔMICAS NO PERFIL PRODUTIVO E
EXPANSÃO DAS RELAÇÕES COMERCIAIS
INTERNACIONAIS
Conforme exposto na seção anterior, durante
os anos 50 do século passado, muitos estudos e
análises foram feitos sobre as questões estruturais
regionais e seus processos de desenvolvimento. No
contexto desse ambiente, o documento intitulado
Uma política de desenvolvimento econômico para
o Nordeste,
realizado pelo Grupo de Trabalho para
o Desenvolvimento do Nordeste (GTDN), em 1959,
revestiu-se de uma importância singular por ter re-
presentado uma “[...] síntese de várias concepções
relevantes a nível teórico da segunda metade dos
anos 50 sobre o processo de desenvolvimento re-
gional” (SPINOLA; ARAÚJO; PEDRÃO, 1997, p. 40).
Influenciado pelo pensamento cepalino, do qual
absorveu ideias básicas, esse grupo de trabalho
apresentou um referencial teórico assentado em um
conjunto de concepções inovadoras e polêmicas
produzidas por uma plêiade de pesquisadores que
se debruçaram sobre a temá-
tica do subdesenvolvimento
nos anos de 1955 a 1958.
Pensadores como Perroux
(1977 [1955]), Myrdal (1972
[1956]) e Hirschman (1977
[1958]), em congruência com
as teses da CEPAL, serviram
de reforço teórico para este relevante estudo orga-
nizado por Celso Furtado.
O quadro de evidente desigualdade regional que
existia no Brasil, onde o Nordeste exercia um papel
periférico no conjunto da economia nacional, po-
deria ser revertido, segundo o estudo, a partir de
um planejamento que buscasse proporcionar mu-
danças estruturais no panorama então vigente. A
solução encontrada era fruto de uma combinação
de diagnósticos da CEPAL e de um grupo de espe-
cialistas, conforme sintetizaram Spinola, Pedrão e
Zacarias (1983, p. 154):
A saída para o Nordeste seria uma espécie
de causação circular (Myrdal) em sentido
contrário ao processo que se dava até então:
um grande impulso (Rosenstein Rodan) re-
presentado por mudanças estruturais basea-
das no planejamento (CEPAL) e na utilização
dos elementos dinâmicos da própria econo-
mia nordestina. Esses elementos seriam o
setor exportador, que forneceria a base de re-
cursos (North) capaz de ampliar a poupança
interna, os investimentos públicos germina-
tivos (Hirschman) e a industrialização motriz
(Perroux), que, em conjunto e dentro de um
plano cuidadosamente traçado e executado,
possibilitariam o desenvolvimento regional a
um ritmo adequado e em nível de auto-sus-
tentação (CEPAL).
No caso da Bahia, a história econômica recen-
te, analisada por meio de sua evolução no decurso
dos últimos 60 anos, revela o caráter industrialista
Durante os anos 50 do século
passado, muitos estudos e
análises foram feitos sobre
as questões estruturais
regionais e seus processos de
desenvolvimento