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Inserção internacional, transformações estruturais, (des)concentração espacial:umaanálise para
a economia baiana
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Bahia anál. dados, Salvador, v. 23, n. 3, p.587-612, jul./set. 2013
econômico dos estados periféricos. Além desta in-
trodução, o artigo apresenta mais outras cinco se-
ções. Na próxima, é feita uma breve apresentação
das principais teorias que discutem os ganhos de
comércio internacional para
o crescimento econômico,
entre elas a Teoria Estrutu-
ralista da CEPAL e a Teoria
da Base de Exportadora.
Na seção seguinte, é fei-
ta uma análise tradicional
da forma como a economia
baiana é normalmente re-
tratada pelos maiores es-
tudiosos contemporâneos, de forma a evidenciar
como ocorreu a evolução econômica da Bahia e
sua relação com o resto do mundo, incluindo uma
análise recente da internacionalização da econo-
mia medida pelo aumento das exportações. Na
quarta seção, são feitas as considerações sobre o
dinamismo recente dos maiores municípios expor-
tadores, que tiveram suas informações desagrega-
das de modo a retratar os dados econômicos em
dois painéis: os municípios exportadores da RMS
e os chamados “municípios do interior”, forma de-
signada para analisar os municípios exportadores
localizados fora do cinturão da RMS. Essa desa-
gregação foi feita com o propósito de verificar se
há um processo de desconcentração da economia
baiana em torno dos municípios que mais se so-
bressaem nas relações de comércio exterior, e se
esses municípios se destacam, tanto do ponto de
vista do crescimento econômico como da geração
de empregos, em relação aos demais analisados.
Posteriormente foram realizadas análises do
multiplicador da base exportadora sobre os empre-
gos formais dos municípios baianos. Essa análise
teve como objetivo fazer um teste empírico com
base nos multiplicadores normalmente utilizados
em análises que tomam a Teoria da Base Exporta-
dora como referência. Nessa seção, que antecede
as considerações finais do artigo, busca-se eviden-
ciar a importância dos setores exportadores tanto
do ponto de vista da geração de postos de trabalho
formal, como do ponto de vista da geração de ex-
ternalidades para os demais setores produtivos dos
municípios baianos.
ANÁLISE DOS GANHOS
DO COMÉRCIO
INTERNACIONAL: UMA
BREVE ABORDAGEM
CONCEITUAL
Desde os economistas
clássicos, a ciência econô-
mica preocupa-se com as questões relativas aos
fluxos produzidos pelo comércio internacional. Ao
longo da história do pensamento econômico, vários
foram os trabalhos que enfatizaram o papel destes
fluxos no desenvolvimento econômico dos países e
regiões e seus impactos sobre os principais agrega-
dos macroeconômicos. De modo geral, a discussão
concentra-se na capacidade que as atividades vol-
tadas para o comércio externo possuem de gerar
externalidades positivas e do seu efeito multiplica-
dor sobre as demais atividades.
Um dos primeiros teóricos a discutir o comércio
internacional e a defender os seus ganhos para as
economias nacionais foi Adam Smith (1982 [1776]),
com o princípio das vantagens absolutas. Segundo
este princípio, as nações deveriam se especializar
na produção do bem
que produzissem com maior
vantagem absoluta, sendo esta vantagem determi-
nada pela quantidade de trabalho necessária para
produzir determinado produto. Assim, os países ex-
portariam o que melhor produzissem e importariam
o que produziriam a um custo mais elevado. Nesse
contexto, está implícito que a nação que não apre-
sentasse nenhuma vantagem absoluta não poderia
participar do comércio internacional.
Para David Ricardo (1982 [1817]), a especiali-
zação completa sugerida por Smith seria apenas
um caso particular, pois existiriam economias que
seriam mais eficientes na produção de todos os
Ao longo da história do
pensamento econômico,
vários foram os trabalhos que
enfatizaram o papel destes fluxos
no desenvolvimento econômico
dos países e regiões e seus
impactos sobre os principais
agregados macroeconômicos