Página 79 - A&D_v23_n2_2011

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Diógenes Marcelino Barbosa Santos
Bahia anál. dados, Salvador, v. 23, n. 2, p.349-367, abr./jun. 2013
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condições de menor pressão osmótica dentro do
bulbo salino, viabilizando, dessa maneira, a utili-
zação agrícola da água de baixa qualidade. Sabe-
-se que, diferentemente do tipo de solo que ocorre
na área deste estudo, solos de natureza vértica,
ou seja, argilosos e especialmente aqueles com
argilas do tipo 2:1, tornam-se salinos, sódicos e
solodizados rapidamente quando submetidos à
prática de irrigação intensiva. Ao longo desta pes-
quisa serão realizadas amostragens especiais de
solos, dentro e fora do bulbo molhado, para moni-
toramento da evolução da salinidade do solo e a
sua influência sobre os cultivos.
Química da água do Lago de São José do
Jacuípe
Em 1996, a Hydros Engenharia realizou estudo
da análise físico-química da água cujas amostras
foram coletadas na borda do lago e na descarga
de fundo da barragem com objetivo de realizar sua
classificação para fins de irrigação. As análises
físico-químicas da água indicaram valores de pH =
6,9; cloreto (Cl
-
) = 603,0 mg.L
-1
; sódio trocável (Na
+
)
= 186,0 mg.L
-1
; CE=1,20 dS.m
-1
e razão de adsor-
ção de sódio (RAS)=3,84. Os resultados obtidos
foram classificados como C3S1, ou seja, água de
salinidade muito alta e baixo teor de sódio. Água
de salinidade alta (0,75<CE>2,25 dS.m
-1
) não deve
ser usada para irrigação de solos com deficiência
de drenagem e podem necessitar de práticas espe-
ciais para o controle da salinidade. Pode ser usada
para irrigar plantas com boa tolerância aos sais.
Fontes (2008) revisou dados analíticos das
águas do Lago de São José obtidos por Linhares e
Mestrinho (2001) que determinaram concentração
de cloreto (Cl
-
) 500 mg.L
-1
, e de Ingá (2004), que indi-
cou concentrações de cloretos de 540 a 605 mg.L
-1
.
A pesquisa realizada por Fontes (2008) incluiu
um levantamento da qualidade das águas do Lago
de São José do Jacuípe no período entre julho de
2006 e novembro de 2007. O estudo foi realizado
em três localidades estrategicamente posicionadas:
na entrada do lago (montante), no lago próximo à
captação para irrigação e na saída do lago, na des-
carga de fundo da barragem (jusante) e na locali-
dade de Gavião, distante 20 km a jusante da barra-
gem. Concluiu-se que as águas do reservatório de
São José do Jacuípe permanecem empobrecidas
(isotopicamente menos enriquecidas) até a entrada
do reservatório, que reflete os valores encontrados
para as vazões de entrada. Verificou-se ainda que
as águas são afetadas pela evaporação, principal-
mente nos pontos mais próximos à barragem e nas
águas mais profundas, sobretudo devido à elevada
taxa de evapotranspiração local.
A autora sugere que as concentrações de sais
na água vêm aumentando ao longo dos anos por
causa do progressivo aporte de sais provenientes
da sua área de drenagem, com ascensão cres-
cente, ultrapassando o limite de 250 mg.L
-1
,
após a
construção da Barragem do França. Segundo a au-
tora, os processos de aporte de sais no reservatório
contribuem mais vigorosamente para a salinização
das águas do que para a sua sodificação. Ou seja,
o teor de sódio não é o íon mais abundante na área
da Bacia do Jacuípe. Adicionalmente, as águas do
lago foram classificadas como de alta vulnerabilida-
de à salinização.
Tabela 2
Classificação de solos afetados por sais
Solos
Classificação
tradicional
Classificação
proposta
Solos normais
CE < 4
CE < 2
PST < 15
PST < 15
pH < 8,5
pH < 8,5
Solos salinos
CE > 4
CE > 2
PST < 15
PST < 15
pH < 8,5
pH < 8,4
Solos sódicos
CE < 4
CE < 2
PST > 15
PST > 15
pH > 8,5
pH > 8,5
Solos salino-sódicos
CE > 4
CE > 2
PST > 15
PST > 15
pH < 8,5
pH < 8,5
Fonte: Bohn e outros (1985).