Página 45 - A&D_v23_n2_2011

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Ana Paula Garcia, Karla Patrícia Oliveira Esquerre, MarizaMello, Asher Kiperstok
Bahia anál. dados, Salvador, v. 23, n. 2, p.317-333, abr./jun. 2013
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As grandes metrópoles brasileiras, em sua maior
parte, formaram-se a partir de uma urbanização por
expansão de bairros periféricos, sem planejamento,
criando espaços segregados e desordenados, pro-
cesso iniciado na década de 40 e presente nos dias
atuais, excluindo grande parte da população dos ser-
viços urbanos (JACOBI, 1990, apud JULIÃO, 2003).
Por sua vez, o crescimento da ocupação do
solo, associado ao processo de poluição, tem
comprometido a qualidade dos mananciais mais
próximos, fazendo com que o abastecimento das
cidades ocorra a partir de pontos cada vez mais
distantes, segundo um modelo denominado de
gestão da oferta de água.
A população de baixa renda constitui-se no seg-
mento mais numeroso dos usuários da água urba-
na. Na Tabela 2, observa-se que cerca de 70% dos
domicílios das principais regiões metropolitanas do
Brasil possuem renda domiciliar de até cinco salá-
rios mínimos. Na Região Metropolitana de Salvador
(RMS) este percentual chega a 80%. Observa-se
ainda que metade dos domicílios da RMS possui
renda mensal de até dois salários mínimos.
Julião (2003) afirma que possuir uma moradia
tem um custo quase inacessível à grande parte da
população, obrigando esta a buscar opções mais
baratas de habitação, criando assim o processo de
favelização. O autor afirma ainda que o processo de
urbanização, além da favelização, trouxe problemas
de caráter social, econômico e sanitário, causados
principalmente pelo subemprego ou desemprego,
gerando exclusão social e privando os cidadãos de
oportunidades de melhor qualidade de vida e saúde.
Embora algumas regiões brasileiras possuam
cerca de 90% da sua população atendida com
abastecimento de água, o aumento da cobertu-
ra tem sido incipiente nos últimos anos. Segundo
dados do Sistema Nacional de Informações sobre
Saneamento (SNIS) (2012), o índice de atendimento
com abastecimento de água, em nível nacional, au-
mentou 1,4%, de 2003 para 2008. Assim, uma parte
significativa da população ainda vive em condição
Tabela 1
Taxa de urbanização no Brasil e nas regiões
(%)
Região/Ano
1950
1970
1991
2000
2004
2011
Brasil
36
56
78
81
83
85
Norte
32
45
59
70
74
74,7
Nordeste
26
42
61
69
72
73,7
Sudeste
45
73
88
91
92
93,4
Sul
30
44
74
81
82
85,1
Centro-oeste
24
48
81
87
86
90,8
Fonte: IBGE/ PNAD e censos demográficos.
Tabela 2
Domicílios particulares permanentes, por região metropolitana, segundo classes de rendimento mensal
domiciliar
Região metropolitana
São Paulo
Rio de Janeiro
Belo Horizonte
Salvador
Rendimento mensal domiciliar
% % Acum.
% % Acum.
% % Acum.
% % Acum.
Sem rendimento
5%
5%
5%
5%
3%
3%
6%
6%
Até 1 SM
8% 13% 13% 18% 11% 14% 21% 28%
Mais de 1 a 2 SM
18% 31% 21% 39% 20% 34% 24% 51%
Mais de 2 a 5 SM
36% 67% 34% 73% 38% 72% 29% 80%
Mais de 5 a 10 SM
19% 86% 16% 88% 17% 89% 11% 91%
Mais de 10 a 20 SM
9% 95%
8% 96%
7% 96%
6% 97%
Mais de 20 SM
5% 100%
4% 100%
4% 100%
3% 100%
Fonte: IBGE, Censo 2010.