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A produção de etanol: umaanálise das estratégias paraa redução do consumo de água
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Bahia anál. dados, Salvador, v. 23, n. 2, p.303-315, abr./jun. 2013
detalhada de cada uma das etapas, com sugestões
para a redução do consumo da água.
Lavagem da cana-de-açúcar e esteira
Na lavagem da cana-de-açúcar antes da moa-
gem, podem-se observar alguns procedimen-
tos úteis para a redução do consumo de água.
Primeiro, a eliminação da despalha com fogo,
o que reduziria a aderência de terra e pedregu-
lhos, podendo até mesmo haver dispensa da
lavagem. Recomenda-se a realização da lava-
gem em mesa separada daquela onde ocorre
o desfibramento para evitar perda de bagaci-
lho aderido. Pode-se reduzir a vazão da água
usada através da remoção a seco de parte das
impurezas e pelo reuso da água no proces-
so de lavagem, passando esta por tratamen-
to para remover sólidos grosseiros, resíduos
sedimentáveis e eventualmente substâncias
orgânicas solúveis.
A tendência é que não se lave mais a cana, o
que se pode conseguir com o fim da queima e
a mecanização da colheita, conforme previsto
na Lei n°11.241/2002, do estado de São Paulo
(SÃO PAULO, 2002).
A lei supracitada acordou para 2014 e 2017 o
término da queima para áreas mecanizáveis e
não mecanizáveis, respectivamente. A adesão
ao protocolo e o cumprimento das regras esta-
belecidas conferirão selo ambiental às usinas.
Este selo facilitará a comercialização do etanol.
Com a proibição da queima da cana-de-açúcar
e o avanço da colheita mecanizada, estima-se
uma queda de 61% no número de emprega-
dos no corte da cana até o ano 2015. Segundo
Leite (2008), o sistema de limpeza de esteiras
continua a ser utilizado, porém com volumes
menores. O circuito pode ser reduzido de 10
m
3
/t. cana de uma mesa convencional para 1
a 2 m
3
/t. cana. Assim, segundo os valores utili-
zados para lavagem da cana apresentados na
Tabela 2
Usos da água (valores médios) em usinas com destilaria anexa
Descrição
Fator de uso médio
(m3/t. cana total)
Distribuição (%)
Alimentação
Lavagem de cana
5,33
25,40
Extração (moendas)
Embebição
0,25
1,20
Resfriamento de mananciais
15,00
0,70
Tratamento do
caldo
Preparo de leite de cal
0,01
0,10
Resfriamento de sulfitação
0,05
0,20
Embebição dos filtros
0,04
0,20
Condensadores dos filtros
0,30
1,40
Concentração
do caldo (*)
Condensadores multijatos evaporação
2,00
9,50
Condensadores multijatos cozedores
4,00
19,00
Diluição de méis
0,03
0,10
Resfriamento cristalizadores
0,05
0,20
Lavagem de açúcar
0,01
0,00
Geração de energia
Produção de vapor
0,50
2,40
Fermentação (**)
Resfriamento turbogeradores
0,20
1,00
Resfriamento do caldo
1,00
4,80
Resfriamento das dornas
3,00
14,30
Destilaria (**)
Resfriamento dos condensadores
4,66
19,60
Outros
Limpeza dos equipamentos
0,05
0,20
Fonte: Elia Neto (1995).
Nota: (*) itens que não participam do processo do álcool;
(**) itens que não participam do processo do açúcar.