Página 37 - A&D_v23_n2_2011

Versão HTML básica

AngelaMachado Rocha, André de Goes Paternostro, Marcelo Santana Silva, PaulaMeyer Soares, Fabio Konishi
Bahia anál. dados, Salvador, v. 23, n. 2, p.303-315, abr./jun. 2013
311
ambiental, protocolados após a publicação da Re-
solução SMA - 67, de 18/09/2008, referente à ins-
talação ou à ampliação de empreendimentos exis-
tentes do setor sucroalcooleiro. Para a renovação
da Licença de Operação desses empreendimentos
regularmente existentes nestas áreas, será exigido
plano de adequação às condicionantes estabeleci-
das para as áreas classificadas como Adequadas
com Restrições Ambientais.
O estado de São Paulo possui 3,9 milhões de
ha de áreas adequadas. Além disso, existem 8,9
milhões de ha de áreas adequadas com limitações
ambientais; 5,5 milhões de ha de áreas adequadas
com restrições ambientais e 6,7 milhões de ha de
áreas inadequadas (UNIÃO DAS INDÚSTRIAS DE
CANA-DE-ÁÇUCAR, 2012).
De acordo com o Ministério da Agricultura, Pe-
cuária e Abastecimento (MAPA), o Brasil possui ao
todo 401 usinas produzindo etanol e açúcar. São
294 unidades mistas, 95 dedicadas exclusivamente
ao álcool e dez, ao açúcar, sendo que duas unida-
des não apresentam lançamento (BRASIL, 2010).
A Figura 2 descreve o fluxograma de um balanço
de massa genérico de uma usina mista, onde se visu-
alizam as etapas que envolvem o consumo de água.
Os principais processos que consomem água na
produção de álcool são a lavagem da cana (29%),
os condensadores multijatos (25%), o resfriamento
dos condensadores (19%) e o resfriamento de dor-
nas (14%) (LEITE, 2008).
Conforme o apresentado na Figura 2, as usinas
brasileiras possuem o seguinte balanço de água.
Para cada tonelada de cana-de-açúcar, entram
inicialmente cinco mil litros de água na usina para
a lavagem. Durante o processo produtivo, o con-
sumo gera em torno de 1.830 litros para proces-
samento dessa tonelada. A água sai da usina na
forma de perdas, calculadas em 1.919 l/t. cana por
evaporação, no bagaço, nas purgas da lavagem de
cana e outras. Ainda também há saída nos subpro-
dutos como açúcar (0,03 l/t. cana), etanol (0,26 l/t.
cana), vinhaça (570 l/t. cana) e torta de filtro (40
l/t.de cana).
A Tabela 2 apresenta um levantamento indican-
do que a necessidade de água de uma usina seria
de 21 m
3
/t. cana, caso os circuitos fossem totalmen-
te abertos. Leite (2008) concluiu que seriam neces-
sários 19 m
3
/t. cana, com os circuitos totalmente
abertos, e também com a implementação de um
sistema de cogeração e com a eliminação da lava-
gem da cana. A lavagem de cana-de-açúcar acon-
teceria apenas caso houvesse uma quantidade de
matéria inorgânica muito elevada contida nesta.
O circuito aberto foi muito utilizado na indústria
sucroalcooleira instalada perto de cursos d’água.
Ou ainda com a água captada, utilizada no proces-
so e lançada em rio diretamente ou após tratamento
em lagoas para esse fim.
Uso racional da água na produção de etanol
A redução do desperdício de água ao longo
da cadeia produtiva de etanol é possível em to-
das as etapas do processo. A seguir, uma análise
LAVAGEM
MOENDA
CLARIFICAÇÃO
DECANTAÇÃO
EVAPORAÇÃO
COZIMENTO
CRISTALIZAÇÃO
DILUIÇÃO MELAÇO
FERMENTAÇÃO
DESTILAÇÃO
RETIFICAÇÃO
FILTRO
C.B.
C.B.
CANA
1.000 t
AÇÚCAR
96 L
ÁLCOOL
3
36 m
P/ CALDEIRA
VINHOTO
3
(360m )
VAPOR
ÁGUA
3
(400m )
ÁGUA
3
(3m )
VAPOR
VAPOR
VAPOR
Cal + SO
2
2
(20 m )
ÁGUA
3
(50m )
ÁGUA
3
(270m )
ÁGUA
3
(5.000 m )
ÁGUA DE LAVAGEM
3
(5.000 m )
BAGAÇO DE CANA
(270 t)
3
110 m
P/ CALDEIRA
3
100 m
40 m TORTA
(35 t)
ÁGUA
3
(7.300m )
ÁGUA DO COND.
BAROMÉTRICO
3
(7.715m )
P/ CALDEIRA
P/ CALDEIRA
ÁGUA
3
(3.400m )
ÁGUA DO COND.
BAROMÉTRICO
3
(3.470m )
CONDENSADO DO
EVAPORADOR
3
(580m )
3
1.130 m
3
1.030 m
3
235 m
3
165 m
3
500 m
Figura 2
Fluxograma do balanço de massa genérico de uma
usina de açúcar e álcool
Fonte: Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (2002 apud BRASIL 2006).