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A produção de etanol: umaanálise das estratégias paraa redução do consumo de água
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Bahia anál. dados, Salvador, v. 23, n. 2, p.303-315, abr./jun. 2013
da chuva que evaporou durante a produção, princi-
palmente durante o crescimento das culturas. O WF
azul refere-se a águas superficiais e subterrâneas
para irrigação evaporadas durante o crescimento
da safra. O WF cinza é o volume de água que se
torna poluído durante a produção, ou seja, a quan-
tidade de água necessária para diluir os poluentes
descarregados em águas naturais até atingir os pa-
drões de qualidade da água (GERBENS-LEENES;
HOEKSTRA; VAN DER MEER, 2009).
De acordo com os dados apresentados por
Gerbens-Leenes, Hoekstra e Van der Meer (2009),
o volume total médio de água necessário para a
produção de um litro de etanol a partir da cana-de-
-açúcar é de 2,516 litros. Para cada litro de etanol
produzido a partir da cana-de-açúcar é necessário
1,152 litro de água natural (
green water
). Se o etanol
for produzido a partir da beterraba, esse volume cai
para 0,566 litro de água natural. Uma diferença de
mais de 100% de consumo de água. Portanto, o
consumo de água para a produção de etanol de-
pende da matéria-prima escolhida para a sua pro-
dução, conforme a Tabela 1.
A sustentabilidade da cadeia produtiva do eta-
nol requer o uso adequado da água e a adoção de
técnicas produtivas menos poluentes. A fase agrí-
cola precisa também prever as consequências de-
correntes da escassez dos recursos hídricos e a
depredação da biodiversidade.
O uso da água na cadeira produtiva de etanol
A água envolvida na etapa da produção de eta-
nol consiste em dois tipos, a água de consumo e a
de captação efetiva de água. A primeira resulta da
soma de todos os usos no processo, como se todos
os circuitos de água fossem abertos, enquanto que
a segunda resulta da captação efetiva de água para
reposição nos circuitos existentes.
A água de captação é oriunda de mananciais,
rios, lagos ou poços artesianos. A água para con-
sumo é o volume captado de água menos o volume
de água consumida para reposição do consumo in-
terno nos processos e utilidades.
De acordo com a Resolução SMA-88, de
20/12/2008 (SÃO PAULO, 2008), pela qual se de-
finem as diretrizes para o licenciamento de empre-
endimento sucroalcooleiro do estado de São Paulo,
as usinas que estiverem localizadas em áreas clas-
sificadas como adequadas para o plantio de cana-
-de-açúcar deverão utilizar a quantidade de água
na razão de 1 m
3
/t. cana. Essa meta é alcançável
com as tecnologias disponíveis para redução deste
consumo. A Resolução SMA também estabelece
que, nas áreas adequadas com limitações e res-
trição, o uso de água caia para um índice de, no
máximo, 0,7 m
3
/t. cana.
Nas áreas classificadas como inadequadas,
não serão mais aceitos pedidos de licenciamento
Tabela 1
Pegada de água (Water Footprint - WF)
Lavouras
Total WF
Azul WF
Verde WF
Total água
Azul água
Verde água
Etanol
m
3
por GJ etanol
litro de água por litro de etanol
Beterraba
59
35
24
1,388
0,822
0,566
Batata
103
46
56
2,399
1,078
1,321
Cana
108
58
49
2,516
1,364
1,152
Milho
110
43
67
2,570
1,013
1,557
Mandioca
125
18
107
2,926
420
2,506
Cevada
159
89
70
3,727
2,083
1,644
Centeio
171
79
92
3,990
1,846
2,143
Arroz
191
70
121
4,476
1,641
2,835
Trigo
211
123
89
4,946
2,873
2,073
Sorgo
419
182
238
9,812
4,254
5,558
Fonte: Gerbens-Leenes, Hoekstra e Van der Meer (2009).
Nota: A tabela também mostra a quantidade de água necessária para a produção de um litro de etanol de acordo com a lavoura. Os dados são apresentados pela média po
derada global.