Página 35 - A&D_v23_n2_2011

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AngelaMachado Rocha, André de Goes Paternostro, Marcelo Santana Silva, PaulaMeyer Soares, Fabio Konishi
Bahia anál. dados, Salvador, v. 23, n. 2, p.303-315, abr./jun. 2013
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de depuração, com a eliminação parcial de impu-
rezas (compostos) como aldeídos e ésteres. Esta
operação resulta no vinho depurado e uma fração
denominada álcool bruto de segunda. O vinho de-
purado é em seguida sub-
metido a uma nova des-
tilação, da qual resultam
duas frações: o flegma,
que é o produto principal
da destilação constituído
por uma mistura impura
de água e álcool, e a vinhaça, um resíduo aquoso
de destilação do vinho. O flegma é então subme-
tido à operação de retificação para separação dos
alcoóis superiores e concentração do destilado
até o grau alcoólico do etanol hidratado (97%).
Para o etanol hidratado ser concentrado a etanol
anidro, é necessária uma etapa de desidratação,
realizada por destilação comagente desidratador,
como o ciclohexano, ou por peneira molecular.
USO DA ÁGUA
As reservas de água do planeta se distribuem
irregularmente. O Brasil detém 12% de água doce
mundial e 25% das águas doces disponíveis. O con-
sumo de água no Brasil é destinado em torno de 61%
à agropecuária; 21% ao uso urbano e 18% à indús-
tria. A Agência Nacional de Águas (ANA) projeta o
consumo de água pelo setor industrial em 2025 para
algo perto de 1.170 m
3
/ano, contra os atuais 257,21
m
3
/ano (AGÊNCIA NACIONAL DA ÁGUA, 2000).
O etanol tem-se apresentado como uma das
soluções para minimizar os efeitos do esgotamen-
to das fontes energéticas fósseis. No entanto, é
importante considerar os efeitos gerados ao meio
ambiente decorrentes da expansão dessa produção
e do cultivo da cana-de-açúcar.
A água é um insumo essencial na produção de
etanol e seu custo está diretamente associado ao
modelo de produção adotado pelos produtores. É
importante observar a forma de uso e reuso dos
recursos hídricos na cadeia produtiva e seus efeitos
nos custos de produção.
Redução do uso da água no plantio
Segundo Allan (1998),
o cálculo da quantidade de
água que se utiliza para a
produção de
commodities
pode ser tratado através de
uma análise do conceito de
“água virtual”. Este conceito engloba a quantida-
de de água gasta para produzir um bem, produto
ou serviço. É uma medida indireta dos recursos
hídricos consumidos no processo produtivo, não
apenas no sentido visível, físico, mas também no
sentido virtual, embutida no produto. O cálculo da
água virtual de produtos primários é obtido pela re-
lação entre a quantidade total de água usada no
cultivo e a produção expressa em m³/t.
Esta estimativa é feita em função do tipo de
solo, clima, técnica de plantio, irrigação, entre ou-
tros. Quantificada a água virtual obtida do produto
primário, pode-se mapeá-la através de um inventá-
rio hídrico, seguido de acompanhamento dos vários
passos para obtenção do produto final.
Hoekstra (2011) afirma que o comércio global
movimenta um volume anual de água virtual da or-
dem de 1.000 a 1.340 km³, sendo que 67% desse
total está relacionado com o comércio de produtos
agrícolas; 23%, com o comércio produtos animais,
e 10% estão relacionados a produtos industriais.
O estudo de Gerbens-Leenes, Hoekstra e Van
der Meer (2009) calcula a pegada da água – Water
Footprint (WF) – de culturas energéticas através da
relação entre o rendimento energético de uma cul-
tura e o uso real da água em condições climáticas
normais durante o ciclo vegetativo.
O WF de um produto é definido como o volume
de água doce utilizada para a produção no local
onde foi efetivamente produzido. O WF possui três
componentes: WF verde (
green
), o WF azul (
blue
)
e o WF cinza (
gray
). O WF verde refere-se à água
As reservas de água do planeta
se distribuem irregularmente. O
Brasil detém 12% de água doce
mundial e 25% das águas doces
disponíveis