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BrunaMendonça, Dalvino Franca, Joaquim Gondim, Luis Preto
Bahia anál. dados, Salvador, v. 23, n. 2, p.475-486, abr./jun. 2013
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capacitação de recursos humanos e à cria-
ção de novas institucionalidades para cui-
dar da gestão das iniciativas de combate à
desertificação.
O eixo que trata da amplia-
ção sustentável da capacida-
de produtiva destaca a neces-
sidade de fortalecer a gestão
dos recursos hídricos para
garantir a alocação eficiente
para os diferentes usos.
Núcleos de desertificação
Os impactos causados na paisagem pela de-
sertificação são divididos entre difusos e concen-
trados. Os difusos caracterizam-se especialmente
pela ocorrência de processos de degradação ex-
tensivos, cujos efeitos implicam alguma redução da
qualidade de vida da população. Os impactos con-
siderados concentrados abrangem os danos am-
bientais mais evidentes, gerando eventos de pro-
funda gravidade e aparente irreversibilidade, onde
os prejuízos sociais evidenciam-se, especialmente,
pelos movimentos migratórios e pelas determinan-
tes mudanças na estrutura familiar. As áreas afeta-
das pelos impactos concentrados são denominadas
Núcleos de Desertificação (MMA, 2007).
De acordo com o PAN-Brasil, a princípio, foram
identificados quatro núcleos de desertificação no
Nordeste (Cartograma 3): Seridó, Irauçuba, Gilbués
e Cabrobó. Estes núcleos apresentam em comum
apenas a ocorrência dos processos de desertifica-
ção. Eles são caracterizados individualmente por
aspectos bastante distintos entre si, seja com rela-
ção às suas características geoambientais, à ativi-
dade antrópica responsável pelo desencadeamento
do processo de degradação, ou às consequências
ambientais apresentadas pela desertificação.
O Núcleo de Seridó (nos Estados de Rio Grande
do Norte e Paraíba) possui 244 mil habitantes, em
2.341 km², afetados pela desertificação causada,
principalmente, pela associação entre processos
naturais (forte incidência solar que acarreta acen-
tuados níveis de evaporação e consequente resse-
camento do solo) e processos antrópicos, onde se
destacam a intensa prática de queimadas, os des-
matamentos, a utilização de
culturas e técnicas inadequa-
das de plantio, a retirada de
material para a construção
de estradas e produção em
olarias, além da mineração
intensa. Os solos nessa re-
gião são rasos e pedregosos
e, em alguns locais, há afloramento de rochas. Os
municípios atingidos são: Currais Novos, Cruzeta,
Equador, Carnaúba dos Dantas, Acaraí, Parelhas,
Caicó, Jardim do Seridó, Ouro Branco, Santana do
Seridó e São José do Sabuji (Sá e outros, 2010).
No Estado do Ceará, há o Núcleo de Irauçuba,
com 34 mil habitantes em 4.000 km². Este núcleo
está inserido na área em que são registrados os
menores índices pluviométricos do semiárido, en-
globando os municípios de Irauçuba, Sobral, Teju-
cuoca, Itapagé, Canindé Miraíma. Sua ocupação é
antiga e marcada por práticas inadequadas de uso
do solo e pela pecuária. São observados graves
problemas de erosão, perda de fertilidade e expo-
sição dos solos, redução na produção agrícola e
emigração (Sá e outros, 2010).
O Núcleo de Gilbués, no extremo sul do Estado
de Piauí, envolve os municípios de Gilbués, Monte
Alegre do Piauí, Barreiras do Piauí, São Gonçalo do
Gurgueia, Santa Filomena, Alto Parnaíba, totalizan-
do 6.131 km² e 20 mil habitantes (Sá e outros, 2010).
Entre latossolos, areias quartzosas, solos litólicos e
lateríticos, a cobertura vegetal é predominantemen-
te caracterizada como Cerrado, com restritas áreas
de caatinga e características zonas de transição.
Sua ocupação e uso foram marcados pelo garimpo
de diamantes e pela pecuária extensiva. O assore-
amento dos rios, o desmoronamento de encostas, o
surgimento e a movimentação de dunas, a presen-
ça maciça de voçorocas e a exposição de solo são
alguns dos aspectos que evidenciam o processo de
De acordo com o PAN-
Brasil, a princípio, foram
identificados quatro núcleos
de desertificação no Nordeste:
Seridó, Irauçuba, Gilbués e
Cabrobó