Página 117 - A&D_v23_n2_2011

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João Carlos de PáduaAndrade, Alessandro Coelho Marques, Paulo Sérgio Vila Nova Souza
Bahia anál. dados, Salvador, v. 23, n. 2, p.383-396, abr./jun. 2013
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forma automática, pois sofrem influências de ca-
racterísticas inerentes a cada bacia.
De certa forma, esse cenário está presente tam-
bém na BHRA. De volta à Tabela 2, referente à dis-
tribuição das classes de cobertura e ao uso da terra
na bacia no período de 1975, 2001, 2006 e 2010,
verifica-se que os recursos hídricos representados
pelas represas, rios e lagos correspondem a 0,5%
da área da bacia, a qual tem o Rio Almada como
principal vetor de recursos hídricos. Com uma ex-
tensão de 138 quilômetros, o rio nasce nas serras
do município de Almadina e tem sua foz na cidade
de Ilhéus. A região do município de Almadina tem
altitudes superiores a mil metros, e as nascentes do
rio localizam-se por volta de 600 metros de altitude.
Para demonstrar a oferta de água no Rio Alma-
da, foram utilizados dados secundários oriundos da
ANA referentes à vazão do rio. De acordo com Car-
valho (2008), a vazão consiste no volume de água
que passa por determinada seção de um rio por
unidade de tempo. No presente artigo, foram utili-
zados dados de dois pontos de coletas: o primeiro
situado no município de Itajuípe e outro, no municí-
pio de Ilhéus, o primeiro situado a montante (mais
próximo da nascente do rio) e o segundo, a jusante
(mais próximo à foz do rio). Em ambos, foi utilizado
o mesmo período: de 1976 até 2010. Nesse sentido,
percebe-se, no Gráfico 2, a tendência de diminui-
ção da vazão do Rio Almada no período citado.
desempenha papel fundamental na manutenção da
vida dos seres que habitam a Terra. Contudo, ape-
sar de amplamente disponível, apenas uma parce-
la muito pequena do percentual exposto é própria
para o uso (GOMES, 2011). Do total de água dis-
ponível no planeta, cerca de 2,5% apresentam-se
como água potável. Deste percentual, em torno de
70% encontram-se em estado sólido, na forma de
geleiras ou neve permanente; 29,7% permanecem
no subsolo, em fontes de águas subterrâneas, en-
quanto que lagos e rios existentes no planeta dis-
põem de 0,3% de água potável (UN-WATER, 2013).
Segundo Christofoletti (1974), a drenagem fluvial
é composta por um conjunto de canais de escoa-
mento inter-relacionados que formam a bacia hidro-
gráfica ou bacia de drenagem, definida como área
drenada por um determinado rio ou por um sistema
fluvial. Ainda Christofoletti (1988) considerou estu-
dos aprofundados relativos às bacias hidrográficas,
destacando, dentre eles, a dinâmica do escoamen-
to fluvial, responsável pela ação dos sedimentos do
leito fluvial no transporte de sedimentos, nos me-
canismos deposicionais e na esculturação da to-
pografia do leito. Nesse sentido emerge a atenção
voltada para problemas ambientais, principalmente
associados a processos erosivos que modificam as
paisagens em bacias hidrográficas.
O regime das vazões de um curso d’água du-
rante certo período é o único termo do balanço hi-
drológico de uma bacia que pode ser determinado
com boa precisão. Os outros elementos do balanço,
como as precipitações, evaporações, etc., só po-
dem ser estimados a partir de medidas em alguns
pontos pluviométricos da bacia ou deduzidos de fór-
mulas com aproximações (CRUCIANI, 1980).
As bacias hidrográficas são susceptíveis às
mais variadas transformações. Para Tucci (2002),
as alterações nos processos hidrológicos terres-
tres produzidos pela ação do homem no uso do
solo podem resultar em alterações significativas
no escoamento superficial, na vazão máxima, mí-
nima e média, e na qualidade da água em bacias
hidrográficas. Essas mudanças não ocorrem de
40
1980 1985 1990 1995
2000 2005 2010
1975
35
30
25
20
15
0
10
5
Ilhéus Itajuípe
Linear (Ilhéus)
Linear (Itajuípe)
Gráfico 2
Média anual de vazão de água do Rio Almada
(m³/s) – Locais de coleta: Ilhéus e Itajuípe – Bahia
1976-2010
Fonte: ANA (2012).