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As regiões de crescimento no Nordeste: o caso de Santa Cruz do Capibaribe
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Bahia anál. dados, Salvador, v. 23, n. 3, p.671-681, jul./set. 2013
econômico nacional apresenta sua grande comple-
xidade de estrutura. Esta sofre a ação permanente
de uma multiplicidade de fatores sociais e institucio-
nais que escapam à análise
econômica corrente.
[...] O conceito de
crescimento deve
ser reservado para
exprimir a expan-
são da produção
real no quadro de
um subconjunto econômico. Esse crescimento
não implica, necessariamente, modificações
nas funções de produção, isto é, na forma em
que se combinam os fatores no setor produtivo
em questão (FURTADO, 1983, p. 90).
Em uma análise mais crítica em relação ao Bra-
sil, Celso Furtado é pessimista, pois, para ele, o de-
senvolvimento ficaria em segundo plano. “O cresci-
mento econômico, tal como o conhecemos, vem se
fundando na preservação de privilégios das elites
que satisfazem seu afã de modernização; já o de-
senvolvimento se caracteriza por seu projeto social
subjacente” (FURTADO, 2004, p. 11-24).
Após a reflexão e a conceitualização de cres-
cimento e desenvolvimento econômico, segue a
análise do termo “polos de crescimento” que se
enquadra nas áreas estudadas, com destaque para
o de Caruaru (PE).
Segundo Perroux (1967, p. 164), “o crescimento
não surge em toda parte ao mesmo tempo; mani-
festa-se com intensidades variáveis, em pontos ou
polos de crescimento; propaga-se, segundo vias
diferentes e com efeitos finais variáveis, no conjun-
to da economia”.
O polo de crescimento de Caruaru é sustentado
por uma forte produção de confecções envolvendo
os municípios vizinhos de Santa Cruz do Capibaribe
e Toritama, sendo o maior do Nordeste neste segui-
mento. Com uma distância de 135 quilômetros do
Recife e uma população de aproximadamente 315
mil habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Ge-
ografia e Estatística (2011), Caruaru tem no setor de
serviços e comércio o grande pilar de sustentação
de sua economia.
A partir da grande vocação para a produção
de roupas foi inaugurado
em 2004 um mega
shopping
center
, com mais de 600 lojas
abastecidas por milhares de
famílias de baixa renda que
trabalham de forma precária
em suas próprias casas ou
em galpões alugados pelas
cooperativas locais. Nota-se que a cidade é pro-
gressista, com altos índices de crescimento eco-
nômico, um dos maiores do interior pernambuca-
no (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA, 2011), mas o bem-estar social não
chegou para todos.
O Polo de Confecções do Agreste Pernam-
bucano concentra grande volume de peque-
nos fábricos caseiros. Este setor é muito
forte na economia da região, garantindo o
sustento de várias famílias, muitas vezes,
sem amparo social ou legal. O empreendi-
mento denominado como “Feira da Sulan-
ca”, que contempla o chamado mercado
de trabalho informal, absorve pessoas de-
sempregadas, que começam sem nenhuma
qualificação e, em pouco tempo de prática,
já estão adaptadas às atividades desempe-
nhadas – aprendem, na maioria das vezes,
no dia a dia do trabalho (l
earning by doing
)
e não em cursos específicos. As feiras rece-
bem semanalmente um número considerá-
vel de consumidores dos mais variados tipos
de classes sociais, em busca dos artigos de
confecção, que apresentam o preço baixo
como principal elemento de competição com
outras regiões do país. Os produtos comer-
cializados nas feiras tornam-se substitutos
dos comercializados no mercado formal,
acrescentando-se ainda a concorrência dos
vestuários oriundos da China (FERREIRA;
VASCONCELOS, 2011, p. 5).
O polo de crescimento de
Caruaru é sustentado por uma
forte produção de confecções
envolvendo os municípios vizinhos
[...] sendo o maior do Nordeste
neste seguimento