Página 183 - A&D_v23_n3_2011

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Amílcar Baiardi, FabihanaMendes, JanuziaMendes
Bahia anál. dados, Salvador, v. 23, n. 3, p.653-669, jul./set. 2013
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dos desequilíbrios regionais. Entretanto, não se
pode negar o papel de destaque que o complexo
cafeeiro paulista e o Estado assumiram nesse pro-
cesso de acicatar as oportunidades de negócios
industriais que foram surgindo na passagem do
século XIX para o século XX no eixo estabelecido
entre os estados do Rio de Janeiro e de São Paulo.
Diversos aspectos contribuíram para aprofundar
tais disparidades, entre eles, além do papel assu-
mido pelo Estado no período da industrialização,
também a conduta da elite nordestina, resistente às
mudanças de sua base produtiva e com gigantesca
desvantagem em termos de mentalidade empresa-
rial e propensão a assumir os riscos capitalistas.
Nas políticas públicas de redução dos desequilí-
brios regionais, conviria que o enfoque não se cen-
trasse na industrialização convencional, mas sim no
desenvolvimento sustentável, no qual a indústria de
transformação é apenas um, mas não necessaria-
mente o principal, objetivo. Nesse novo enfoque
pós-crise, o Estado deve assumir o papel de des-
taque, é seu dever eliminar (ou ao menos ameni-
zar) as distorções entre os espaços que compõem
a Federação através de políticas adequadas e efi-
cientes. Ademais, para que suas políticas atuem de
forma realmente eficiente, é preciso definitivamente
afastar a ideia de que apenas a industrialização é
capaz de promover o desenvolvimento por si só.
Em relação à esperança de se reduzirem as
desigualdades regionais mediante a geração de
conhecimento autóctone aplicado, uma vez que o
INSA ainda não apresentou nenhum resultado em
termos de inovação tecnológica, a grande expecta-
tiva de poder revolucionar as relações do ambien-
te acadêmico com as empresas e potencializar o
registro de patentes passou a ser o Cetene. Con-
tudo, até o presente momento, as expectativas
não vêm-se confirmando. O Cetene presentemen-
te está executando 31 projetos de pesquisa P&D
nas seguintes áreas: nanotecnologia
,
microscopia,
integração de circuitos e sistemas, biofábrica e
biocombustíveis (ver Quadro 1). Destes, apenas
quatro são com empresas e, dentre eles, predomi-
nam as ciências agrárias/biológicas. Nem todas as
atividades podem, a rigor, ser consideradas proje-
tos de P&D. Algumas têm como escopo a adap-
tação tecnológica e não a inovação. Um quadro
que também revela o menor número de atividades
com o setor privado é a relação de parcerias. O
Cetene elenca 38 parceiros, dos quais apenas dez
são empresas.
Quando se tenta avaliar o desempenho do Ce-
tene à luz de sua missão, suas diretrizes, seus ob-
jetivos e metas, comparados com sua
performance
e com o que diz a experiência internacional e na-
cional sobre terceirização de P&D, constata-se que
na instituição não existem regras explicitadas de
negociação de contratos de oferecimento de
facili-
ties
, e não se sabe se as atualmente praticadas são
compatíveis com as expectativas dos demandantes
no caso de universidades, centros de pesquisa e
empresas. Cada contrato assume uma forma, de
acordo com as conveniências. Da mesma forma
não existem regras claras sobre os contratos de
benefícios recíprocos entre as partes no caso de
patentes bem-sucedidas em termos de mercados.
Por sua vez, as ações de fomento e difusão do
conhecimento por parte do Cetene não mostram
estar contribuindo para redes de relacionamen-
tos dentro da comunidade de pesquisadores e de
Área de Pesquisa/
setor
Nanotecnologia
Microscopia
Integração de
circuitos e sistemas
Biofábrica
Biocombustíveis
Público
4
5
2
9
7
Privado
0
1
2
1
0
Total
4
6
4
10
7
Quadro 1
Projetos por eixo de competência do Cetene
Fonte: Elaboração própria.