Página 154 - A&D_v23_n3_2011

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Gastos em inovação na indústria brasileira e os efeitos sobre o
market share
regional
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Bahia anál. dados, Salvador, v. 23, n. 3, p.633-652, jul./set. 2013
inovativo e os aspectos organizacionais da firma e
do mercado
6
.
ESTRATÉGIA EMPÍRICA
Este artigo, além de estudar os determinantes
do crescimento do
market share
dos estados bra-
sileiros entre os anos 2000 e 2008, visa, de forma
complementar, examinar alguns pontos marcantes
da indústria no Brasil. Dessa forma, na primeira par-
te da seção de resultados foi calculada uma série
de indicadores de desigualdade industrial no país,
usando o coeficiente de Gini, para variáveis como:
número de empresas industriais e receita líquida de
vendas do setor. É claro que a novidade deste tra-
balho reside nas análises subsequentes que envol-
vem o cálculo da eficiência do esforço inovativo das
indústrias situadas em Unidades Federativas (UF)
selecionadas pela Pesquisa de Inovação Tecnológi-
ca (Pintec) nos anos 2000, 2003, 2005 e 2008 e, em
seguida, analisar a relação dessa eficiência com o
crescimento da fatia de mercado de cada estado no
setor de referência deste presente trabalho.
Etapas metodológicas
Para atender aos objetivos gerais do artigo é ne-
cessário o cumprimento de duas etapas, que serão
descritas nas subseções (a) e (b).
(a) Análise do
market share
A expressão baseada na ideia da evolução
das espécies da biologia, a equação
replicator
dynamics
, inicialmente implementada por Fisher
(1930), evidencia que a fração de mercado de cada
6
A corrente evolucionária desde a publicação de Nelson e Winter
(1982) gerou uma série de desdobramentos e análises em perspecti-
vas microeconômicas quanto à integração micro-macrodinâmica. Os
trabalhos de Possas (2002) e Possas e Dweck (2004) são exemplos
de aplicação dos princípios da corrente evolucionária nessa aborda-
gem micro-macrodinâmica.
Unidade Tomadora de Decisão
7
(DMU) é função de
sua competitividade e da participação de mercado
do período anterior. Tal equação mostra os determi-
nantes, de modo global, da sobrevivência de uma
dada DMU dentro da produção industrial.
(1)
Em que:
é a participação da DMU
i
no pro-
duto industrial total no período
t
; é o parâmetro
de ajustamento, em que
;
representa a competitividade da DMU
i
no período
t
em relação à competitividade média do setor no
período
t
.
Considerando-se o plano da disputa regional
de mercados entre as empresas industriais situa-
das nas unidades federativas brasileiras, podem ser
repensados os efeitos e significados dessa expres-
são numa disputa entre os estados para abocanhar
crescentes parcelas do produto industrial do país.
Nesse cenário, tem-se que o índice de competivida-
de da DMU
i
pode ser influenciado por um conjunto
de fatores, sumarizados a seguir
8
:
Eficiência do esforço de inovação das indústrias
situadas no estado
i
na sobrevivência industrial no
contexto interno
;
Existência de incentivos fiscais e outros supor-
tes governamentais
;
Benefícios nas taxas de juros e/ou maturidade de
pagamento e facilidade de acesso ao crédito
.
Dessa forma, o índice de competitividade
pode ser expresso pela Equação 2, em que se
evidencia que cada fator apresenta um peso
sobre tal índice, e o termo repre-
senta os outros fatores omitidos e não observados
que afetam também a competitividade da DMU
i
ao
longo do tempo
t
.
7
No caso deste artigo, a DMU é representada pelas unidades federati-
vas do Brasil.
8
Segundo a Confederação Nacional da Indústria (2010, p. 53), os
principais fatores que afetam a competitividade da indústria nacional
são os seguintes: a) segurança jurídica; b) macroeconomia em cres-
cimento; c) tributação e gasto público; d) financiamento; e) relações
de trabalho; f) infraestrutura; g) educação; h) inovação; i) comércio
exterior; j) meio ambiente; k) burocracia; l) micro e pequena empresa.