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Bahia anál. dados, Salvador, v. 23, n. 2, p.283-290, abr./jun. 2013
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Bahia
análise & Dados
Água: oferta, escassez e
qualidade
ENTREVISTA COM Vicente Andreu,
presidente da ANA
Vicente Andreu Guillo é diretor-presidente da Agência Nacional de
Águas (ANA) desde 2010 e membro titular do Conselho Nacional de
Recursos Hídricos (CNRH) desde 2008. Foi secretário de Recursos
Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente (SRHU/
MMA), de 2008 a 2010, e secretário municipal de Planejamento, De-
senvolvimento Urbano e Meio Ambiente da prefeitura de Campinas
(2007 e 2008). Presidiu a Usina Termelétrica Nova Piratininga Ltda.,
de 2005 a 2007 e a Sociedade de Abastecimento de Campinas (Sa-
nasa) entre 2001 e 2003. Foi diretor da Companhia Paulista de Força
e Luz (CPFL Paulista), de 1995 a 1997. Vicente Andreu é formado
em Estatística pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
BA&D –
Segundo vários au-
tores, as águas se constituirão
no principal motivo de conflito
no século XXI. Quais os enfren-
tamentos e interesses em torno
do uso das águas no país? Como
têm sido tratados os conflitos re-
lacionados a interesses coletivos,
difusos e privados?
Vincente Andreu –
A ges-
tão de recursos hídricos no mun-
do, de forma geral, passou de
um modelo burocrático para um
modelo econômico-financeiro e,
mais recentemente, a partir dos
anos 90 no Brasil, com a impor-
tante contribuição da promulga-
ção da Política Nacional de Re-
cursos Hídricos em 1997 (Lei
9.433/97, Lei das Águas), para
um modelo sistêmico de integra-
ção participativa, ancorado em
uma visão sistêmica, com múl-
tiplos atores objetivando imple-
mentar seus interesses segundo
suas competências institucionais
e negociando em espaços cole-
giados. Estão presentes nesse
sistema órgãos governamentais,
instituições públicas e privadas
com interesse no uso da água,
e as representações da socie-
dade civil. A política de gestão
das águas no Brasil disponibiliza
um desenho institucional e ins-
trumentos que contribuem para
essa negociação entre tantos
atores. Os enfrentamentos em
torno do uso das águas no Brasil
são relacionados aos interesses
dos diversos atores que atuam
nesse sistema ou não, alguns
que precisam de água para suas
atividades econômicas, todos
nós que precisamos dela para
o suprimento de nossas neces-
sidades, os ecossistemas que