Página 87 - A&D_v23_n2_2011

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Diógenes Marcelino Barbosa Santos
Bahia anál. dados, Salvador, v. 23, n. 2, p.349-367, abr./jun. 2013
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geral do experimento aponta que, no período avalia-
do, o diâmetro médio absoluto do tronco passa de
7,85 mm para 24,0 mm (Gráfico 5).
Os resultados demonstram que, nas condições
do estudo, os clones Ipiranga e SJ02 destacaram-
-se em ambientes salinos, apresentando maior vi-
gor entre os clones avaliados a partir do segundo
ano. Os demais clones são semelhantes entre si e
todos os clones aparentam possuir relativa tolerân-
cia aos sais. Esses resultados, se confirmados ao
longo do estudo, podem indicar que determinados
genótipos de cacaueiros possuem mecanismos de
tolerância à salinidade, o que facilitaria práticas de
fertirrigação e nutrição especializada, além de abrir
novos horizontes para o cultivo no semiárido.
Os resultados de análises foliares de plantas
aos 20 meses de campo (600 dias) indicaram que
há nítida deficiência de potássio em todos os clo-
nes estudados. É relatada deficiência de potássio
em plantas perenes cultivadas em regime de sali-
nidade devido ao efeito antagônico entre o sódio e
o potássio. Entre os micronutrientes, há destaque
para as deficiências de cobre, manganês e zinco.
Em termos de concentração de íons, tóxicos sódio
(Na) e cloro (Cl) nas folhas, observou-se que há
diferenças na absorção destes íons em função dos
diferentes genótipos avaliados.
O clone Cepec 2002 destacou-se dos demais
quanto à precocidade, sendo seguido pelos clones
SJ 02 e Ipiranga nas condições deste estudo (SAN-
TOS; CASTRO NETO, 2012 c,d).
Cultivo da palma de óleo (dendê) (
elaeis
guineensis Jacq
.) para a produção sustentável
de biodiesel no semiárido brasileiro
A palma de óleo (
Elaeis guineensis Jacq.
) é co-
nhecida no Brasil como dendê, amplamente utilizado
na gastronomia afrobaiana representada pelo acara-
jé, abará e moquecas. É considerada como a cultura
energética de maior potencial para a produção de
óleo no mundo, cultivada em mais de 42 países em
11 milhões de hectares, espalhados na África Oci-
dental Equatorial, no sudoeste asiático (Malásia e
Indonésia), na América Latina (Brasil, Equador, Amé-
rica Central) e na Índia (SHINO et all, 2011).
Estima-se que um hectare de cultivo de palma
de óleo tem potencial para produzir 55,0 toneladas
de matéria seca na forma de biomassa fibrosa e
5,5 toneladas de óleo (CORLEY, 1983). Em regime
de irrigação na Malásia, constatou-se que a pro-
dução potencial situa-se entre 45-50 t/hectare de
cachos frescos e até 15 t/hectare de óleo bruto.
A baixa produtividade agrícola do dendê no
Brasil (10,0 t/hectare) e na Bahia (3,5 t/hectare) é
o principal entrave à utilização sustentável dessa
cultura energética para a produção de biodiesel
(MACEDO et al., 2010). Estima-se que as condi-
ções de baixa luminosidade nas regiões tradicio-
nais de cultivo, Bahia e Pará, é um fator limitante
para a obtenção de sua alta produtividade agrícola.
Sabe-se que quanto maior a radiação solar global
maior o teor de óleo dos frutos do dendê e melhor a
Gráfico 5
Altura da planta (m) e diâmetro do troco de clones de cacaueiro submetidos à água salina
Fonte: Elaboração própria.