Página 81 - A&D_v23_n2_2011

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Diógenes Marcelino Barbosa Santos
Bahia anál. dados, Salvador, v. 23, n. 2, p.349-367, abr./jun. 2013
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rendimento é zero, foram estimados para determi-
nar os grupos de tolerância no Quadro 1.
Metodologia
As campanhas de coletas de água foram re-
alizadas em janeiro de 2006; agosto e novembro
de 2007; outubro de 2010; janeiro, fevereiro e ju-
nho de 2011; janeiro, junho e setembro de 2012
e janeiro de 2013, totalizando 13 amostragens no
período. As amostras de água foram coletadas no
canal de irrigação e no lote de irrigantes dentro
do perímetro de irrigação. As amostras coletadas
em 1996 por Hydros e em 2006 pelo autor des-
te estudo foram consideradas referências para a
comparação das eventuais mudanças temporais
que ocorreram na qualidade da água no perímetro
de irrigação.
Após a coleta, as amostras foram refrigeradas
e, em até 24 horas, entregues para análises no
laboratório de solo e água da Empresa Baiana de
Desenvolvimento Agrícola (EBDA) em Salvador.
Foram determinados os seguintes parâmetros
de interesse agrícola: pH, condutividade elétrica
(dS.m
-1
), cálcio (mmolc.L
-1
), magnésio (mmolc.L
-1
),
sódio (mmolc.L
-1
), potássio (mmolc.L
-1
) e RAS. Os
resultados foram submetidos ao diagrama de Ri-
chards (1954) e aos parâmetros de qualidade de
água estabelecidos por Ayers e Westcot (1991).
Para fins de comparação de resultados foram sis-
tematizados dados obtidos da pesquisa realizada
por Fontes (2008) no lago da barragem, os quais
foram interpretados à luz das classificações agro-
nômicas para fins de irrigação.
Resultados e discussão
Características físico-químicas da água
Em 1996, a água foi enquadrada na classe
C3S1, portanto água de alta salinidade e baixa so-
dicidade, segundo o diagrama de Richards (1954).
Dez anos mais tarde, o autor realizou novas análi-
ses e concluiu que a classe da água havia decres-
cido em qualidade, alcançando a categoria C4S2. A
partir do segundo semestre de 2007 até janeiro de
2011, a qualidade da água variou entre as classes
C3S1, C3S2 e C3S3, porém com um pico obtido
em outubro de 2010, quando foi enquadrada como
C4S4 (Quadro 1). As análises realizadas por Fontes
(2008) entre junho de 2006 e novembro de 2007
indicaram um enquadramento nas classes C3S1 e
C4S1 (Tabela 4).
Tabela 3
Interpretação da qualidade da água para irrigação
Efeito considerado
Grau de problema
Nenhum Crescente Severo
Salinidade
CE mmhos/cm ou dS/m < 0,75 0,75 – 3,00
> 3,00
Permeabilidade
CE mmhos/cm ou dS/m > 0,5
0,5 – 0,2
< 0,2
RASaj
Montmorilonita (2:1)
< 6,0 6,00 – 9,00
> 9,0
Ilita vermiculita (2:1)
< 8,0
8,0 – 16,0
> 16,0
Kaolinita (1:1)
< 16,0
16,0 24,0
> 24,0
Toxidez do íon específico
Sódio (RAS aj.)
< 3,0
3,0 – 9,0
> 9,0
Cloreto (meq/l)
< 4,0
4,0 – 10,0
> 10,0
Boro (meq/l)
< 0,75
0,75 – 2,0
> 2,0
Outros efeitos
HCO
3
(meq/l)
< 1,5
1,5-8,5
> 8,5
pH
Faixa normal
6,5 a 8,4
Fonte: Ayers e Westcot (1991).
Grupos de tolerância à salinidade do
extrato de saturação do solo
(1)
Condutividade
elétrica
(EC em dS/m)
Plantas sensíveis
< 1,3
Plantas moderadamente sensíveis
1,3 a 3,0
Plantas moderadamente tolerantes
3,0 a 6,0
Plantas tolerantes
6,0 a 10,0
Não adequado para a maioria das culturas
> 10,0
Quadro 1
Tolerância de plantas à salinidade do extrato de
saturação do solo
Fonte: Ayers e Westcot (1991).