Página 65 - A&D_v23_n2_2011

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Sérgio R. Ayrimoraes Soares, Elizabeth Siqueira Juliatto, Grace BenficaMatos, Letícia Lemos de Moraes
Bahia anál. dados, Salvador, v. 23, n. 2, p.335-347, abr./jun. 2013
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tendo em vista a grande presença do embasa-
mento cristalino. Nesses locais, a produtividade
dos poços apresenta vazões muito baixas (infe-
riores a 3 m
3
/h) e a água possui elevada salini-
dade. Em muitas pequenas
comunidades, esses poços
constituem a única fonte de
abastecimento disponível
(BRASIL, 2006).
Trata-se, portanto, de
um território vulnerável, em que a irregularidade
interanual das chuvas pode chegar a condições
extremas, representadas por frequentes e longos
períodos de estiagem, a exemplo do que ocorre no
período de 2012 a 2013.
O estado da Bahia está inserido na Região Hi-
drográfica do São Francisco e na Região Hidro-
gráfica do Atlântico Leste. Cerca de 70% do seu
território está contido na região semiárida. O clima
semiárido é característico dos vales do Rio São
Francisco, Vaza-Barris, Itapicuru, Paraguaçu, Par-
do e Contas. Nessas regiões, predominam peque-
nas disponibilidades hídricas e a existência de rios
intermitentes. Conforme dados do Relatório Con-
juntura dos Recursos Hídricos no Brasil – Informe
2012 (CONJUNTURA DOS RECURSOS HÍDRI-
COS NO BRASIL, 2012), na Região Hidrográfica
Atlântico Leste, 69% da extensão dos rios foi clas-
sificada como em situação “preocupante”, “crítica”
ou “muito crítica” quanto à relação demanda total/
disponibilidade hídrica. Entre as bacias que apre-
sentam dificuldades no atendimento das demandas
estão as dos rios Vaza-Barris, Itapicuru e Paragua-
çu, localizadas na Bahia.
METODOLOGIA
A ANA, em abril de 2012, em colaboração com
outros órgãos governamentais, se propôs a avaliar
ações para minimizar os efeitos da seca nos muni-
cípios do semiárido brasileiro. A proposta inicial era
analisar a situação quanto ao suprimento de água
na área rural de 159 municípios que já apresenta-
vam decretos de situação de emergência por estia-
gem no estado da Bahia, para, em seguida, propor
soluções para amenizar os efeitos da seca. Além
dos municípios do semiári-
do atingidos, foram acres-
centados à área de estudo
os municípios de Canápolis,
Entre Rios e Mansidão. Pos-
teriormente, a necessidade
de análise estendeu-se para todos os 1.135 muni-
cípios do semiárido, abrangendo, além da Bahia,
os estados de Pernambuco, Paraíba, Sergipe, Rio
Grande do Norte, Piauí, Ceará e Minas Gerais. Por-
tanto, para este estudo, a abrangência da pesquisa
no estado da Bahia atingiu 269 municípios.
Foi elaborada uma metodologia para a classifi-
cação das sedes municipais em função da garantia
de oferta de água para o abastecimento, de forma
a subsidiar a proposta de ações estratégicas para
o enfrentamento da seca.
Inicialmente, com base nas informações dis-
poníveis no Atlas Brasil, para a avaliação da situ-
ação dos municípios, e nos boletins de monitora-
mento dos reservatórios do Rio São Francisco e
do Nordeste, cinco grupos foram definidos para a
classificação:
Grupo 1 (G1) – sedes abastecidas por manan-
cial subterrâneo em situação satisfatória ou
com necessidade de novos poços;
Grupo 2 (G2) – sedes atendidas pela Adutora do
Feijão (manancial: Açude Mirorós);
Grupo 3 (G3) – sedes com manancial superfi-
cial satisfatório (risco baixo ou intermediário de
vulnerabilidade hídrica);
Grupo 4 (G4) – sedes com manancial superficial
insuficiente e com boa possibilidade de comple-
mentação por água subterrânea; e
Grupo 5 (G5) – sedes com manancial superficial
insuficiente e baixa possibilidade de abasteci-
mento por poços.
A classificação preliminar permitiu a análise de-
talhada a seguir:
O clima semiárido é característico
dos vales do Rio São Francisco,
Vaza-Barris, Itapicuru, Paraguaçu,
Pardo e Contas