Página 50 - A&D_v23_n2_2011

Versão HTML básica

Consumo de água em residências de baixa renda: análise dos fatores intervenientes
sob a ótica da gestão da demanda
324
Bahia anál. dados, Salvador, v. 23, n. 2, p.317-333, abr./jun. 2013
cercado por bairros onde reside população com
renda mais alta, como Itaigara, Pituba, Amaralina,
Rio Vermelho e Horto Florestal (GARCIA, 2011).
O subúrbio ferroviário onde se insere o bairro de
Plataforma é formado por 22 bairros, de população
eminentemente negra (todos os bairros com índices
acima de 80,0% de negros) e predominantemente
de baixa renda. Este bairro consolidou-se na déca-
da de 40, a partir de muitos loteamentos populares,
porém sua ocupação inicial remonta à construção
da linha férrea em 1860 e se intensificou após a
construção da Av. Afrânio Peixoto (Suburbana), que
provocou um aumento significativo das ocupações
informais. Atualmente a região apresenta densida-
de demográfica em tono de 95 hab./ha.
A densidade demográfica para os bairros Cha-
pada do Rio Vermelho e Plataforma corresponde a
359 hab./ha e 146 hab./ha, respectivamente. Nas
duas regiões avaliadas, mais de 60% da popu-
lação possui renda de até dois salários mínimos
(SALVADOR, 2012).
Inicialmente, foi desenvolvido um questionário
semiestruturado, composto por 45 questões sobre
as características das famílias e dos domicílios, o
consumo de água das residências e a percepção
do entrevistado sobre o consumo em seu domicílio
e o uso racional da água. Este questionário foi ado-
tado nas entrevistas realizadas com os moradores
de 147 residências da Chapada do Rio vermelho.
As informações levantadas durante as entrevistas
foram ainda confrontadas com o consumo informa-
do nas contas de água das residências avaliadas.
Com base nas análises da pesquisa realizada nes-
ta etapa, o questionário foi aprimorado para as en-
trevistas no bairro de Plataforma, mantendo-se os
temas abordados e as principais perguntas. Nes-
ta etapa foram entrevistados moradores de 236
domicílios. Os dados levantados foram também
confrontados com as informações sobre o consu-
mo disponibilizadas pela Embasa. As respostas
às principais questões abordadas nas entrevistas
realizadas nas duas regiões serão discutidas nos
próximos itens.
que consistia no acompanhamento do consumo
domiciliar e avaliação dos hábitos de uso na resi-
dência através de entrevistas com os moradores.
O consumo mensal para os domicílios de Itajubá
(DANTAS et al., 2006) correspondia a 11,6 m³, en-
quanto o consumo
per capita
, a 117 l/hab.dia, em
média. Para as residências de Paulínia (YWASHI-
MA et al., 2006), os valores encontrados para o con-
sumo mensal residencial e
per capita
foram, res-
pectivamente, 12 m³ e 113 l/hab.dia. Já em estudo
realizado em Belo Horizonte (DIAS et al., 2010), os
pesquisadores relacionaram renda e consumo do-
méstico e identificaram que o consumo médio de
água
per capita
diário correspondia a 113 l/hab.dia
e 129 l/hab.dia para as classes socioeconômicas
E/D e C, respectivamente.
Nos três trabalhos desenvolvidos na região Su-
deste, percebe-se que a média do consumo resi-
dencial é superior àquela encontrada por Moraes
(1995) e Cohim, Garcia e Kiperstok (2008), porém,
ainda assim, é menor que a média praticada na re-
gião onde estão inseridos
1
.
LEVANTAMENTO DO PERFIL DE CONSUMO
DE ÁGUA EM RESIDÊNCIAS DE BAIXA RENDA
DE SALVADOR.
Para avaliação do perfil de consumo de água em
residências de baixa renda localizadas em Salvador
(BA) foram selecionados como área de estudo os
bairros Chapada do Rio Vermelho e Plataforma.
A região do Nordeste de Amaralina, formada
pelos bairros Chapada do Rio Vermelho, Santa
Cruz, Vale das Pedrinhas e Nordeste de Amarali-
na, ocupa uma área de aproximadamente 125 ha,
onde a densidade demográfica, segundo o Censo
de 2010, correspondia a aproximadamente 370
hab./ha (SALVADOR, 2012), formando um grande
aglomerado de casas de famílias de baixa renda,
1
O consumo
per capita
para o ano de 2006 para os estados de Minas
Gerais e São Paulo foi de 131,3 e 164,9 litros por habitante/dia, res-
pectivamente (SNIS, 2008).