Página 21 - A&D_v23_n2_2011

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Delfran Batista dos Santos, Salomão de SousaMedeiros, Manuel Dias da Silva Neto
Bahia anál. dados, Salvador, v. 23, n. 2, p.291-302, abr./jun. 2013
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estudadas; pode-se observar que 86,2% dos domi-
cílios no Povoado de Tiquara possuem água enca-
nada (Gráfico 1A), enquanto apenas 10% dos domi-
cílios do Povoado de Umburana de Cheiro (Gráfico
1B) têm acesso a esta.
Este baixo índice de domicílios com acesso à
água encanada no Povoado de Umburana de Chei-
ro pode estar associado à dispersão das residên-
cias nessa comunidade, quando comparada com a
distribuição residencial do Povoado de Tiquara, que
possui um contingente aglomerado significativo. A
partir desta reflexão percebe-se que se torna muito
difícil implantar sistemas coletivos de abastecimen-
to de água em boa parte das comunidades rurais,
tendo em vista que, na maior parte delas, a disper-
são das residências é elevada quando comparada
com os centros urbanos. Esses resultados reforçam
a necessidade de ações governamentais a fim de
fomentar, estimular e incentivar a captação de água
de chuva em áreas rurais dos municípios baianos.
Observam-se, no Gráfico 2, as fontes de recurso
pelas quais as cisternas foram adquiridas pela co-
munidade: no povoado de Tiquara (Gráfico 2A), 88%
das famílias construíram as cisternas com recursos
próprios e 12% das famílias foram contempladas
por ações de iniciativas governamentais. Essas
informações evidenciam que os moradores dessa
comunidade ainda carecem de assistência e polí-
ticas públicas voltadas para a convivência com a
escassez hídrica. Para Diniz e Piraux (2011), o gran-
de desafio na atual conjuntura é entender como a
noção de convivência com o semiárido tem influen-
ciado, pouco a pouco, a construção de políticas e
ações públicas baseadas justamente nessa noção
(convivência com o semiárido).
Já no Povoado de Umburana de Cheiro (Grá-
fico 2B) constatou-se que 51% das famílias foram
contempladas por ações de iniciativas governa-
mentais, 29% obteve ajuda através de associa-
ções e 20% delas construíram as cisternas através
de recursos próprios.
Apesar de a escassez de água no semiárido
constituir um grave problema para a região, não se
pode atribuir ao fenômeno climático da seca todas
as dificuldades e utilizá-lo para justificar o perma-
nente estado de miséria do sertanejo. É preciso co-
nhecer todos os fatores que influenciaram e influen-
ciam as políticas públicas que visam equacionar os
problemas do sertão, especialmente quando estes
estão ligados à escassez relativa de água.
SIM
NÃO
SIM
NÃO
13%
86,2%
A
Tiquara (Campo Formoso)
B
Umburana de Cheiro (Filadéla)
10%
90%
Gráfico 1
Disponibilidade de água encanada nas localidades de Tiquara em Campo Formoso (A)
e Umburana de Cheiro em Filadélfia (B) – Bahia
Fonte: Elaboração própria (2013).