Página 183 - A&D_v23_n2_2011

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Elisabete Santos, Luiz Roberto Santos Moraes, RenataAlvarez Rossi
Bahia anál. dados, Salvador, v. 23, n. 2, p.437-459, abr./jun. 2013
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os Comitês de Bacia Hidrográfica (CBH), que aglu-
tinam usuários e interessados pelas águas e sua
gestão, constituíram-se em um avanço em relação
ao modelo anteriormente existente. Entretanto, es-
sas estruturas estão prematuramente envelhecidas
e não conseguem representar interesses coletivos
e difusos, uma vez que reproduzem relações de po-
der assimétricas, amparadas por um estado que,
embora em contexto de redemocratização, mantém
uma estrutura de poder centralizada, particularmen-
te, quando implicam e envolvem interesses de gru-
pos econômicos hegemônicos. O que tem restado
para as esferas descentralizadas de decisão é o
cotidiano da implementação da política, o que de-
sonera e desresponsabiliza o estado, mas não o
democratiza, sendo visíveis os seus limites.
Nesse contexto, a Bahia e a cidade do Salvador
aparecem como exemplos contraditórios de moderni-
zação administrativa, precarização da qualidade das
águas e degradação ambiental, predominando um
modelo de desenvolvimento e de gestão que aguça e
esgarça as contradições entre economia e ambiente,
reproduzindo assim, nas escalas regional e local, as
contradições suscitadas pelo chamado velho modelo
neoliberal, que se renova e se imiscui com o cha-
mado neodesenvolvimentismo. Agrava esse quadro
o fato de que tanto o estado da Bahia como a sua
capital têm avançado de forma lenta, por vezes re-
trocedendo, na construção de formas e modelos de
gestão democráticas, o que revela a força e o peso
dos interesses privados, em geral, das tradicionais
oligarquias, na vida econômica e política do estado
e de Salvador. Tal panorama atualiza o desafio e a
tarefa de construção de projetos políticos social e am-
bientalmente distintos dos que ora estão em curso.
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