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Inserção internacional, transformações estruturais, (des)concentração espacial:umaanálise para
a economia baiana
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Bahia anál. dados, Salvador, v. 23, n. 3, p.587-612, jul./set. 2013
multiplicadores, procedimento que normalmente
é realizado nos estudos que tomam a Teoria da
Base Exportadora como uma das referências teó-
ricas de apoio, deve ser realizada sempre de forma
a evidenciar a importância dos empregos ligados
aos setores exportadores e o número de postos de
trabalhos formais ligados aos setores não básicos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A análise dos indicadores proposta neste arti-
go deixa claro que existem várias leituras que po-
dem ser feitas para a economia baiana. Na mais
conservadora delas, repete-se o discurso de uma
economia concentrada, tanto espacialmente como
setorialmente, com dez municípios respondendo
por 75% de todo o PIB. Esta análise não pode ser
considerada totalmente equivocada, até mesmo
porque as economias de escala e de aglomeração
justificam por si só algum tipo de concentração da
atividade industrial em determinados municípios
polos. O problema está em considerar a evolução
da economia baiana respaldando os argumentos
apenas em informações agregadas. Com isso, al-
guns movimentos na dinâmica econômica dos mu-
nicípios deixam de ser percebidos, como foi com-
provado ao se evidenciar que há uma redução da
concentração econômica na Bahia quando a análi-
se é feita sob o prisma dos 30 maiores municípios
exportadores do estado.
Os resultados da pesquisa mostraram que, ao
se desagregarem as bases de dados estaduais e
se agruparem os municípios, retirando o efeito de
concentração dado pelas economias da RMS, os
municípios voltados para a exportação apresentam
as maiores taxas de crescimento do PIB, medidas
pelo IDEM, e também são os que mais ganham
participação no PIB estadual. Entre 2000 e 2010,
os maiores municípios exportadores da Bahia, situ-
ados fora do cinturão da RMS, tiveram sua partici-
pação no PIB estadual elevada de 16,9% em 2000
para 21,2% em 2010, comprovando um movimento
de desconcentração espacial na economia baiana.
As evidências dessa desconcentração espacial e
do maior dinamismo dos municípios exportadores
foram corroboradas com os indicadores que me-
dem o incremento nas variações reais das econo-
mias municipais, entre eles o IDEM, como
proxy
da taxa de crescimento econômico municipal e o
índice de volume das exportações municipais.
Esses dois indicadores evidenciaram que o ga-
nho de participação dos municípios exportadores
estava alicerçado não apenas nas diferenças de
preços relativos de seus setores produtivos – que
produziam valores nominais maiores para suas ati-
vidades econômicas –, mas, sobretudo, no maior
dinamismo dado pelo incremento na quantidade
de vendas externas realizadas e pelos rebatimen-
tos no crescimento real do PIB municipal, princi-
palmente por parte dos setores exportadores, dos
quais são exemplos as cadeias do agronegócio da
soja e do algodão; da expansão da indústria de pa-
pel e celulose e também pelos incrementos regis-
trados nas vendas externas dos setores minerais,
metalúrgicos, além de novas perspectivas criadas
em torno das exportações de embarcações deri-
vadas da embrionária indústria náutica da Bahia
e da consolidação da fruticultura da região norte
do estado. As informações de novos investimen-
tos industriais mencionadas no artigo, que podem
chegar à cifra de R$ 72 bilhões até o ano de 2015,
constituem-se em um fator que se coaduna com o
argumento da (des)concentração econômica – ain-
da que uma desconcentração concentrada.
Por fim, o multiplicador de empregos formais re-
forçou o argumento de que as externalidades dos
municípios exportadores não se resumem apenas
ao aumento de participação no PIB estadual ou ao
crescimento econômico, mas também ao aumento
de postos de trabalhos formais gerados para toda
a economia municipal. No entanto, deve ser ressal-
tado que, conforme demonstrado pelas principais
ideias cepalinas, é necessário que haja também o
fortalecimento do mercado interno. A dinâmica eco-
nômica de uma localidade não pode ficar altamente