Página 121 - A&D_v23_n3_2011

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Fernanda Calasans Costa Lacerda, Gustavo Casseb Pessoti, Josias Alves de Jesus
Bahia anál. dados, Salvador, v. 23, n. 3, p.587-612, jul./set. 2013
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compatibilização de classificações das duas bases
de dados utilizadas foi de fundamental importân-
cia para não subestimar o valor total dos empregos
gerados pelos setores exportadores, pois permitiu
depurar cada uma das atividades municipais que
estão diretamente ligadas ao setor exportador e
verificar o impacto no mercado de trabalho formal.
Para o cálculo dos multiplicadores, foram empre-
gados os procedimentos padrões que têm em Khan
(1931) e Keynes (1983 [1936]) as principais referên-
cias teóricas, bem como nas formulações realizadas
por Lins, Lima e Gatto (2012), em um trabalho sobre
a relação entre os setores exportadores e os volta-
dos para a economia doméstica da Região Nordeste.
Tomando-se por base esses referenciais, uma
segunda matriz foi construída para correlacionar os
setores exportadores municipais à base de expor-
tação do estado da Bahia, destacando os setores
básicos e não básicos e as respectivas gerações de
empregos formais da RAIS/Caged. Como os seto-
res não básicos eram a maioria em número de ati-
vidades, a tabela foi sistematizada para evidenciar
quais são os setores básicos e suas respectivas ge-
rações de empregos formais (saldo + estoques). Os
demais setores – ou seja, os não básicos – foram
agrupados para permitir uma visualização do total
de empregos gerados naquelas atividades que es-
tão mais relacionadas com a atividade interna dos
municípios baianos que estão sendo considerados
na amostra estudada. Os resultados podem ser vi-
sualizados na Tabela 6.
O multiplicador de emprego é calculado a partir
da relação entre o emprego nas atividades expor-
tadoras, aqui denominadas de básicas, e o em-
prego total de cada um dos municípios. Quanto
mais alta essa relação, maior será o impacto dos
setores exportadores na geração de empregos
formais para a economia municipal, inclusive com
rebatimentos para os setores não básicos. A fór-
mula de cálculo é dada pela relação:
k =
1
1 -
α
, em
que α é o coeficiente de proporcionalidade entre os
empregos das atividades não básicas e o emprego
total dos municípios.
Assim, se o valor de α for próximo de zero sig-
nifica que o município em questão tem nos setores
exportadores a maior fonte de geração de empregos
diretos, com rebatimentos para o restante da econo-
mia; por sua vez, quando α assume valores próxi-
mos a um, isso significa que aquele município deve
ter sua economia mais voltada para o mercado inter-
no, com o setor exportador gerando poucos efeitos
multiplicadores para o total de empregos formais.
Convém mencionar que a distribuição dos da-
dos entre os setores exportadores e não exporta-
dores, evidenciados na Tabela 6, permite observar
que alguns municípios têm uma forte representati-
vidade do setor externo na geração de empregos
formais. Por exemplo, os pequenos municípios li-
gados à exportação de produtos do agronegócio,
que têm forte demanda internacional, apresenta-
ram as maiores relações de proporcionalidade en-
tre o emprego nas atividades básicas e o emprego
total. Correntina e São Desidério, dois dos maio-
res exportadores de soja da Bahia, apresentaram
mais empregos formais nos setores exportadores
do que em todos os demais setores produtivos de
suas economias internas.
Deste modo, a leitura do multiplicador deve ser
feita não para analisar a importância dos setores
exportadores para as economias locais, mas o
impacto que a geração de empregos formais nos
setores básicos proporciona para os setores não
básicos, e, portanto, para o restante da economia.
Os resultados são realmente impressionantes,
pois evidenciam que os municípios exportadores
têm um vetor econômico para a geração de em-
pregos formais que os diferencia dos demais mu-
nicípios baianos e justifica por que esses municí-
pios aumentaram sua participação no PIB baiano
ao longo dos últimos anos, como já demonstra-
do na seção anterior deste artigo. Os municípios
que apresentaram maior multiplicador de impacto
foram Salvador, onde, para cada geração de um
emprego formal no setor exportador, tem-se a ge-
ração de outros 30 nos setores não exportadores,
e Lauro de Freitas, que apresentou a relação de