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Inserção internacional, transformações estruturais, (des)concentração espacial:umaanálise para
a economia baiana
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Bahia anál. dados, Salvador, v. 23, n. 3, p.587-612, jul./set. 2013
ao longo dos anos 2000, um padrão diferenciado na
taxa de crescimento real do PIB?
Para responder a essa indagação, utilizou-se o
Índice de Dinamismo Econômico Municipal (IDEM),
indicador elaborado pela SEI que tem como propósito
realizar uma proxy do crescimento real do PIB muni-
cipal, com base nas pesquisas municipais existentes,
nos dados do valor adicionado fiscal (entradas e sa-
ídas de mercadorias) da Secretaria da Fazenda, nos
registros administrativos (Embasa, Coelba, Aneel,
entre outros) e ainda nos deflatores do PIB estadual
5
.
Com esse indicador, foi possível verificar se os
municípios exportadores apresentavam uma taxa
de crescimento acima da média do estado, inclusi-
ve analisando os resultados por grandes setores da
atividade econômica (agropecuária, indústria e ser-
viços). Assim, comparou-se o ritmo de crescimento
real do PIB municipal, segmentando as informações
setoriais do IDEM entre os grandes municípios ex-
portadores e os não exportadores. A Tabela 5 apre-
senta a sistematização do IDEM, por setor de ativi-
dade, e o agrupamento proposto entre os municípios
exportadores da RMS e de fora da RMS e os não
exportadores, obedecendo ao critério de magnitude
no ranking do PIB municipal da Bahia
6
.
Os resultados evidenciam que o aumento da
participação dos municípios exportadores no PIB
estadual, conforme já mostrado no Gráfico 1, pode
ser associado ao maior dinamismo econômico me-
dido pela variação acumulada do IDEM. Municípios
como Luís Eduardo Magalhães, Barreiras, Euná-
polis e Mucuri apresentaram as maiores taxas de
crescimento do PIB entre todos os municípios ana-
lisados nessa amostra, sobretudo, em função da
grande expansão do agronegócio das produções
de soja, algodão e papel e celulose, três dos maio-
res segmentos da pauta de exportações da Bahia.
5
Para mais informações ver Superintendência de Estudos Econômicos
e Sociais da Bahia (2013).
6
Infelizmente, em meados do ano de 2013, as informações mais atu-
alizadas para o PIB municipal e para o IDEM referiam-se ao ano de
2010, razão pela qual não foi possível utilizar a mesma série tem-
poral adotada para as demais variáveis analisadas neste artigo
(2000-2012).
Na média, os municípios exportadores apresen-
taram uma taxa de crescimento da atividade interna
bem maior do que os não exportadores e, inclusive,
maior do que a média geral de crescimento econô-
mico do estado da Bahia
7
.
No entanto, é interessante observar que alguns
municípios que ocupam posições de destaque no
ranking do PIB municipal e que não estão classi-
ficados como municípios exportadores também
apresentaram taxas elevadas na atividade interna,
medida pelo IDEM. Entre esses, Porto Seguro, que
tem no vetor turístico e no setor de serviços a força
motriz de sua economia, e Alagoinhas, que tem na
indústria de transformação, sobretudo no segmento
de bebidas, sua maior fonte de elevação do PIB.
Tal observação reforça a ideia de que não se pode
associar o crescimento econômico apenas aos ga-
nhos advindos do cenário externo. A investigação
aqui realizada é propositiva, sem dúvida. Mas, aná-
lises complementares sobre a dinâmica municipal
agora podem ser realizadas com base no IDEM,
suscitando ideias para novos trabalhos de pesqui-
sa, por exemplo, em torno do comércio por vias in-
ternas, que pode, inclusive, justificar a elevação do
crescimento econômico de municípios industriais
que direcionam a sua produção para outros merca-
dos do Brasil, como é caso de Alagoinhas.
OS MUNICÍPIOS EXPORTADORES E OS
MULTIPLICADORES DO EMPREGO FORMAL
Até o momento, foi possível realizar algumas
considerações importantes sobre os ganhos advin-
dos das exportações e sua relação com a dinâmica
7
Em relação ao crescimento global do PIB municipal medido pelo
IDEM, é importante mencionar que, a despeito do forte incremento
na agropecuária e na indústria, observado nos maiores municípios
exportadores, o setor que apresentou maior crescimento acumulado
entre 2002 e 2010 foi o de serviços, com crescimento de 234% ao
longo desse período. Embora não tenha sido objeto deste artigo ana-
lisar os efeitos de transbordamentos setoriais (
spillovers
), parte con-
siderável desse incremento está diretamente associada à expansão
nos serviços diretamente relacionados com as produções agrícolas e
industriais.