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Inserção internacional, transformações estruturais, (des)concentração espacial:umaanálise para
a economia baiana
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Bahia anál. dados, Salvador, v. 23, n. 3, p.587-612, jul./set. 2013
commodities
agrícolas e minerais. No entanto, ob-
serva-se que o índice de volume das exportações
cresceu mais do que proporcionalmente nos mu-
nicípios situados fora da RMS. Excetuados os ca-
sos de Ilhéus e Serrinha, cujos principais produtos
de exportações apresentam declínio na produção
doméstica há algum tempo (cacau e calçados), to-
dos os demais municípios do interior apresentaram
expressivas taxas de crescimento nas vendas ex-
ternas, a exemplo dos municípios ligados ao agro-
negócio, como Barreiras, onde o crescimento das
exportações atingiu 273% entre 2006 e 2012; os
ligados à produção de celulose e derivados, com
destaque para Eunápolis e Mucuri que apresenta-
ram expansões de 211% e 178%, respectivamente;
e o segundo mais importante município da Bahia,
Feira de Santana, que apresentou uma expansão
de 118% nas vendas externas no mesmo período
considerado.
Em sentido contrário, praticamente todos os mu-
nicípios da RMS apresentaram retrações nas ven-
das para o exterior dos principais produtos de suas
economias. Excluindo-se Salvador, onde essas
vendas cresceram 33% entre 2006 e 2012, todos
os demais municípios metropolitanos que compõem
a amostra pesquisada apresentaram diminuição no
volume físico dos bens exportados para os mais
diferentes parceiros comerciais no decorrer do pe-
ríodo analisado.
Assim, é possível sistematizar a primeira conclu-
são desta investigação. O aumento da participação
dos municípios situados fora da RMS na pauta de
exportações do estado da Bahia não só esteve re-
lacionado aos diferenciais de preços relativos entre
os produtos exportados, mas também ao maior vo-
lume de bens finais que foram transacionados com o
exterior. Com base nessa conclusão, foi igualmente
importante verificar se esse aumento nas relações
internacionais também proporcionou outros efeitos
diretos, traduzidos em ganho de participação no PIB
estadual (a partir do qual se pode defender o argu-
mento de uma desconcentração espacial na eco-
nomia baiana), elevação do ritmo de crescimento
econômico dos municípios exportadores quando
comparado aos demais municípios do estado e, fi-
nalmente, se existiram reflexos positivos para o mer-
cado de trabalho formal dos municípios em análise.
Para verificar a associação entre a expansão
das exportações dos principais municípios expor-
tadores do estado e um processo de desconcen-
tração econômica, ainda que desconcentração
concentrada
3
, tornou-se necessário desagregar as
informações do PIB municipal por setor de ativida-
de: agropecuária, indústria e serviços.
Para fazer a correlação entre o ganho de partici-
pação no PIB estadual dos municípios exportadores
e o incremento das exportações, convém lembrar
que os principais produtos de exportação municipal
estão relacionados com as cadeias agroindustriais
(vide Tabela 4). Assim, o importante para esta análi-
se é verificar se os municípios exportadores fora da
RMS aumentaram a sua participação nos setores da
agricultura e da indústria estaduais, uma vez que os
ganhos de participação que por ventura aconteçam
nos segmentos de serviços não podem ser, direta
nem indiretamente, associados ao setor exportador
4
.
Como demonstra o Gráfico 1, entre 2000 e 2010
os maiores municípios exportadores situados fora
da RMS aumentaram sua participação no PIB es-
tadual em 4,26 pontos percentuais, comprovando
a hipótese inicial de que ocorre na Bahia uma des-
concentração econômica em torno dos municípios
que têm maior volume de relações internacionais. E
é justamente no setor industrial, onde mais investi-
mentos foram realizados ao longo dos últimos anos
na busca de uma interiorização econômica, que
ocorre o maior ganho de participação – elevação
de 5,9 pontos percentuais.
Para reforçar ainda mais que esse ganho de parti-
cipação no PIB estadual estava relacionado ao maior
dinamismo dos setores exportadores e comprovar
3
Ver Rodwin (1967).
4
As estatísticas do MDIC para o comércio exterior das diferentes uni-
dades da Federação não fazem qualquer alusão à exportação de
serviços. Dessa forma, mesmo que a Bahia fosse exportadora de ser-
viços, essas informações não seriam captadas pelas fontes de dados
estatísticos que servem de base para este trabalho.