Página 83 - A&D_v23_n2_2011

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Diógenes Marcelino Barbosa Santos
Bahia anál. dados, Salvador, v. 23, n. 2, p.349-367, abr./jun. 2013
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entre 1,36-1,79 g.L
-1
. A partir do segundo semes-
tre de 2011 até janeiro de 2013, observa-se uma
tendência crescente nos valores de CE e de SDT
e, consequentemente, um agravamento das condi-
ções da qualidade da água para fins de irrigação.
A CE ultrapassa o valor de 3,0 dS.m
-1
em janeiro
de 2012 até atingir um valor de, aproximadamente,
CE=5,0 dS.m
-1
em janeiro de 2013. Neste mesmo
período, os SDT passam de 1,79 g.L
-1
para 3,16
g.L
-1
(Figura 1).
Os dados obtidos mostram que, em relação ao
ano de 1996, a condutividade elétrica aumentou de
valor cinco vezes, de aproximadamente 1,0 dS.m
-1
para 5,0 dS.m
-1
, e os teores de sais dissolvidos to-
tais, de 0,77 g.L
-1
para 3,16 g.L
-1
, portanto, um au-
mento de quatro vezes. Considerando-se o período
entre 2011 e o início de 2013, a CE aumentou duas
vezes e meia, e os SDT, duas vezes.
Salienta-se que o valor da CE acima de 0,75
dS.m
-1
, de acordo com Ayers e Westcot (1991),
apresenta grau de problema crescente quanto à
salinização do solo, e o valor da CE maior que 3,0
dS.m
-1
indica grau de problema considerado severo.
Segundo Cordeiro (2001), águas com concen-
tração salina entre 0,500 e 1,5 g.L
-1
têm sido usadas
na irrigação de plantas sensíveis a sais em solos
de boa drenagem interna ou providos de sistema
de drenagem. As águas que contêm de 1,5 a 2,0
g.L
-1
podem ser usadas na irrigação de culturas mo-
deradamente tolerantes se for adotada uma maior
frequência de irrigação combinada com uma lâmina
de sobreirrigação. Entretanto, águas que contêm de
3,0 a 3,5 g.L
-1
só poderão produzir rendimentos com
culturas altamente tolerantes a sais.
No período estudado, o pH da água manteve-se
na faixa entre 6,0 e 8,0, não havendo restrições im-
portantes para o crescimento vegetal. O valor de RAS
manteve-se na faixa entre 2 e 4 a partir de 2011 até
janeiro de 2013 (Gráfico 3). Entretanto, em condição
de água de elevada salinidade, os limites divisórios
de RAS se aproximaram de 4, em vez de RAS=10,
como indicador de risco de alcalinização do solo,
conforme sugerido por Aalison, citado por Cordeiro
(2001). Ou seja, para valores maiores de salinidade
(CE) necessita-se de menores valores de RAS para
aumentar o perigo de alcalinização do solo.
Quanto à distribuição de cátions na água,
constata-se que a água é rica em sódio e magné-
sio, em teores e proporções semelhantes, e po-
bre em potássio (Gráfico 4). O cálcio figura numa
concentração intermediária. Essa condição pode
resultar em solo sódico porque o sódio desloca
o cálcio e o magnésio adsorvidos causando dis-
persão dos coloides, além de reduzir a taxa de
infiltração da água no solo. Resultado semelhante
foi obtido por Fontes (2008).
Para efeito de comparação de resultados, o au-
tor organizou os dados amostrais de Fontes (2008)
segundo a metodologia de avaliação de águas para
irrigação (Tabela 4).
Gráfico 3
Evolução dos valores de pH e RAS da água ofertada pelo Distrito de Irrigação do Jacuípe, oriunda do Lago
de São José do Jacuípe
Fonte: Elaboração própria.