Página 57 - A&D_v23_n2_2011

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Ana Paula Garcia, Karla Patrícia Oliveira Esquerre, MarizaMello, Asher Kiperstok
Bahia anál. dados, Salvador, v. 23, n. 2, p.317-333, abr./jun. 2013
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Subúrbio Ferroviário –, apesar de suas particula-
ridades, apresentam características similares para
as variáveis analisadas.
Com as informações levantadas foi possível
definir um perfil típico para as residências ava-
liadas: imóvel composto por cinco cômodos, dos
quais dois são dormitórios. Há nos domicílios, em
média, cinco pontos de consumo de água. São
eles: chuveiro, bacia sanitária, lavatório, pia da
cozinha e torneira externa (associada à lavagem
de roupas e a outros usos externos).
Nestas residem, em média, três pessoas. A ren-
da familiar mensal é proxima de dois salários míni-
mos. Já a renda
per capita
mensal corresponde a
0,7 salário minímo.
O consumo mensal médio de água para as re-
sidências foi de 11,2 m³, enquanto o valor mediano
correspondeu a 10 m³. Já o consumo
per capita
médio foi de 121,5 litros diários e 140,1 litros diá-
rios para as habitações da Chapada e Plataforma,
respectivamente.
Foi identificada associação significativa entre
o consumo residencial de água e aspectos como:
número de moradores, número de dormitórios, nú-
mero de banheiros e pontos de consumo de água
no domicílio.
Não foi encontrada associação significativa entre
renda e consumo de água nos domicílios avaliados.
Acredita-se que essas diferenças resultam da pe-
quena variação de renda para a população avaliada.
Quando questionados, cerca de 90% dos en-
trevistados afirmaram utilizar a água de forma ra-
cional, porém a maioria respondeu que não acre-
ditava que as outras pessoas, em geral, usavam
racionalmente a água. Como aspectos motivadores
do uso racional da água destacaram-se questões
financeiras, preocupação com a escassez de água
e o hábito de economizar água.
Entre os moradores que afirmaram conhecer o
consumo de água do seu domicílio e utilizar água
de forma racional, alguns destacaram a questão
financeira como fator motivador do uso racional,
ou seja, a economia na conta de água paga à
concessionária. Quando analisadas as respostas
dos moradores que declararam usar água de forma
racional, mas desconheciam o consumo de água
da sua casa, o fator motivador mais frequente foi o
receio da escassez de água.
Os resultados apontam que aspectos financei-
ros devem ser observados durante a proposição de
ações para o uso racional da água voltadas para a
população de baixa renda.
Identificou-se que a cobrança de valor fixo para
consumo inferior a 10 m³ representa um entrave à
implantação de ações para uso racional da água
para esta população. Uma vez que mais da metade
dos domicílios avaliados apresenta consumo men-
sal até 10 m³, faixa na qual é cobrada uma taxa
fixa, equivalente a um consumo de 10 m³. Esta co-
brança representa um desestímulo, pois ainda que
haja uma redução no volume consumido, esta não
refletirá no valor pago.
Deve-se ter cuidado ao extrapolar e generalizar
os resultados de pesquisas realizadas em áreas
específicas. Porém, acredita-se que o conjunto de
informações levantadas constitua elemento impor-
tante para a ampliação da pesquisa na busca de
proposições e adoção de alternativas cada vez
mais eficazes para o uso racional e a gestão da de-
manda da água para esta população, estimulando,
inclusive, outros estudos com este propósito.
A partir da experiência acumulada com estes
estudos, outros projetos vêm sendo desenvolvidos
no mesmo grupo de pesquisa. Os resultados alcan-
çados em breve serão divulgados, permitindo con-
frontar as características levantadas.
Recomenda-se que estudos semelhantes sejam
realizados em outras áreas de baixa renda, verifican-
do se as características encontradas se confirmam.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, G.
Metodologia para caracterização de efluentes
domésticos para fins de reuso
: estudo em Feira de Santana,
2007, 180 f. Dissertação (Mestrado Profissional em
Gerenciamento e Tecnologia Ambiental no Processo Produtivo)