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Consumo de água em residências de baixa renda: análise dos fatores intervenientes
sob a ótica da gestão da demanda
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Bahia anál. dados, Salvador, v. 23, n. 2, p.317-333, abr./jun. 2013
interrupção do abastecimento, afirmando que estes
eventos ocorrem, em média, uma vez por semana
(69% dos entrevistados) a duas ou três vezes por
semana (19% dos entrevistados). Nas duas regiões
verificou-se que é comum a adoção de reservatórios
domiciliares, sendo mais comuns aqueles com capa-
cidade de armazenamento de 500 e mil litros.
Segundo relato de muitos moradores, as liga-
ções clandestinas de água nas regiões estudadas
são bastante comuns. Na Chapada do Rio Verme-
lho, cerca de 8% dos entrevistados declararam que
em seu domicílio havia algum tipo de ligação não
autorizada de água. Já em outras residências, ape-
sar de os moradores não admitirem, era nítida a
existência desse tipo de ligação, identificada pela
ausência de conta e medidor, embora o domicílio
fosse abastecido pela rede pública.
CONSUMO DE ÁGUA NAS HABITAÇÕES
AVALIADAS
Avaliando-se as residências segundo faixas de
consumo de água, Tabela 5, pode-se verificar que
mais de 50% dos domicílios encontram-se na faixa
em que é cobrada a tarifa mínima, ou seja, até 10
m³/mês. Assim, o consumo mensal médio de água
(Tabela 3) para as residências avaliadas, nas duas
áreas de estudo, foi de 11,2 m³, com mediana de
10 m³/mês.
Quando avaliado o consumo
per capita
, os va-
lores identificados na Chapada do Rio Vermelho e
em Plataforma correspondem a 121, e 140,5 litros
diários por pessoa.
As médias de consumo
per capita
identificadas
são superiores àquelas identificadas por Moraes
(1995), Cohim, Garcia e Kiperstok (2008), Dantas e
outros (2006), Ywashima et. al. (2006) e Dias, Mar-
tinez e Libanio ( 2010), também referentes a áreas
de baixa renda.
Segundo informações do SNIS (2012), o consu-
mo de água médio
per capita
na Bahia foi de 120,3
l/hab.dia. Já o consumo médio per capita em Salva-
dor, segundo a mesma fonte, foi de 153 l/hab..dia,
superior as médias encontradas.
Com base na avaliação da distribuição de fre-
quências, segundo faixas de consumo
per capita
para os domicílios avaliados, verifica-se uma con-
centração de dados à esquerda da curva. Utilizan-
do-se o teste de normalidade de Anderson-Darling
2
(p-valor
3
estimado < 0,005) pode-se afirmar que
esta variável não apresenta distribuição normal,
de modo que inferências sobre o valor da média
2
Teste de normalidade: usado para determinar se um conjunto de da-
dos de uma dada variável aleatória é bem modelado por uma distri-
buição normal ou não, ou para calcular se a probabilidade da variável
aleatória subjacente está normalmente distribuída.
3
O valor-
p
ou  
p
-value é uma estatística utilizada para sintetizar o re-
sultado de um teste de hipóteses. Formalmente, o valor-
p
 é definido
como a probabilidade de se obter uma estatística de teste igual ou
mais extrema quanto aquela observada em uma amostra, assumindo
verdadeira a hipótese nula.
Tabela 4
Distribuição das famílias segundo grau de escolaridade da pessoa de referência e adultos
Grau de escolaridade
Percentual
Chapada
Plataforma
Pessoa de
referência
Adultos*
Pessoa de
referência
Adultos*
Nunca frequentou
3
3
1
2
Fundamental incompleto
37
31
25
23
Fundamental completo
20
20
13
19
Ensino médio
35
40
47
42
Superior
2
3
7
6
Ns/Nr
3
3
7
8
Total geral
100
100
100
100
*Morador com idade superior a 18 anos, incluindo o chefe da família.
Fonte: Dados da pesquisa. Elaboração própria, 2013.