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Avaliação da ocorrência de secas na Bahia utilizando o Índice de Precipitação Padronizada (SPI)
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Bahia anál. dados, Salvador, v. 23, n. 2, p.461-473, abr./jun. 2013
48 meses para as estações das regiões oeste, São
Francisco, sudoeste, sul (Latitude 14º) e Minas Ge-
rais (Latitude 16º). Genz e Tanajura (2012), através
da análise espectral, identificaram ciclos de 11 anos
bem marcados em estações localizadas na parte
sul do estado, destacando boa correlação com índi-
ces de temperatura da superfície do mar do Pacífico
e do Atlântico Tropical.
CONCLUSÃO
O SPI foi utilizado para avaliar os eventos de
seca ocorridos no estado da Bahia. Para isto, fo-
ram selecionadas 11 estações pluviométricas nas
diferentes regiões climáticas, sendo duas locali-
zadas no estado de Minas Gerais por abrangerem
bacias hidrográficas da área do sul do estado da
Bahia. As séries de SPI foram geradas para as
escalas de 12, 24, 36 e 48 meses.
Os principais eventos de seca foram observa-
dos nas décadas de 1950, 1960 e 1990, sendo que
espacialmente a mais abrangente foi aquela em tor-
no de 1953 e em maior intensidade a seca em torno
de 1963 e 1998.
Em relação ao período mais recente, 2010 a
2012, foram observados valores negativos do SPI,
ou seja, eventos de seca nas estações localizadas
nas regiões norte e sul (Itajuípe e Conceição da
Barra) e na Chapada Diamantina. Ressalta-se que
o aumento de intensidade de seca nesta última
região vem sendo acompanhada pelo aumento da
demanda, o que poderá culminar em risco de seca
hidrológica e socioeconômica. Vale lembrar que
a região da Chapada Diamantina aporta a maior
parte das águas do Rio Paraguaçu, as quais abas-
tecem um percentual significativo da população do
estado da Bahia, inclusive a Região Metropolitana
de Salvador (RMS).
É importante destacar que existe uma grande
variabilidade espacial na ocorrência da precipitação
na Bahia e que as estações selecionadas para re-
presentar as regiões climáticas podem não sinalizar
situações de seca em todos os municípios abrangi-
dos por cada região.
A avaliação e a análise de séries históricas lon-
gas são de extrema importância para a engenharia
e o gerenciamento de recursos hídricos, pois séries
curtas podem não abranger os períodos críticos de
estiagem ou de cheia, induzindo a subestimativa da
disponibilidade hídrica e de parâmetros de projeto.
Por fim, vale relembrar que o método do SPI
tem sido usado não só para avaliar as condições
passadas, mas principalmente para monitorar o de-
senvolvimento de eventos críticos, assim como para
fazer prognósticos utilizando dados de previsão cli-
mática, o que o torna uma ferramenta importante
para a política, o planejamento e o gerenciamento
dos recursos hídricos.
O clima no estado da Bahia está sujeito a vá-
rios sistemas meteorológicos, sendo reconhecido
como complexo e como um desafio para a previsão
meteorológica. A indicação de haver certa recor-
rência, em ciclos, nos eventos de seca/chuvosos,
associada à possibilidade de correlação com índi-
ces climáticos de meso e macro escalas, deve ser
um estímulo ao desenvolvimento de pesquisas para
apoio da previsão sazonal e anual.
REFERÊNCIAS
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do estado da Bahia para previsão de tempo e clima: relatório.
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Avaliação e adaptação do Índice de Severidade
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Anais
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BRUNINI, O. et al. O uso do SPI para avaliação dos
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Anais
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