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Geane Silva de Almeida, Iara Brandão de Oliveira
Bahia anál. dados, Salvador, v. 23, n. 2, p.369-382, abr./jun. 2013
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desengraxante. As descargas indiscriminadas de
detergentes nas águas naturais provocam danos de
ordem estética, pela formação de espumas. Além
de acelerar a eutrofização, pois a maioria dos deter-
gentes comerciais empregados possui Fósforo em
suas formulações. Os detergentes também exer-
cem efeito tóxico sobre o zooplâncton, predador
natural das algas (COMPANHIA DE TECNOLOGIA
DE SANEAMENTO AMBIENTAL, 2009).
A Tabela 3 apresenta os resultados do IQA-
-CCME calculados neste trabalho, e os resultados
do IQA-Cetesb calculados pelo Programa Monitora.
Com base no Quadro 1, com as escalas de nota e
semafórica de ambos os índices, IQA-CCME e IQA-
-Cetesb, observa-se que os resultados estão com-
patíveis entre si.
Conforme as figuras 1-4 e 6, os resultados ob-
tidos para a qualidade da água nos quatro pontos
do Rio Joanes – RCN-JOA-050/200/400 e 900 –
apresentaram compatibilidade entre as escalas
dos índices IQA-CCME e IQA-Cetesb, sendo que
a escala do IQA-CCME, por ser mais restritiva
do que a escala do IQA-Cetesb, indicou menor
qualidade para as águas, como apresentado no
Quadro 2.
Entretanto, para o ponto RCN-JOA-600, não foi
identificada a mesma compatibilidade encontrada
nos pontos anteriores, em virtude do número redu-
zido de parâmetros (sete) nas quatro campanhas
utilizadas para o cálculo do IQA-CCME, além de
que vários resultados não conformes não estiveram
incluídos nos sete parâmetros utilizados no cálculo.
Assim, o resultado do IQA-CCME é de qualidade
superior ao do IQA-Cetesb.
CONCLUSÕES
O cálculo do IQA-CCME aplicado aos dados
de monitoramento das águas do Rio Joanes em 11
campanhas e em cinco pontos de monitoramento
distribuídos da nascente até a foz, indicaram, em
geral, uma qualidade mediana para estas águas. De
acordo com a definição do CCME, uma água me-
diana é definida como normalmente protegida, oca-
sionalmente ameaçada ou danificada, afastando-
-se às vezes dos níveis naturais ou desejáveis. No
ponto RCN-JOA-900, próximo à foz, verificou-se a
pior qualidade, indicada tanto com o cálculo do IQA-
-CCME (ruim = 23), quanto com o cálculo do IQA-
-Cetesb, que variou de regular (42) a imprópria (20).
A qualidade da água indicada pelos índices
IQA-CCME e IQA-Cetesb em quatro pontos do Rio
Joanes – RCN-JOA-050, RCN-JOA-200, RCN-
-JOA-400 e RCN-JOA-900 – apresentou compati-
bilidade. Entretanto, como a escala do IQA-CCME
é mais restritiva do que a escala do IQA-Cetesb, em
geral, indica menor qualidade para as águas.
No ponto RCN-JOA-600, a qualidade avaliada
pelo IQA-CCME foi superior à qualidade avalia-
da pelo IQA-Cetesb, provavelmente em virtude
do número reduzido de parâmetros (7) medidos
em, pelo menos, quatro campanhas que foram
utilizadas para o cálculo do IQA-CCME. Além dis-
so, considerando-se os parâmetros selecionados,
esse foi o ponto de monitoramento que apresentou
menor quantidade de resultados não conformes.
Na avaliação da qualidade das águas do Rio Jo-
anes, os parâmetros fora dos limites de qualidade
são, em geral, indicativos de poluição por esgoto
sanitário. Entretanto, a presença dos fenóis nos
três primeiros pontos de amostragem, no sentido da
nascente até a foz, é, provavelmente, um indicador
de contaminação por efluentes industriais.
Na comparação da aplicabilidade dos dois ín-
dices, IQA-CCME e IQA-Cetesb, verifica-se que o
primeiro tem a vantagem de ser flexível (não limita
a quantidade máxima nem o tipo de parâmetro es-
colhido). Entretanto, por ser um índice estatístico,
exige a realização de um mínimo de quatro campa-
nhas e a avaliação de um mínimo de quatro parâ-
metros, deixando de ser calculável para uma única
campanha. Nessa situação, o IQA-Cetesb, apesar
de inflexível (exige nove parâmetros predefinidos),
por ser um índice de cálculo analítico, passa a ser
útil no processo de monitoramento.